sábado, 25 de fevereiro de 2012

Vem mar...




Vem Mar...inunda os nossos corpos...
Preenche a nossa mente em vagas de amor
Suspira o teu som pela primeira hora da noite
De onda em onda sinto o teu fulgor...

Suspira o teu som para sempre...
Como tela onde tudo se desenha
Onde tudo está...onde estás tu...
Mas suspira o teu som para sempre...

Acordo e continuas lá...
Vejo-te a olhar o infinito salgado...
Enquanto a próxima onda se desfaz...
Suspira o vento e continuas lá...

Como te invejo ó Mar...
tu que és omnipresente e arrebatador...
Não queria perder por um instante
O olhar... O horizonte desse amor!

Não Mar, não penses que separas...
Que afastas...que findas numa praia qualquer 
Tu unes... Tu fazes amar... tu enfeitiças
Mas só quero ouvir o suspirar...

Aparece a manhã...o teu azul...
Vejo o teu vulto na janela...
Sinto a despedida... um beijo, uma onda...
o cheiro da maré vazia...

Quero o teu olhar...
Como a gota mais importante do oceano...

Mais uma onda... Mais um rebentar na falésia ...
Mais um suspiro que o Mar envia de ti...


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Carnaval...

O reencontro, Lichinga
























O tão esperado momento do reencontro, aconteceu por fim, no dia 14 de Fevereiro.Um céu ao amanhecer lindo...visto do avião, que me deixou elevar os pensamentos.
Que melhor dia, este, em que muitos clamam o Amor, sem saber muitas vezes o seu verdadeiro significado.
Aterrei numa Lichinga, completamente verde e mais fresca, do que aquela que tinha deixado.Aterrei com uma mala cheia de sonhos e projectos a aplicar.
O cheiro, era o mesmo.Nunca se esquece.
Á nossa espera a inconfundível Ir.Ferreira.Depressa me vi no caminho para casa.Depressa aquela paisagem me encheu a vista.
O ponto alto, a paragem na escolinha.
Quando entramos no bairro, o meu coração começou a bater a 1000, só de pensar nos rostos que deixei há 3 meses atrás.E no quanto eles significam para mim!No quanto me mudaram e enriqueceram.
Assim que o carro parou, e eles me viram, começaram a correr e eu saí do carro, mal conseguia pôr o pé dentro da escola, e depois, foi um momento de alegria, ouvir gritar o meu nome:"Tia Rita!!Tia Rita!!", pulamos, abraçamos, sorrimos, nem sabia bem para onde me virar, o sorriso falava por mim.
Esperei tanto aquele momento.E de repente estava ali.E eles também.As lágrimas da despedida, deram lugar a sorrisos de chegada.
Como se esquecem estas pessoas?Como se vive longe desta realidade para sempre?
Nunca.Não há forma de o fazer.Deixam uma marca tão forte e tão bonita, pelo que nos ensinam.
Só pensamos em voltar, em abraçar estas vidas, confortá-las, torná-las melhor.Olham-nos nos olhos, fixam-nos.E sei que não poderei ficar para sempre.Sei que é um tempo exclusivo da minha vida.
A escola cresceu, encontrei mais estruturas, mais alunos, (cerca de 400 no total).
A nossa escola é boa, é considerada uma escola piloto, por estas bandas, claro que há muitas falhas, técnicas e humanas, mas comparado com a maioria das escolas, esta escolinha ainda tem, cor, condições mínimas e aceitáveis.Há ainda dignidade, tentam passar-se regras básicas, de higiene, comportamento, relação com o outro.
Depois cheguei a casa e foi entrar num espaço cheio de memórias.As saudades da Benedita que partilhou comigo 5 meses de projecto.
O dia, foi para arrumar tralha e mais tralha no devido lugar, como se me tivesse mudado para aqui...e o sentimento era esse, o de chegar a casa.Chegar ao que é simples, ao que sempre se desejou, como projecto de vida.
Adormeci por fim ao começo da tarde, com aquele sentimento de paz, apesar de cansada, estava pronta para entrar num longo e regenerador sono.
Depois acordar,para 10 meses de serviço, pronta para sujar as mãos com o que for preciso!
Pronta para o que vier.
De coração aberto, porque não há outra forma de Amar.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

A chegada a Maputo!

























Pisei novamente solo Moçambicano, no dia 12 de Fevereiro.Depois de 10h30 de voo, onde a turbulência foi constante, abanando o avião quase toda a viagem, devido a massas de ar quente, chegámos por fim, sãs e salvas ao aeroporto de Maputo.
Á nossa espera, estavam filas infindáveis para ver o visto e para levantar as malas.E ainda, uns policias que embirraram com as nossas malas e tiveram que as abrir.
Depois foi o abraço da Zézé e do Manecas, que nos levaram logo ao famoso Piri piri, para comer um frango assado com bastante picante e um cerveja fresquinha.Sim o calor fazia-se sentir, para quem deixou Portugal, com temperaturas negativas pela manhã.
Tudo o que via, pela janela do carro, era familiar.O cheiro principalmente.Todo o ambiente mais descontraído.
Depois fomos descansar e dormir até á manhã seguinte.
O acolhimento foi fantástico, era como estar em casa.Há pessoas que conseguem mesmo fazer-nos sentir que pertencemos ali.
Este casal já viveu em Lichinga e fez parte do nosso projecto há dois anos atrás.
O seu espírito jovem, é contagiante.Até para a piscina nos levaram, depois de um dia de trabalho.
Não param.Trabalham muito, mas não dispensam tudo o que a vida nos oferece de melhor.E são eternos namorados...o que é muito bonito e raro de encontrar nos nossos dias.
Acho mesmo que nunca tinha visto Maputo, com estes olhos, fiquei a conhecer a cidade razoavelmente bem.E pude captar muito mais essa essência que pertence a cada lugar.É uma cidade super lotada, longe do passado que lhe pertenceu, mas toda aquela desorganização, lhe confere um certa piada.
Foi muito bom, depois de tantas horas de voo, poder descontrair.Há muita coisa que vem na nossa cabeça, em parte o que deixámos para trás, e por outro lado, o que nos espera.Os laços que temos em ambos os lados, em ambos os mundos, igualmente importantes.
E a vontade louca de chegar e abraçar os meninos de chocolate.Esse era o momento que mais ansiava. 
A viagem não estava ainda completa, pois faltava o percurso de sul para norte.Mais 3h30 até encontrar o rosto da irmã Ferreira.Ela que sempre nos acolhe.
Maputo, até breve...fica o Indico como fundo.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

