terça-feira, 30 de junho de 2009

Hoje.


(Castelo de Porto de Mós, 2005)



Dia decisivo, em que se fechou uma porta em prol de outra.Mas a chave com que se fechou, tem coração...e abrirá ainda muitas portas,pela vida fora.
Isto de correr atrás de um sonho tem as suas implicações e escolhas.
Dia em que recebi uma confirmação...mas que não me vai fazer desistir.Pelo contrário.Fiz o caminho que fiz,entreguei-me como me entreguei, congelei a minha vida...e agora é esperar.
Se antes queria, agora quero a dobrar.Se antes lutava, agora luto ainda com mais força.E nem eu conheço a força que tenho.Mas tenho.
Eu nunca hei-de baixar os braços, pelos meus sonhos, por aquilo que em que acredito e pelos que amo.E para isso há coisas que ficam pelo caminho.
Mas como dizia alguém, a vida não são só rosas, ainda que eu teime em vê-la sempre, cor de rosa.Afinal, eu não escolhi dias cinzentos...ninguém os escolhe.Mas quando vêm, temos que os pintar das mais vivas cores e contrariar a escuridão.Desta vez tocam-me a mim, esses dias e eu olho o céu, anciosamente, esperando o sol.
E se não for por aqui, será por ali.Mas será.
Caminhos não faltam, quando a vontade é maior.
E eu sempre ouvi dizer, Deus fecha uma porta,mas abre sempre uma janela...

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Madrugada que me acordou.








É madrugada, eu acordei, depois de ter adormecido a ver um filme, que me tocou.

Não quis voltar para a cama, mas sim escrever.Aproveitei ter ainda o computador ligado, pois, é por estas horas que as palavras melhor se encaixam e fazem sentido.Há uma frescura nestes momentos que não sei explicar.

O fim de semana, teve de tudo.Tempo com o meu pai...e um olhar sobre a forma como vai perdendo capacidades e por isso, uma dor mais funda no meu peito.

Uma seca de café concerto, mas que foi abrilhantado pela presença dos amigos...e pelo que sempre nos faz sorrir, não importanto o local.Obrigado Lu,Shed e Quintão...pela vossa presença.

Um sábado cheio de coisas diferentes,onde me permiti ter tempo para mim...fui dançar e deixar que o inesperado tomasse conta do momento.Há muito tempo que não o fazia.E que bom foi partilhá-lo com o Luís.

Uma tarde de voluntariado, em que tento que estejamos todos a remar para o mesmo lado...para sermos mais fortes.O céu cinzento não ajudou...e deixou-nos a todos mais down.E isso sentia-se em nós e nos doentes sobretudo.Mas nada que as cordas de uma viola não acordem...não mexam.Nada que um abraço ou expressão do Deodato não resolva e anime, quando me diz:"oh Ita, miiiiga...!"

Hoje, um doente disse-me olhos nos olhos, que á noite quando se deita, lembra-se sempre de mim e do meu Pai e que vai continuar a fazê-lo,porque gosta muito de mim e quer que eu seja feliz a sorrir.

Eu fiquei mesmo a sorrir olhando para ele, agradeci com um abraço mudo, mas sentido.Ele deu-me a força que alguns amigos não dão, da forma mais simples que pode existir.

No Telhal as relações humanas, estreitam-se, os projectos existem e têm pernas para andar e isso dá-me fôlego.

Ao chegar a casa, tarde, sinto-a vazia.E reclamo a presença do meu pai.

Sinto que já não sei o que é estar em família, há tanto tempo.Estarmos juntos á mesa por exemplo.Os horários andam desfasados, passamos todo o tempo livre que temos no hospital em "turnos" diferentes e há um desgaste visível.E assim, inevitavelmente, fui ver um filme para a cama dos meus pais, agarrada á almofada do meu pai, que cheira bem e me faz senti-lo mais perto.Por algumas vezes senti as lágrimas quentes a rolarem pela face e a serem absorvidas pelo tecido...e deixei-me por ali ficar e adormecer.

Depois acordei, e foi quando o coração me pediu para escrever.E aqui estou eu, pronta a entrar num novo ciclo, que não sei bem como vai ser, por estar neste momento congelado,embora o gelo seja transparente e lá dentro de possa ler a palavra, SIM.Todos o podem ler em mim, até senti-lo, mas não o posso concretizar,ainda.

E quanto a isto, nada posso fazer, senão esperar,confiar e cumprir a minha missão neste momento.

Amar o meu pai, até ao fim.

E depois sim, Amar o Mundo e quem vier, até ao fim, de braços abertos e sorriso no rosto, por igual.






Boa semana.

sábado, 27 de junho de 2009

Telhal, Bons Momentos


(Domingo Passado)



Infelizmente, as fotos com os doentes, as mais bonitas não posso partilhar aqui.Expor o seu rosto é uma regra essencial de preservar a sua identidade e de os respeitar.


Ficam então os bons momentos de alegria entre os voluntários.


