sexta-feira, 30 de maio de 2014

Lisboa com cor.





















Porque juntar pessoas que gostamos, nesta Lisboa de cor, faz-nos bem!Foi o primeiro momento mais social...com a devida autorização para o fazer e soube-me tão bem.

O sol não nos brindou com a sua prensença...mas a cor está sempre dentro de nós.

Plim*

Romania in Lisbon.


Lisbon 2014

London, 2013
Bucharest, 2010

Bucharest, 2010



Passam 4 anos.Parti para a Roménia, um mês depois de perder o meu pai.
Num impulso, mandei-me para o mundo.Sem medos.Decidida e firme de que aquele seria o melhor luto, por mim escolhido e tão profundamente vivido.

Encontrei um País maravilhoso, que muitos desconhecem.Entreguei-me ao que havia por fazer.Aprendi imenso, sobre outra cultura.Aprendi a amar e a aceitar tantas diferenças.A unir essas mesmas diferenças.
E claro, a melhor parte, fiz amigos para a vida!Viajei com eles, partilhei tanto.Foram uma família.Mostraram-me os locais mais secretos da cidade.Aturaram as neuras.As alegrias.Cantei noites inteiras no terraço perto de casa.Sonhei...ainda sem saber o que me esperava.Uma experiência fabulosa na Turquia e outra em Moçambique!

Aos poucos, esse amigos, chegam a Lisboa.Em busca deste sol e desta luz.E deste abraço que pouco mudou e continua a abarcar meio mundo.
Hoje foi dia de reencontro, depois de um "olá" rápido em Londres o ano passado.
Mas hoje sim.Com tempo.Com alma.Como deve de ser.Lisboa como pano de fundo.

Estas doidas andam atrás dos Rolling Stones.Vieram de Oslo, estão por estes dias no Rock in Rio e depois partem para Zurique.Para trás ficou o Dubai e muitos outros destinos.Tudo por amor à camisola.

Gosto de gente em movimento.Que corre o mundo seja pelo que for.Atrás dos seus ideais, com um sorriso estampado no rosto, descobrindo e aprendendo por si...o que é viver!Abrindo-se ao inesperado.
E hoje, viajei no tempo, ao regressar a Bucareste.Afinal quem eu hoje sou, também se deve ao que ali vivi.Todas mudámos.Mas a amizade, jamais morre.

Só não sei, o que ainda estou aqui a fazer?



Não podia ter celebrado melhor as boas notícias que a médica meu deu!20 dias depois de ter sido operada, tudo vai como deve de ir.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Cumplicidades.





Dá-nos a sensação de que aconteceu assim, do nada, fruto do acaso. Mas não. Tudo acontece por uma razão e porque algures no caminho deixámos espaço, terra e sementes para que agora a vida nos possa surpreender com uma simplicidade deliciosa. 
É das melhores coisas da vida, falar e ser compreendido, sem julgamentos.Sorrir e ser agradecido.
Partilhar gostos,sonhos,esperanças.
Sabe bem.


domingo, 25 de maio de 2014

No dia de África.Está quase!

















Acho que todos temos direito a uma fase. Daquelas em que nos apetece partir tudo o que está à nossa frente. Nunca atirar o telemóvel pela janela nos pareceu tão certo. Queremos estar no silêncio. Sem moralismos, sem hipocrisias de falas mansinhas de gente cheia de peninha de nós. Adormecer no meio de uma reunião tão importante para concluir que na verdade a nossa opinião nunca chegará ao céu.  Comer duas tabletes de chocolate ao jantar acompanhadas de batatas fritas e ir para a cama sem lavar os dentes. Sair do trabalho a meio do dia, conduzir até ao mar e entrar na água gelada ainda vestidos. Mas será isso o suficiente para lavar o corpo e a alma do que não gostamos de fazer? Será esse grito estridente o suficiente para perceber o que queremos? Não. Queremos ir mais longe. Queremos entrar no gabinete do chefe e dizer até nunca mais. Enfiar roupas simples dentro de uma mochila onde parece que cabe o mundo inteiro lá dentro e comprar um bilhete só de ida. Entrar no avião sem saber quando voltamos a pisar esta terra. Levar medicamentos para a malária, para a varíola, para o dengue, para tudo o que seja de terceiro mundo. Levar a esperança de ajudar quem precisa. Ficar um, dois, três, quatro, cinco meses, o tempo que a nossa cabeça pedir num país em que nos sentimos úteis. Viver com o essencial. Percorrer continentes com as unhas sujas e o cabelo por lavar. Sentir a necessidade de conforto na pele e as saudades de casa. Crescer ao reconhecer como o mundo não pode ser mais longe de tudo e de todos. Como somos tão insignificantes no meio disto tudo. Como a vida é volátil e, no fundo, acaba já amanhã.