2 Anos





Penso nos dois anos que passaram.
Faz hoje precisamente dois anos que tocava o telefone, eram 9h da manhã e eu corria para o hospital, na esperança de o ver acordar de uma operação.Quando cheguei, soube que nunca chegou a acordar.
Penso nele.Penso no que me ensinou.Penso no silêncio que fica.
Sorrio levemente.
Em dois anos abracei dois continentes, fui mais longe e mais fundo do que podia imaginar.Vi mais gente, abracei mais causas, arrisquei mais.Também me desfiz de tantos laços, alguns de sangue, porque nunca o foram.
Em dois anos, ele faz-me tanta falta e tanto mudou.
Hoje fico assim, absorvida por este sol de inverno, o mesmo que há dois anos brilhava, neste dia e me aquecia do frio que ainda guardo, depois de lhe dar o último beijo.
Hão-de passar os anos...e da minha boca sairá sempre o melhor, sobre este grande homem, inspiração para mim, de tão simples, humano e dócil que era.
Há amores eternos, como eles só.
Pai.

Évora é...olhar, é a pé...é curiosa, é luz!
























Embrenhei-me pelas ruas de Évora a pé e a olhar, com estes dois!
O resultado foi este, depois de um fim de semana em S.Sebastião das Giesteiras, com a Helena.
Mais palavras para quê!?Foi mais um pedaço de Alentejo, cheio de sol e alma, que me fica na memória.
Adorei a sua aldeia, um autêntico paraíso de gnomos e duendes.Digno de ser ver a hospitalidade com que nos recebem.E toda a gente,mas mesmo toda, nos cumprimenta.
Sabe bem estar entre amigos...assim, conhecer e partilhar o seu mundo!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Hoje alguém me leu este poema.





Fecho os olhos e imagino-te...
Tento tocar-te... Tento sentir-te...
Não! Tu es real...Não sei definir-te...
tocas- me a Alma, quando me abraças com o teu veludo som...
Ouço o vento e imagino-te...

Estou longe de ti...
Aparece o eco da tua imagem...
Entre a nossa distancia assim senti...
Procuro o teu olhar disperso na miragem...

Como me atrai o teu talento...
Em ti existe o canto da musa...
Em ti tento esta paixão intrusa...
Como me atrais em ultimo alento...

Olho para o alto horizonte...
Ali me elevo entre a sombra e luz
Sei que a tua inspiração também ali se exprime
E ali, por um momento estarei a teu lado...

Por fim cruzo-me contigo...
Sim tu existes! Tu és real!
Não saberei definir-te? definir-me?
O que me atrai em ti?

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

From the film "The Mission", Henrik Chaim Goldschmidt plays "Gabriel's Oboe"


MusicPlaylist
Music Playlist at MixPod.com

Raízes









































Falar destes dias, é falar das raízes que me ligam por sangue a algum lugar.
Passaram a correr, mas foram tão especiais.
A verdade é que quando andamos pelo mundo e vemos tantas e diferentes culturas, acabamos por regressar e olhar a nossa própria cultura de forma especial.
Aquilo que para mim não era significativo á uns anos atrás, foi desta vez.As saudades fazem toda a diferença.Quando se vive longe o regresso tem outro sabor.
O frio fez-se sentir, como nunca o senti, mas para o combater, tínhamos sempre o lume por perto.O calor de estarmos juntos, que guardo.
As festas abrilhantaram estes dias, participei em quase tudo, cumprindo assim a tradição que muitos antes de mim, cumpriram durante anos a fio.Estive em cada momento, concentrando-me no que estava a fazer e por quem o fazia.Mourão é uma terra calma, de tradições antigas, genuínas, únicas.É a primeira festa do Ano, pois no inverno não há muitas festas por ali.
Mourão traz-me o meu Pai,quase a fazer 2 anos que nos deixou.Em cada rua, em cada esquina, em cada pedaço de horizonte.Nas conversas tardias que me vão contando.Ele ainda ali está, tão presente.
Acordar no Alentejo terá sempre este sabor, a sol, a laranjeiras pregadas na janela, a branco imaculado.Dei algumas caminhadas a sós, onde pude observar tanta paz, tanta calma...que por ali vai.As gentes de Mourão, têm amor á terra...e em dia de festa não deixam de o demonstrar.Todas as janelas se enfeitam, todas as candeias se acendem, todos se unem.
Cada passo, cada cumprimento, cada lembrança, fez-me tão bem.Mas o melhor é estar em família,esta família de quem gosto muito e com quem as gargalhadas tomam sempre lugar, de forma tão espontânea.Esta família que aceita e admira aquilo que eu sou e as escolhas que fiz.
Também houve algumas descobertas, há sempre um primo novo, que não sabia que tinha, há sempre rostos que nos despertam a atenção,por alguma razão.
Houve vida a pulsar estes dias.E esta força, este tempo de paragem, foi força, para os desafios que se avizinham.
Até breve Mourão.Até breve Pai.