Numa ida ao café, debaixo de um calor abrasador, valeu-nos a água fresca, a 50 cênt, as minis a 70 cênt, e os cafés a para não adormecer, a 50 cênt e ainda a música do Jorge.Viver no campo é que é bom!


Sim, ás vezes precisamos de intervalos para desanuviar...














A alma Musical...










Um pôr do sol, fabuloso que eu pude tocar...












O Luís...











Jantar, retemperar forças e descompensar também!








O Jorge a cantar ainda mais animado, com um VINZINHO, para beber...










Eu, com o chapéu do Jorge e os óculos do Luís...já não estava muito boa, depois de um dia em cheio, precisamos brincar um pouco...rir.










O Telhal como uma casa...onde sempre nos vamos sentir assim, bem.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Comunicado







(Casa do Alentejo,2008)




Caros Amigos e seguidores deste blogue...


Venho por este meio informar, que estou sem Portátil.É verdade, uma excelente compra que eu fiz...que depois de 3 meses nas minhas mãos, não funciona.É de qualidade.

Ele até liga, mas não aparece nada no ecran.Nada.

Pois o sortudo, vai viajar até Espanha, ficar 15 dias ou mais longe de mim,numas férias merecidas na sede da HP...(snif,snif) e depois voltar para as minhas mãos, são e salvo.Espero.

Até lá, escrevo-vos de uma torradeira, que me enfeita a secretária e mal me deixa espaço para nada, um Pentium II, velho e lento, irritante, que leva 10 minutos a iniciar.Não é normal.

Mas melhor que nada.Impressionante como somos todos dependentes das tecnologias.Até me vai fazer bem assim uns tempos.Não virei tanto á net e nem vou escrever com a mesma frequência, porque isto é velho e não dá vontade.E assim até vou pegar naquele livro que não acabei e quem sabe voltar a escrever á mão, num bloco, por aí?

E para mim, escrever é tão importante, como matar a sede.Exercício de lucidez e massagem na alma.

Ainda assim darei noticias, ainda que sejam mais curtas.

No fim deste mês, ficarei mais livre fechando outra página,outra etapa...e em Julho, se tudo correr bem, estarei a viver em comunidade missionária, em Monforte, Portalegre, preparando-me para o futuro.



Até breve!


quinta-feira, 25 de junho de 2009


São Rosas...





(Veneza 2007)





Acordar e pensar, "Hoje o meu Pai faz anos!"



Apetecer-me gritar bem alto, que ele faz anos e é um Pai fantástico, uma alma sensivel e boa...e que não merecia estar assim, no seu aniversário, como em dia nenhum.



Abeirei-me da florista, devo ter ficado uns 5 min, a olhar para todas as flores...numa outra dimensão.Reparava nas cores, nas formas, no que me transmitiam ao passo que, o cheiro tomou conta dos meus sentidos."Se faz favor?Posso ajudar?"...acordei.



Acabei por escolher, rosas brancas,para levar paz, num arranjo simples, envolto em papel vermelho...estava bonito e alegre, para dar cor aquele quarto.



Depois de caminho, segui para a pastelaria, onde enchi uma caixa de miniaturas,para lhe adoçar a boca, apesar da minha mãe ter feito um bolo para levar.



E por fim passei no fotógrafo, para ampliar uma foto nossa, onde apenas dizia: PARABÉNS PAI, AMO-TE MUITO!"



E apenas isto, consegui dizer e consigo.Não haviam mais palavras em mim, para o dia de hoje, que passou.



O fotógrafo, perguntou, quem era o senhor, se era meu Pai, ao que disse que sim.No fim, depois de me entregar a impressão, despediu-se com um "Espero que tenham um bom resto de dia e que ele tenha muitos anos de vida, para aproveitar a filha que tem..."Não sei se foi um piropo, ou não,ele nem me conhece,mas fiquei fixada apenas nos "muitos anos de vida..."pensava como nestas alturas as palavras deviam ter poder e transformar os nossos desejos em realidade.



Era isso que pedia, muitos anos de vida, para o meu pai.



Depois fui para o Hospital, com o meu melhor sorriso, cá dentro.



Cheguei e os olhos do meu pai, fixaram-se nas flores.Abracei-o e cantei os parabéns baixinho enquanto o abraçava.Adorou aquele pedacinho de cor...que coloquei em água na janela.Depois arrumei os bolinhos na gaveta e por fim ele abriu o Postal.Sorriu e deu-me um beijinho emocionado.Aquele sorriso vale tanto.



Passámos a tarde a conversar.Era ali que queria estar, nenhum outro local do mundo seria melhor que aquele.Ainda que seja num hospital e com o quadro clínico que temos.



É ali que está aquela pessoa linda, que me deu a vida...e fez com que eu me tornasse na Rita,que hoje sou.



Recebeu as visitas de todos os dias, e algumas extra...o fim do dia chegou depressa e voltei a casa meio dormente.Numa espécie de bolha, só minha, onde os sons, as cores, tudo é mais distante do mundo, lá fora.