Quando o fim está mesmo à nossa frente, é chegada a hora de por tudo em perspectiva. Pela nossa cabeça passam os melhores momentos, em modo repetição, as palavras que marcaram, as que ficaram por dizer. É na recta final que queremos parar um bocadinho o tempo. Passá-lo em slow motion, fechar os olhos e imaginar tudo diferente. Perceber o que nos vai fazer mais falta e o que vamos ter de melhor à nossa espera. A chave é respirar fundo e dar o último passo. O decisivo. Aquele que nos vai libertar de todo o medo, de toda a fraqueza que nos impedia de ver o caminho lá à frente. Agora é tempo de apreciar a calma da certeza, abraçar a decisão e fazer figas para sairmos inteiros. Porque não existe nada melhor do que ver chegar o momento porque tanto ansiámos, pelo qual batemos no fundo. Está a caminho. Sente-se no ar. No vento dos últimos dias. Nos sorrisos que se cruzam comigo. Está mesmo, mesmo a chegar. E eu, estou calma e serena. Preparada para abraçar um novo ciclo. Uma nova vida.
O meu coração é Africano.


Orgulhosamente.














Quando eu era pequenina, ficava toda orgulhosa de ver os meus pais na multidão, prontos para me aplaudir.Fosse uma festa da escola, da catequese ou outro ajuntamento que me fizesse sentir nervosa, por ter tanta gente a olhar para mim.Era o derradeiro momento da verdade, que depois de analisado e discutido por todos, era sempre um sucesso.Eram mais os nervos antes de entrar em cena.

Em Moçambique, lembro-me bem dos konguitos ansiosos por ver chegar os pais, nos dias importantes.E da sua tristeza quando nunca chegavam e da forma como eu os consolava.Ou de como os seus olhares se iluminavam quando lá no meio de tantos rostos, eles descobriam um, que lhes era familiar.

Não há nada mais valioso do que aplaudir de perto e encorajar as pequenas vitórias, por mais pequenas que elas sejam, dos que amamos.Isso marca para o resto da vida.Suporta, anima, marca.
É vencendo nestes dias,desde muito cedo, que se compreende o quanto é importante vencer o resto da vida.E cada vez mais. Não por competir, mas porque todos devemos estabelecer as nossas metas pessoais.

Foi muito bom ver o Dani, mudar de cinturão. Ver que o trabalho de meses, de aulas e aulas, se reflecte numa vitória.Nada se consegue sem esforço e perseverança.Mesmo quando nos dias de chuva e mais cansaço não quer ir ao Karaté.Hoje viu-se que este trabalho de ser pai e mãe e de insistir na hora certa, de proporcionar o melhor, na hora certa, de acompanhar,de esperar, mais tarde se revela num grande sorriso.Num abraço onde se respira, quando se ouve o nome e se troca um olhar que diz: "consegui!"
E aquele bebé, que um dia segurei ao colo, adormeci, acalmei, fiz sorrir, alimentei...hoje encheu-me de orgulho.E muitas vitórias estão para vir.E eu aqui para os abraçar.
A minha Mana e os meus sobrinhos, enchem-me o coração!
São vida.Todos os dias.




Porque aquilo que a o sangue por vezes não nos dá a vida nos oferece tão gentilmente.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

É.







Queria acrescentar um minuto, uma vírgula, quem sabe uma hora inteira. Queria olhar para trás e esticar o tempo. Tirar dos momentos maus e juntar aos momentos bons. Queria mais um ponteiro no relógio. Só meu. Queria dizer mais palavras. Queria ter dado mais significado aos silêncios. O tempo foi rápido. Como só ele sabe ser. Traz-nos a momentos sem darmos conta que já chegamos. Nem nos apercebemos do que foi dito, feito, do tempo que faltou para evitarmos este momento. Usamos o tempo no pulso, mas nem nos lembramos dele. E ele sempre a andar. Junto ao bater do coração. Sem parar, sem parar, sem parar.

Há dias em que te sinto mais. Outros em que passas por mim só de raspão. Quando me olho ao espelho de manhã, de olhos entreabertos de sono, e sinto aquele vento debaixo do cabelo, és tu. Às vezes acordas-me com gelo nos pés durante a noite, deixas-me meio desamparada e custa-me voltar a adormecer. Passam horas, minutos ou apenas segundos quando me lembro de pensar em ti, senão o faço, obrigas-me a isso. 

