terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

5 Anos.






Faz precisamente 5 anos, passei parte desta noite no Hospital.
Esperava o resultado da operação do meu Pai.Mandaram-me para casa.Não valia a pena esperar ali.Vim,inquieta.Mal dormi.Pelas 8h da manhã o telefone tocou...pediram que fosse lá.Corri.Ao chegar procurei-o no recobro.Nada.Depois no quarto, no mesmo piso de sempre.Nada.
Encontrei o médico.Pergunto pela operação e se o posso ir ver.Ele responde:"Lamento informar, mas o seu Pai não resistiu à cirurgia."
E neste instante fez-se silêncio, um silêncio pesado, que a custo tive que engolir.E o chão desfez-se debaixo dos pés e o mundo parou.Ali.
Depois de me dar os detalhes da cirurgia que já não ouvi, pois já não me sentia ali, caminhei lentamente pelo corredor até à saída,a chorar como uma criança que se perde...liguei para toda a gente e esperei que viessem,mesmo que tarde demais.Fui eu a reconhecer o corpo, a sentir o frio de um beijo congelado na testa.E perceber que era mesmo real.Imóvel.Aquilo que ele foi.Eu imóvel naquilo que sou.Aquilo que fez de mim.Aquilo que ensinou e foi tanto.O Homem que admiro pela doçura, pela alegria e paciência infinita, pela paz...e humildade, ali imóvel e frio.Pálido.Vestiram-no com a pressa de quem faz o mesmo todos os dias.Eu fiquei a ver.Firme.Não era mais um.Era o meu Pai.Só eu sabia a sua história...como ele me contava.
Eu sou a Rita, porque ele existiu.Não só porque me deu a vida, gerando-a,mas por tudo o que dele aprendi.Porque ele ao meu lado esteve, quando eu mesma lutava pela vida.
As saudades aumentam, embora se pacifiquem com o passar dos anos.Mas é daquelas dores que ninguém cala.E daquelas alegrias que vivem em nós, ter tido um Pai assim.

E resulta Pai.E corre muito melhor quando paro, respiro fundo e resolvo a melhor forma de caminhar e seguir em frente.Como tu fazias.Resulta.

Depois de o deixar em terras Alentejanas, onde ele queria ficar.Eu parti para o mundo.Até hoje, nunca mais parei.
Foram tantos Países, missões, vidas, sofrimentos, alegrias...mais o que está para vir.


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Alentejo.




Trigueira de raça
Quem te fez assim
Ceifando os trigais
Ouvindo os pardais
Com pena de mim

Eu por ti chorando
Alegre cantando
Sem ter um desejo
Linda trigueirinha
Linda Alentejana
Dá-me cá um beijo.

E os teus olhos negros que já foram meus e agora são d'outro, e agora são d'outro, paciência, adeus.