Pela noite, saí para tomar café...e espairecer, mesmo que não fosse o meu ambiente, os meus amigos.Ás vezes, estar com quem não se conhece é o que precisamos, ouvir outra música, sentir outro pulsar e pensar que de facto o há dias em que o mundo será sempre pequeno, para cada um de nós.



25 Junho 2009



E hoje, a única coisa que consigo dizer...




PARABÉNS PAI!
Amo-te tanto!

terça-feira, 23 de junho de 2009


You have my bless










Em jeito de resumo.

Depois de um fim de semana agitado, por diversas razões, mas que acabou da forma mais especial que podia haver, a semana começa em força.

O Domingo, teve uma tarde de voluntariado especial, única, esplendorosa.E quando digo isto, falo pelo que vejo que os doentes sentem e eu sinto, e nós sentimos, numa sintonia tão cúmplice, que nos faz sentir vivos e com um carinho por cada um deles muito em especial.A força que eles me dão é essencial e já não saberia viver sem passar as tardes de Domingo ali.E a alegria que eles sentem por poderem contar connosco é imensa da mesma forma.Há sempre uma surpresa, uma lição.Cada vez sinto mais que o meu futuro passa por ali.É um imenso campo, á espera de ser trabalhado e semeado.E a terra muito fértil.

Os dias correm ao sabor da esperança, aquela que não morre, mas subsiste conformada, no que toca ao meu pai.

Passou ontem para enfermaria, e hoje já o pude aliviar nos pequenos cuidados que diariamente me habituei a fazer.Hoje teve muitas visitas e estava muito bem disposto.Está num piso diferente, com caras diferentes, tudo novo, (daqui a uns tempos, desconfio que vou conhecer todos os cantos ao hospital...).

Na quinta feira celebra 62 anos.E eu ainda não sei como vai ser e o que fazer, mas há-de surgir-me algo criativo, ainda que seja simples.Umas flores coloridas, para animar o quarto, um bolo pequenino mas personalizado, e muitos sorrisos e amor por perto.

Hoje quando saí do hospital, fui jantar fora com os meus tios e estivemos largas horas á conversa, sobre questões importantes, relativas ao futuro.E ambos concordamos que dar tudo pelos que amamos até ao fim, é indiscutivelmente necessário e uma forma de amor, que nunca devia ser negada, nem devia faltar á pessoa em questão, ainda para mais se o grau de parentesco for o de filha.

Eu, faria o que estou a fazer pelo meu pai, a qualquer pessoa que precisasse de mim, porque cedo me habituei a estender a mão, onde é preciso, quanto mais fazê-lo pelo meu pai.É claro que sim, como toda a dedicação.

O estender de mão que vem do alto de uma secretária, de um estatuto ou via telefone, pouco faz, ou vai mudar.E para gestos concretos, estamos nós a família.Não podemos contar com boas intenções, mas com gestos que mudam e ajudam a minimizar este sofrimento, físico e emocional do meu Pai.E do qual partilhamos.

Falar do futuro, implica imaginá-lo sem o meu pai e isso é algo que eu não quero fazer ainda, porque terei tempo para o sentir.

Não nego que penso nisso e apenas de o pensar os meus olhos se enchem de água que retorna ao local de onde veio, sem cair.Isso porque sei, que vai mudar muita coisa.Será uma página que se vira.E não é todos os dias que viramos páginas na nossa vida.

Mas enquanto há vida, faz-se pela vida,depois não adianta.Depois será sempre tarde...e aquele sentimento que podíamos ter feito mais, não tomará conta de mim, porque faço tudo o que está ao meu alcance.Iria ao fim do mundo por ele, mas ir ao fim do mundo não seria suficiente para o curar.

Por agora, quero aproveitar cada segundo e enchê-lo de sentimentos positivos.

Esse é o meu esforço e missão diários, que partem de pequenos gestos.

Gestos que falam de Amor.

Amar-te, até ao fim.



segunda-feira, 22 de junho de 2009

Se uma gaivota viesse, voar no céu de Lisboa...

Que perfeito coração...no meu peito bateria.

A não perder...










Amanhã, terça, a RTP1 transmitirá uma reportagem
sobre o Centro
de Recuperação de Menores de Assumar,
após o Telejornal,
no
programa 30 minutos.
Este Centro, foi onde fiz o ano passado em Setembro, um campo missionário e é também o local onde vou viver um mês de missão em comunidade no mês de Julho, como preparação para a missão.
É uma casa que nos acolhe...e com crianças e jovens fabulosos, uma equipa que trabalha com eles, dedicada.
Deixam saudades sempre.Mas o regresso está para breve.
Não percam a reportagem.

Parabéns Duarte!