Tens as tuas memórias bem guardadas no meu coração, nas minhas palavras e nos meus gestos. Muito devagar apercebo-me que fazes parte de mim, que foste metade dos meus dias, que tornas as minhas noites completas. Que ao estar perto, mas tão longe de ti, não descanso. Estou sempre alerta, a tentar sentir-te, a lembrar-te em tudo o que faço, a relembrar-te que estou aqui. Que ás vezes ainda acordas e deitas os meus dias. Que vives dentro de mim. Que era só isto que te queria dizer, hoje.


quarta-feira, 21 de maio de 2014

Carta.





Hoje, recebi uma carta.Uma carta de papel.Com palavras saídas direitinhas do coração.Quentinhas.
Porque quando se ama alguém e nos queremos fazer presentes, conseguimos, sem desculpas, sem atrasos...Surpreendente!
Obrigado Lis  por me conheceres tão bem.
Guardo-te.Porque chegaste onde querias chegar.


Podia ser um email, mas não era a mesma coisa.


Maio





Há em Maio qualquer coisa de maior, qualquer coisa de promissor. 

Não sei bem explicar que amor é este, quando nasceu, porque regras se rege, mas Maio é para mim um mês que torna tudo mais possível, como se as arestas da vida se limassem, como se mesmo o que não se realiza ou sequer se vislumbra estivesse já lá, inscrito na brisa morna, nos dias mais longos, nas noites mais serenas, na lua mais iluminada.

Maio é este amor maior, o canto da rola a embalar o ar, a sombra e a luz em contraste indiscreto, o feno no campo, as floreiras a engalanar varandas, as andorinhas em voo picado, os mangericos que crescem, a sardinha assada, o pão saloio e o cheiro a brasa. Maio é este encanto, este render, este baixar a guarda, este abrir o peito ao vento e os braços à estrada. Maio sabe a começo de viagem mesmo que a seguir a ele o ano se divida ao meio. Maio sabe-me sempre a casa arrumada.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Serenamente.


















"...quem sonha de dia transforma sempre a sua vida, transforma o mundo.
Só os que sonham apenas durante a noite é que não levam os sonhos a sério e desistem de mudar o mundo."


Valter Hugo Mãe

domingo, 18 de maio de 2014

Amizade.







Sabe pela vida, a visita de um amigo, por estes dias.Ontem 30 minutos, hoje 1h de caminhada, devagarinho, ao entardecer,rodeada de amigos.Os que são sempre passo certo na caminhada.Mas quando estamos mais circunscritos ao espaço de casa, e os movimentos não permitem grandes aventuras...são uma lufada de ar fresco.Para fazer rir.Para sonhar.Para recordar.Para mimar.Para vegetar.A cama já não tinha mais espaço.Mas o coração tem.Há horas mais silenciosas, que me perco.Outras que sou apenas sorrisos.E vontade de assim permanecer.

E as 3 de hoje, nós, partilhamos algo em comum. Experiências além fronteiras.África e Timor.E a saudade tão grande que fica.E a vontade de voltar.Sempre.Isso ainda nos une mais.

Por isto e muito mais,ter fé é inevitável. Por mais que a vida nos ponha à prova, nós vamos continuar a acreditar nela. Podemos, até, ter de assentar melhor os pés no chão, manter uma passada mais forte, mais firme e mais certa. não faz mal. Podemos ter de correr mais dias do que os que tínhamos previsto, se isso nos fizer transpirar tudo o que não queremos cá dentro, vamos. Sozinhos, ou na companhia de quem nunca nos deixa para trás. Nunca.

Depois, quando esta fase de desilusão passar, quando a calmaria voltar ao nosso coração, vamos voltar a pensar que tudo se vai compor. Tudo se compõe sempre, e a vida acaba por nos ajudar a encontrar um caminho alternativo. 
Tudo depende do nosso olhar, da nossa disposição, da forma como encaramos o que nos acontece, quem nos acontece na velocidade dos dias, de como nos levantamos perante cada queda e como nos comportamos face às adversidades. Se pensarmos que não vamos conseguir, o mais certo é não conseguirmos mesmo. se acharmos que não somos capazes, as forças vão faltar ao longo do caminho. Se acharmos que não podemos, o vento vai soprar mais forte e vai-nos mandar ao chão, é mais do que certo.
Há momentos em que estas coisas cansam mais, parece que fica tudo empancado no mesmo lugar e nenhum nó se desata. Parece que nunca mais saímos do mesmo sítio e ainda assim passamos os dias às voltas e a crescer. Há dias em que nem valorizamos a sorte que temos. Tontos, parvos, ingratos.
Há dias que são verdadeiros testes à nossa paciência. Mas a vida é isto mesmo e tem fases. Umas mais coloridas, melhores, alegres e certinhas. Outras mais cinzentas, turbulentas, estranhas. Mas tudo passa. Tudo. E por isso é que a única forma que conheço de passar por algumas coisas é respirar fundo, bem fundo, até sentir o ar abraçar-me com muita força. Depois... depois é arregaçar as mangas e trabalhar.Trabalhar lado a lado com a fé. A mesma que está lá sempre, nos dias bons e em todos os outros.