(Durham, Novembro de 2007)




Porque és das pessoas mais maravilhosas que conheço.Porque foi ao teu lado que vivi dos melhores momentos da minha vida.Porque contigo aprendi muito.
Porque nos atirámos por aí de cabeça e com o coração aberto, vezes sem conta.Confiando sempre.Acho que foi até uma das grandes aprendizagens que fiz, contigo, confiar.
Para ti estava sempre tudo bem, havia sempre de aparecer uma boleia ou um sitio onde dormir, nem que fosse montar a tenda num qualquer pinhal, perdido por aí.Porque tu vês o essencial, e apenas o essencial e para ti pouco importava não ter água e jantar sandes, desde que tivesses ao teu lado quem tu querias e o pôr do sol perfeito...desde que pudesses ver a lua e estrelas cadentes, pouco importava o lugar.E era assim que a paz tomava conta de nós, numa relação única com Deus e como o mundo.Era assim que nesta simplicidade, tudo se tornava perfeito e abençoado.
Havia lá coisa melhor do que andarmos descalços na relva, ou dançar os sons medievais...numa noite quente de verão ou ver um bom filme, num dia cinzento de inverno, enquanto a chuva caía forte lá fora.Nem aí deixámos nunca de viajar.Da tua sala para o mundo.
Todos os lugares onde estivemos, contam hoje essa história...e têm uma marca que nunca nada nem ninguém poderá apagar.Esses locais nunca mais serão os mesmos e é com um sorriso que ás vezes os piso e respiro esse som do ar, por nós deixado e diria mesmo, eternizado.
E é essa a nossa beleza, algo que em palavras tuas defines como, "mágico, singular, cósmico, interactivo, bom, transcendente, raro, nosso."
Esse é o tesouro que fica e perdura.É esse que hoje te agradeço e ao mesmo tempo te ofereço, no dia em que celebras o dom da tua vida.
Que ela seja sempre sinal de vida, naqueles com quem te cruzares e cujas vidas tocares.
Assim como tocaste a minha, e que desse toque, ainda eu sinto o efeito em cada gesto e palavra que faço, que digo.E será sempre assim.Porque há pessoas que nos marcam de tal forma, que nos correm no sangue...que estão até no sol, no mar, nas gaivotas, nas crianças, numa montanha, no nevoeiro, em Paris, na Escócia, em Amesterdão, em Bruxelas, numa rua do Luxemburgo em que rezamos, no Alentejo, nos Olhos de água e também nos da alma...
Por tudo isto e muito mais que não preciso dizer, porque tu sabes, Parabéns meu querido Duarte!


Um abraço em ti*



Tempo











Para tudo há um momento e um tempo para cada coisa que se deseja debaixo do céu:

tempo para nascer e tempo para morrer
tempo para plantar e tempo para arrancar o que se plantou,
tempo para matar e tempo para curar,
tempo para destruir e tempo para edificar,
tempo para chorar e tempo para rir,
tempo para se lamentar e tempo para dançar,
tempo para atirar pedras e tempo para as ajuntar
tempo para abraçar e tempo para evitar o abraço,
tempo para procurar e tempo para perder,
tempo para guardar e tempo para atirar fora,
tempo para rasgar e tempo para coser,
tempo para calar e tempo para falar,
tempo para amar e tempo para odiar,
tempo para guerra e tempo para paz
Portanto, tem paciência...



Da Bíblia Sagrada...

domingo, 21 de junho de 2009

Visita S.O











Acabei de chegar da visita do 12h, nos cuidados intensivos.

Entra 1 pessoa, durante 1h, que nos é roubada pelos 15 minutos que levam a organizar a visita e pelos outros 15r minutos que nos mandam sair mais cedo.Logo, são 30 minutos, que temos.

Em 30 minutos, falei com ele, dei-lhe uma sopa e fruta cozida, falei com a médica de banco.

Ele não está nada bem, a infecção voltou em força, a febre, a tensão muito alta...a barriga muito dura, parece prestes a explodir.Perguntei-lhe se a colega que deu alta ao meu Pai,na sexta feira, estava consciente daquilo que fez?Ela encolheu os ombros.Pois é, encolhe-se os ombros e ninguém se responsabiliza...andamos aqui todos aos tombos.Não pode ser!

Em 30 minutos, percebi que está novamente assustado.Não é para menos.

Qual de nós, no lugar dele, não sentiria medo?

Medo de morrer, de sofrer.Deve ser tão duro, perceber que o nosso corpo, aquele que nos permitiu viver durante anos, quer finalmente parar para sempre.

O que não pára nunca e se mantém além do tempo, é a memória que se deixa aqueles que se ama, herança eterna, cravada na nossa personalidade, jeito de ser e objectivos.

É isso que já sinto em mim, desde sempre e creio que vou sentir mais...



Mariza










A Mariza é uma artista e pessoa, maravilhosa e nem sei se saberei dizer tudo o que nos faz sentir, assim que pisa o palco.
A noite estava quente e o mar brando.A baía ia enchendo de pessoas lentamente...de poucas passamos a ser uma multidão ávida de escutar uma voz Portuguesa e da qual muito nos orgulhamos.
Para quem esperava vê-la surgir do palco, surgiu do mar, num barco branco destacado por holofotes que o seguiam até ao palco...foi mágico e inesperado.
Ela consegue cantar-nos...a todos.A Alma Portuguesa de forma extraordinária.
A noite ajudou-me a não pensar no dia de hoje...e assim "fugi" por instantes á realidade e que bem me fez.Ia sem grande vontade de estar ali, pensava no meu Pai, mas a Mariza conquistou-me de tal forma sem o saber.Ela, o mar, o céu estrelado, o calor, os amigos.Tudo isso me embalou.
Acabei por dançar, por cantar a plenos pulmões, as letras que sei de cor e marcaram tantos momentos da minha vida...acabei mais uma vez por sentir-me muito feliz por ser Portuguesa e ter esta identidade, tão nossa, saber o que significa Saudade...no verdadeiro sentido da palavra.
Entre a chuva, o Sr.Vinho, a Rosa Branca, o Barco Negro e a Feira de Castro, ainda houve tempo para cantar Florbela Espanca...e no fim, veio em jeito de agradecimento, Oh gente da minha terra...que nos fez sentir amados e queridos, por entre os muitos públicos que ela vai tendo pelo mundo.
Mariza não canta apenas com a voz, mas com o corpo, a alma e uma garra que lhe vem não sei de onde.Pára, suspira, fecha os olhos e prolonga os vocábulos.Tem charme e um glamour muito distinto.Na cara, olhos brilhantes e sinceros e sempre um sorriso esboçado.
O aroma do mar abraçava a multidão,o jogo de luzes era perfeito e ritmado de tal forma que despertou em mim, muitos sentimentos.Talvez estivesse mais sensível a isso, no dia de hoje.
Especial, foi a história que ela contou sobre como o fado entrou na sua vida, aos 4 anos...e a forma como falou e dedicou a música ao seu Pai.Doce.Sentida.Eterna.
Sei que depois de Amália, só mesmo Mariza.Mais ninguém.
Bom, agora vou dormir e deixar que as suas palavras ecoem bem dentro de mim...pelos dias fora.

sábado, 20 de junho de 2009

O que é bom acaba depressa...









Ontem pelas 17h, o meu pai chegou a casa.Foi bom recebê-lo, tê-lo aqui de novo.
Foi bom acordar novamente com a voz dele a chamar por mim.Sentir que dormiu horas seguidas sem acordar, estava a precisar.Dar-lhe o almoço á boca com jeitinho, perceber se precisava de algo, se queria mais uma almofada, se a TV estava muito alta.Foi bom vê-lo poder virar-se na cama, pois a cama do hospital era estreita...foi bom, sentir apenas a sua presença já ali ao lado...enfim.
Mas desde ontem, que o meu pai não urina.Bexiga e rins parecem mesmo querer parar.Depois de 13h sem urinar, decidimos levá-lo novamente para o hospital, de onde está a caminho novamente.
Porque é que tinha que durar tão pouco?Isto torna-se desgastante...
Será que fiz mal em insistir que viesse passar o aniversário?Mas se sabiam que era um risco porque não me disseram logo que não??
A minha intenção era que mudasse de ambiente e estivesse mais á vontade junto dos seus e das suas coisas.Embora isso não o fosse curar, ia ajudar a passar este mau bocado da sua vida.

Uma vida, que parece cada vez mais querer chegar ao fim.

Eu vou...









Acho que já todos sabem...que ela vai tocar em cascais.
Naquela baía fabulosa, lindíssima, inspiradora.
Se a noite estiver quente, perfeito.
Só falta mesmo que a companhia seja boa.
A avaliar pela entrada gratuita, vai estar a abarrotar de gente...e depois não me venham dizer ainda ao começo da noite que não gostam de confusão...e de multidão.
Organizemo-nos, porque quero que seja uma noite de Paz e muita música a entrar em mim.
E se há coisa que gosto é de um bom banho de multidão em festa.
Vemo-nos por lá.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Pai Aqui.













Pelo começo da tarde, comecei a espreitar a janela, de 10 em 10 minutos para ver se o meu Pai, chegava.Ansiosa como uma criança a quem prometeram algo...e ela o espera faz tempo.
Cheguei ao ponto de abrir a porta da rua, para perceber se o barulho na escada eram eles?


Mas como sempre as coisas que ansiamos muito,chegam quando menos esperamos.Lá tocaram á campainha, quando estava já a divagar, nas minhas pequenas magias diárias.

Esperei muito este momento e cheguei a pensar que já não seria possível devido ao seu estado.

Aproxima-se o seu aniversário, dia 25.Mas dia 26, terá que voltar ao hospital...para fazer análises e provavelmente ficar internado.

Há muita coisa nele, que não funciona, ou porque parou ou começa a dar sinais de querer parar.E no estado dele, estar em casa, sem cuidados médicos é muito complicado.

Mas enquanto há vida, há que lutar para esta seja o mais digna possível.