São também assim os dias de que é feita uma vida. De sombras e lugares estranhos. De dúvidas, retrocessos e equívocos. Depois o tempo avança, os gestos reconciliam-se com o dia a dia. Passam os minutos que se transformam em horas e com elas regressa a vontade de continuar o caminho, ainda que o destino seja uma incógnita. 

Quando o corpo resiste o Sol insiste. Sorri-se perante a obstinada resistência. A nossa.
Rendemo-nos à evidência de que a cada dia tudo recomeça. E que no que de nós depende, pode sempre ser melhor.
A vida vale sempre, sempre a pena.




sexta-feira, 16 de maio de 2014

Ajudem a minha próxima missão!





https://bescrowdfunding.ppl.pt/pt/prj/missao-principe


Amigos, entrem no link e vejam o projecto.
Ajudam a minha próxima missão, na ilha do Príncipe.A partir de 1 euro.É muito simples.
Entram no site, contribuem com a quantia, desejada e depois é vos dado uma referencia com a qual podem fazer o pagamento.
E ficamos muito felizes, nós e quem vamos ajudar.Porque acredito num mundo em mudança e na diferença que podemos ser nele.




E troco tudo, pela missão.Sim.

Recuperando.Só Avança, quem descansa.


































RESILIÊNCIA

1. [Física]  Propriedade de um corpo de recuperar a sua forma original após sofrer choque ou deformação.

2. [Figurado] Capacidade de superar, de recuperar de adversidades.



Não se deixem enganar pelo bom ar.
Isto tem sido lentamente e gradual, até chegar onde tem de chegar.
A barriga anda toda apertadinha.E os movimentos alguns saem a custo.A velocidade reduziu.Em tudo.Vai ter que ser assim.
Hoje apanhei sol.E sabe-me tão bem.Saí á rua, pela primeira vez desde que tive alta, fui até ao fundo da rua e voltei.Vi a lua, senti o vento morno na pele e nos cabelos.Devagar, muito devagar.Mas sentindo a firmeza que o chão nos traz.O chão da rua.A casa é mais segura.Por agora.
Vou-me enchendo de serenidade e nem podia ser de outra maneira.Estou rodeada dos que Amo...e todos os dias tenho visto o rosto dos amigos que me visitam.Tenho a minha enfermeira particular que ontem me veio fazer o penso, com todo o carinho e ficámos á conversa.Assim parece que não custa.Custa, mas é nestes dias que vamos buscar toda a força do mundo.Aquela que recolhemos ao longo de toda uma vida.
Ando a pensar ler, Só Avança, quem descansa.E é bem verdade.
O melhor de tudo é ter esta vida linda, da minha afilhada, por perto, que me sorri logo pela manhã e me deixa logo bem disposta.É um anjo.Sentir crianças por perto, que me fazem voar para o imaginário.
Tenho pensado muito para variar, no futuro.E naquilo que quero fazer, na fase seguinte.Onde.Com quem.

S.Tomé aguarda-me.E eu sei bem o que me aguarda a seguir.

Para o resto da vida?

E a vida, o universo, a Mão que embala a fé, fizeram-me a vontade. Não sem antes me porem à prova. 

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Foi um caminho.Ainda é.








O meu pai,um chá e soltar as palavras.