E dignidade não é apenas conforto e necessidades básicas é bem mais do que isso...é sobretudo estar bem psicologicamente e se estar em casa é melhor, pois que seja.
A médica falou numa unidade de cuidados continuados, mas prefiro que os cuidados venham a casa.E só se as coisas se complicarem muito, tomaremos essa opção.

São essas necessidades que eu tenho procurado olhar e colmatar.

Por agora, gozo a sua presença, aqui.Pertinho de mim.





Ponto de Luz.Novamente.


Sara Tavares - Ponto de Luz -






Respiro fundo...

quarta-feira, 17 de junho de 2009



Amerika en Kombi











Juntaram cerca de mil livros, arrumaram o material na parte de trás de uma carrinha Kombi de 1982, e partiram estrada fora à descoberta das aldeias perdidas da América Latina.

Chamam-se Martina Etcheverry e Juan Martín Mondini são argentinos, professores e viajantes. Com o projecto "Amerika en Kombi" decidiram levar às escolas mais remotas da América do Sul uma pequena biblioteca infantil ambulante e organizar, em cada paragem, pequenos ateliers com as crianças.


Martina e Juan partiram de Buenos Aires há alguns meses e durante os próximos dois anos propõem-se passar por mais de uma dezena de países.
Não negam que o fazem pelo prazer de viajar, mas também com o objectivo de "redescubrir a América Latina y unir realidades a través de la literatura y la lectura" (palavras de Juan Martín).

Se algum dia alguém quiser ir comigo em iniciativa semelhante, é favor acusar-se!
=)

Com um carocha servia bem!?




Esta bela aventura pode ser seguida em http://www.amerikaenkombi.com.ar/.

Home sweet home...









E é já depois de amanhã,sexta, que o meu pai vem passar uns dias a casa.

Preparo-me por dentro e preparo tudo á minha volta.

É uma espécie de ansiedade partilhada.Hoje senti-o muito ansioso, com receio.

Ao invés de estar feliz, por regressar, mudar de ambiente, sente-se inseguro.Sabe bem que o seu estado é delicado e ficar longe do hospital, significa neste momento,para ele,perder a segurança.

É compreensível.

Mas não escondo a vontade que me assola, de o voltar a ver entrar por esta porta dentro, ocupar o seu quarto, ligar a sua TV, pedir as coisas como ele gosta...sentir a sua presença já ali ao lado.

Ainda que não se possa levantar-se da cama, o simples estar aqui, é para mim uma segurança.

Hoje fi-lo prometer, que ao mais pequeno sinal, voltaria ao hospital...sem hesitar.

Confesso que já não esperava este regresso a casa e tive a feliz vontade de o tentar, talvez estivesse previsto para breve, mas o aniversário ajudou.

Talvez nada seja por acaso.

Teremos eu e a minha mãe que voltar a centrar as nossas forças e energias, para que se sinta o melhor possível.Isso vai trazer-nos algumas limitações, os horários, aqui por casa, vão mudar, as ementas também.

Mas agora nada disso importa.

A noite está quente e com este calor, não dá para ficar em casa, enquanto o pensamento voa...



Até logo!



Suavemente.













Sinto o Verão a entrar devagarinho, como quem não quer a coisa.


Hoje foi um dia quente e por dentro, quente também.


Um dia em que recordei muitas coisas e voltar a sentir o seu sabor foi deveras doce.


Trago deste dia muito boas notícias.Mesmo que sejam temporárias.


Quando cheguei á visita, o meu pai não tinha soro, nem antibiótico.Depois do beijo na testa e de um sorriso e das novidades, procurei a enfermeira e ela disse-me que eles estavam a fazer a experiência, para ver se sem o soro os rins funcionavam sozinhos.Vamos ver.Esperar.


Assim que vi a médica, algo me ocorreu, uma espécie de intuição, e em conversa disse, que dia 25 ele faria anos, e se ela achava que ele podia ir a casa por esses dias...porque psicologicamente faria bem a todos.Ele está cansado de ali estar.


Ao que ela me disse que sim.Fiquei surpreendida,pois ele não consegue andar, e continua fraco.Mas ela concordou e fará o possível.Só esperamos, que a infecção não regresse e que não lhe faça mal...


Mas para esse dia, teremos festa concerteza.Ainda vou pensar o que fazer aqui por casa, mas quero um dia de muita alegria e cor.Ele merece-o.


Sabemos bem, que terá que regressar, mais cedo ou mais tarde ao hospital, mas para já, um dia de cada vez, com as suas pequenas vitórias.


O dia, terminou com um passeio pela marginal e uma noite amena fantástica bem quente e um céu repleto de estrelas a dizer-me que sim, que o Amor transforma...e recupera.





E amor, nunca me faltará.


Um dia alguém mo deu e eu só o quero plantar...por aí!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Só porque sim...





A felicidade é fazer o que sinto, porque sem saber explicar, algo me diz que é por ali...


Juro que vejo a felicidade nos olhos. Tenho-me encantado com a maneira como olham para mim, e como eu consigo ver os outros.

E a única coisa que me passa pela cabeça é que quero ver (sentir) estes momentos a multiplicarem-se até ao infinito...

domingo, 14 de junho de 2009

Mau tempo.








Há alturas em que a paciência se vai.
Chego à conclusão que preciso fazer uma paragem.Também para conseguir responder a todas as solicitações e compromissos e desejos.

Talvez seja verdade que aceito coisas a mais, que me meto em tudo e mais alguma coisa mas, tendo em conta tudo o que está a acontecer , acho que mereço esta agitação toda e ela faz-me bem.O que não me faz bem é importunar-me com coisas que não merecem atenção.

Consigo terminar um texto que andava a adiar há meses mas, em meia hora, escrevo qualquer coisa emocionada. E isto até é suportável. O pior é quando estes picos de humor saltam as barreiras e me começam também a atravancar a vida emocional.

Ando há dias a repetir baixinho que eu não sou assim.E sei bem que isto é uma fase de cansaço. Ando preocupada com as mínimas coisas que me consomem, com as reacções disparatadas dos outros, com todas as vezes em que não páro dois segundos para pensar e digo logo o que penso sem pudores.
Mas há coisas á nossa volta, que chocam, de pequenas que são, quando a vida é tão mais do que isso.

Ando há dias a tentar travar o pensamento, para impedir que a língua me traia.Mas o problema é que ela me vai mesmo trair e um dia sai mais do que pensava ser possivel.

Entretanto, lá fora começou a chover.
E eu tento convencer-me que a culpa é desta electricidade toda no ar, que é o calor o culpado desta impaciência toda.
E repito baixinho as palavras de conforto e, enquanto a aragem insiste em não revolver os cortinados, repito também o doce abraço de olhares que alguém me deu, o único capaz de me devolver à terra neste momento.




It's amazing how you, can speak right to my heart!




Pai







Hoje, passei umas boas horas, em paz e sossegada ao pé do meu pai, mais do que o habitual.Talvez a querer assentar da euforia dos últimos dias...ali junto dele.

Noto que o lado esquerdo está a ficar apanhado.

A trombose na perna confirma-se.Apanha um braço e o lado esquerdo do corpo.

Por estes dias não dorme nada, por causa do barulho da máquina de oxigénio de outros dois doentes, das camas ao lado.Hoje pedi aos enfermeiros que o mudassem de quarto, mas a médica, que só chega 2a feira, é que decide.Até lá, tem que passar as noites em claro.

Hoje conversamos muito, estava com vontade de o fazer e deixei-me ficar até ás 21h10...o tempo voa, ali também.Falei das marchas, do Sto.António e ele ria-se com as minhas peripécias.

Mas na calma do começo da noite, revelou-me o quanto estava feliz, por eu ser feliz e estar bem...falamos do passado, do presente e do futuro também.

A Ana Maria, que trabalha ali no serviço e está a caminho de Moçambique, foi lá despedir-se dos meus Pais.Ele perguntou-me hoje, se ela ia ficar lá, ou ia apenas de visita.Depois perguntou se eu sempre irei para Missão.Disse-lhe que sim, claro, mas que agora não se preocupasse com isso, porque a minha missão era ele.E não o deixaria nunca.Também me revelou que fica muito contente que eu vá em missão, mas que tem receio do que me possa acontecer.Ou não fosse ele Pai.Contudo, ele já devia saber, que há uma estrelinha lá em cima, que me guarda e me guia e esta força de partir é tão grande em mim.

Depois de o aconchegar e de um beijo, preparou-se para dormir.Espero que consiga...



Até amanhã.

Sto.António!


