Antes

Depois



O pior já passou.Passam 5 dias desde a operação.
Estas fotos, foram tiradas uma antes e outra no dia a seguir á operação.Ainda estava com um ar cansado, ao lado da querida Sofia, que rompeu pelo IPO dentro, com uma energia positiva que me deixou tão bem!
A noite de recobro foi dura, sempre a vomitar,enjoada, com dores e extremamente baralhada.Diz quem viu, que quando acordei era de chorar a rir.Pedia Nestum,dizia ás pessoas que estavam ao lado direito, que estavam lindas, olhando para o lado esquerdo.Olhava para os detalhes mais incríveis, como os pelos brancos do braço do meu primo.Ou adormecia no mesmo instante em que acordava e ria, ou chorava.
A operação foi um sucesso, devido ao seu resultado.Afinal dentro de mim, nada de mau vivia.E o que se podia tornar, saiu.A laparoscopia não resultou e ainda tentaram, mas optaram por cortar mesmo.E daí estar agora a recuperar a dobrar.Fisicamente.
Segundo a médica estou fora de perigo.E respiro.Respiram todos os que estão comigo.
Destes dias no hospital, trago memórias, daquelas que marcam e não se esquecem por mais que viva.
Pessoas que partilham o mesmo espaço, num altura destas...com dores, ansiedade e esperança também.
Há vidas absolutamente fabulosas, cheias de histórias para contar, que ouvi atentamente.Fiz novas amigas.Algumas de bastante idade.Foram elas que me fizeram rir...e me viram deitar as lágrimas dos primeiros passos e movimentos.Tal como as que passavam por lá como anjos, para me visitar.
Trago histórias de vida...que como sempre, faço questão de as reter.Pois são essas que nos ajudam a crescer.E trago mais uma página na minha própria história.O que me valeu, foram as minhas memórias.Fechar os olhos e voar até Moçambique e todos os lugares onde fui feliz.
O que vi  na verdade, foi uma médica, baixinha de ar sereno, arregaçar as mangas e meter as mãos ás entranhas das pessoas e concertar o que não está bem...com a maior determinação e coragem.Ali no bloco operatório, o dia quase todo.A olhar-nos nos olhos e a dizer, vai correr bem.
Isto aos 32, custa muito menos que aos 22.Encara-se de forma diferente, a resiliência é outra.Foi um caminho.Que preparei.Estive em Fátima uns dias antes, para rezar.Caminhar.Descobrir.Depois acho que simplesmente,aceitei.Confiei.Tive sempre presente o meu Pai.A pessoa de quem mais sinto falta, em todo este processo.A única que fez mesmo falta, ali ao meu lado.E apesar do medo, que sempre sentimos como seres humanos que somos...sinto que mais uma vez aquela estrelinha estava lá por mim.
Estes momentos servem para parar, para nos tornarmos ainda mais profundos e sensíveis ao mundo, ao que nele acontece.
É nestas alturas que também apuramos muita coisa, e conseguimos fazer uma limpeza interior e mesmo sentir quem vale a pena ter na nossa vida.Quem era feito de verdade ou quem era acessório.Está visto.E pouco ou nada mudou.
Agora, recupero, devagarinho e com muita calma.Um dia de cada vez.Um dia de cada vez.
Espirrar ou tossir é um Custo.Dormir sempre na mesma posição,cansa. Não poder apanhar nada do chão sozinha.Andar devagarinho.Sentar e levantar, dói.Mas vai passar.Vai passar.
Obrigado a todos,que de uma forma tão presente e profunda, de longe e de perto, se uniram a mim na oração.Essa bela forma de união.

E o mundo aguarda-me.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Hospital.







Hoje, adormeço com a imagem do hospital da minha cidade em Moçambique.
Deixo-a aqui, para que me lembre que estou num hotel de 5 estrelas e vou ser tratada como uma princesa.
Eu entrei neste hospital, muitas vezes, felizmente nunca em estado grave, mas para visitar algum aluno, ou familiares.Algum amigo.Fazer o despiste da Malária.
E bolas, ali morre-se de verdade, por falta de material, medicamentos...por falta de meios.
Ali, os rostos sofrem.Ali não se ameniza a dor.Suporta-se a dor.Com uma dignidade e firmeza que me impressionavam.
Eram horas de espera, filas e gente acampada nos jardins...mães com os seus filhos nos braços, desfeitos em febres e diarreias.
Ao almoço, sempre o mesmo arroz com feijão para toda a gente.Ou xima.
Para ali chegar, percorriam Km e Km, debaixo de sol e sem poder, mas chegavam.
E se eles aguentam, eu também aguento seja o que for.Onde for.Que dor for.Penso neles.Na comunhão de coração que agora temos, porque nos cruzamos.
E agora, com África no pensamento, adormeço. E por eles, sobretudo por eles, eu tenho que recuperar.Para um dia voltar e encher de sorrisos, todos estes lugares, dores e sofrimentos.
Porque para isso, vim eu ao mundo.

Rezo.E daqui a uns dias, volto aqui.Combinado?