Os festejos do Sto.António, começaram pela tarde, no Telhal, com os doentes.
E esses foram para mim, os mais verdadeiros e alegres, que podia ter.
Ao chegar á unidade de Sto.António, senti a agitação de um dia diferente, em que tudo estava preparado para festejar, com eles e por eles, este dia.A Eucaristia, que correu muito bem e foi um momento de grande alegria para todos, terminou com algumas palavras da enfermeira Ana, fado á desgarrada entre auxiliares e doentes, e boa energia no ar!
Depois o lanche e o bailarico improvisado que foi a parte mais feliz, e libertadora para eles.Acho mesmo que é terapêutico, o poderem dançar e mover-se livremente.Houve apita o comboio, houve música brasileira, houve espiríto e comunidade.E sempre muito, muito carinho, abraços e beijinhos da parte deles e correspondidos pela nossa.Houve canções pela suavidade da tarde, por nós cantadas...e sentidas.O mais importante.
Houve um querer estar ali...e um deixar-nos estar, porque ali o tempo voa mesmo.E se há local onde faz sentido festejar a vida, é ali.Se há local, onde sabe bem levar o melhor que a vida tem, é ali.Porque eles dão uma cor que mais ninguém dá a tudo aquilo em que tocam ou pousam o olhar.E ali as coisas são o que são.A alegria é mesmo genuína...e profundamente valorizada.
E as dificuldades vencidas...batalhadas.
As coisas que não importam, não têm sequer lugar.
A noite caía, quando Lisboa já nos esperava...e assim vi o céu mudar de tom, gradualmente, enquanto me deliciava com o ar quente e a alegria do povo, os brilhos das marchas...algo tão único como só nesta cidade acontece.Isto é nosso.
As pessoas saem para a rua, e vão diluir-se num banho de multidão, essa multidão que sai á rua nesta noite como em nenhuma outra, para festejar a vida, embora o motivo seja o Sto.António.
Ainda passámos no largo da igreja, pusemos a devida vela ao santo, pedindo um desejo e atirámos a moeda que umas vezes acertava onde devia, outras nem por isso.Mas como alguém dizia, é preciso é fé.E se aquilo que desejamos vem do fundo da nossa alma...mais tarde ou mais cedo, realizar-se-á.
Bom, Alfama acima, íamos parando aqui e ali, para beber algo refrescante, (a noite estava quente e Lua brilhava...) e para dar um pezinho de dança...reaggue, música popular, mais antiga, e até gaita de foles e batucada havia para os lados do castelo.E esse foi para mim o momento alto da noite, em que numa alegria estonteante, as pessoas dançavam ao som da gaita de foles como se não houvesse amanhã...e eu claro que entrei na dança, libertando assim a mente e o corpo.
Entre tudo isto, reencontrei pessoas que nunca imaginei ver ali, pessoas que não via há muito tempo e que me deram aquele abraço.Como o Joel, da minha paróquia de acolhimento em Bruxelas.Foi uma grande surpresa!
Depois a descida foi sempre a andar, até ao carro, com paragens para descansar, que pela madrugada as forças se vão indo...e táxis não é coisa que haja por ali aquelas horas...para além das ruas cortadas.
Acabando a noite, começavam outros o seu dia limpando as ruas, para uma cara lavada no dia do Santo padroeiro desta cidade de luz.
De regresso a casa, via o céu mudar de cor novamente e pensava no meu Pai.Pensava que apesar das minhas gargalhadas, cantorias, danças ele continua ali.No mesmo lugar.
Mas pensava também, como é bom sermos livres dentro de nós.
Dançar, cantar, brincar, rir, aproveitar o bom que a vida nos dá a cada dia...e não deixar de o viver e sentir nunca.




quinta-feira, 11 de junho de 2009

Dia Azul





Azul de mar...azul de céu, azul de aroma.
E as cores que lhes queremos dar,brincam no céu desafiando o vento.








Uma praia longa, serena e uma música nossa, a embalar o resticío de dia...


Porque todos podemos voar, e alto no céu...basta que a vontade nos guie.
Porque a amizade tem momentos que se eternizam na areia...e á beira mar.





E a paz que fica, no fim de um dia em que a praia foi nossa, até ao anoitecer.






Uma luz que fica...



(Chegámos àquela altura do ano em que Lisboa fervilha, em que as ruas são estreitas para tanta gente, em que o cheiro a peixe grelhado deixa de ser incomodativo e passa a ser parte da festa, em que os feriados onde o sol brilha, são de romaria ás praias.
Eu já andava a desejar um solzinho na pele há uns dias valentes e não passou de hoje: depois da visita ao meu Pai pela hora de almoço.
Estava no seu cantinho, cheio de sono por não ter dormido nada.Um beijo doce e seguimos rumo ao sol...
Escolhemos a praia da Sereia, entre dunas e mar.Mas as pessoas, chegam á praia fartas de esperarem no trânsito de uma hora ou mais no pára arranca, depois é estacionar.
No final, e para compensar, sentámo-nos uma hora na esplanada, um martini com limão e mar sem fim, compensaram bem...
Depois foi espraiar a vista e os sentidos, em caminhadas e brincadeiras á beira mar.
Protagonistas de tudo isto...ora bem:
Um organista que toca na praia com a sua viola, quase dentro de água e molha todos á sua passagem , deixa as crianças felizes só por ouvirem música e brinca na água horas a fio.Um que dorme ao sol e está branco que nem leite, outro que não sossega com o rabo na toalha e quer dar voltas e mais voltas á praia e com uma mão me levanta da toalha cheio de genica.E ainda outro que oferece queques o dia todo e até chegar á portagem da ponte os apregoa pela janela do carro.
E por fim eu, encantada com as cores dos papagaios que brincam no céu, com as crianças que constroem castelos á beira mar, como eu na minha cabeça...
Eu, talvez refém do meu próprio castelo.Mas só o tempo cura certas dores.
A seu tempo...tudo fluirá como uma onda no mar.
Um pôr do sol, comtemplado em grupo e ao som da nossa voz e alma.
E uma noite ainda morna, a fazer-nos lembrar que o Verão, apesar de tudo, só começa daqui a uns dias.)