segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

ON off On Nights







Dia de trabalho.
Alvorada pelas 00h, 2h,5h,8h...passei a viver de noite. Acordo e volto a dormir...acordo e volto a dormir.
Penso nas pessoas que sempre trabalharam á noite.Há um silencio e uma atenção diferente ao que fazemos pela noite.É o silencio do mundo. São os pensamentos que depositamos nele.Os que amo, dormem.Outros estao acordados e ás vezes trocamos mensagens, que alimentam.Penso em cada um.
Aqui o que importa é cuidar, com o maior cuidado, alimentar...e permitir o descanso e crescimento.Estou de vigia.
Água on, leite on,sono on, missão cumprida on, volto á cama on. Ver que ficam aninhadas e em paz, deixa-me reconfortada.Apesar de eu andar em modo zombie. Sei lá eu o que é dormir decentemente há uns bons 15 dias. É a vida. Bola para a frente. Não há nada de grave por aqui.
15h.Entra a colega para me render.Saio para a rua, solta na minha liberdade.A chuva sabe-me bem no rosto e no cabelo.E vejo o movimento normal das ruas, como algo maravilhoso e surpreendente.Barulho uau!
O descanso  espera-me. As pessoas que confiam em mim e me amam,esperam-me. E esperam-me fresca, com energia, de pensamento e palavras positivas.Se não estiver assim, não faz mal, abraçam-me.
Há duches que fazem milagres, há músicas que ajudam a levantar o astral, pequenos-almoços que reforçam energia e defesas, há pessoas (as nossas) que são decisivas na motivação e no good mood que precisamos para fazer o que tem de ser feito e acreditar que o resto se vai resolver. Porque vai. Vai mesmo. Ainda que demore. Resolve-se. Não é nada de grave. Resolve-se.
Sábado pela metade e Domingo pela metade.Tempo de acalmar.E embora me queixe que não durmo, grata (muito, muito grata) por ter trabalho, por ter pessoas que se dizem mais felizes, mais confiantes, por me ter por perto.Outras nem tanto.Mas lá chegarão.A confiança ganha-se.
Não sabem que, nestes dias mais duros, são elas que me dão tudo, são elas a melhor e maior fonte de energia que eu podia ter na minha vida. São elas a minha inspiração para continuar sem vacilar por um segundo.



sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Bons dias maus.






Há dias em que nada sai certo. O trabalho complica-se, as palavras são mal entendidas, os horários desencontram-se, a bateria do telefone acaba antes de tempo, o trânsito da nossa fila é sempre o mais lento, e até a caixa do supermercado é a única que não avança,Há dias assim, em que tudo o que fazemos vai correr da forma mais complicada possível. Nestes dias só queremos que eles acabem depressa, que possamos enterrar a cabeça no sofá, fechar os olhos e acordar no dia seguinte. 

Quando duas pessoas decidem estar juntas estes dias são os mais importantes. Porque superá-los é a maior forma de perceber o valor de estar junto. Aliás, tenho para mim que estes dias são bons. São os bons dias maus. Porquê? Porque quando se ama, vivemos sempre dentro de uma panela de pressão. Não há solução: quando se quer alguém a sério, a vontade de estar sempre junto, o desejo de estar sempre abraçado, gera sempre a pressão da ausência. Mais a pressão dos contextos que atrapalham, mais a pressão da família que sempre complica um pouco, mesmo quando só nos quer bem. E tal como nas panelas de pressão, os dias maus são o pipo que faz sair a pressão. Nestes dias, dizem-se as maiores asneiras, as palavras mais erradas, implicamos só porque sim, rabujamos só porque não. Somos tal e qual um pipo - a apitar, a fumegar, e a rodar desenfreadamente. Mas com a função certa: aliviar a pressão.

Por isso, mesmo que hajam conversas cansativas pelo meio, falhas de comunicação, berros mimados ou olhares entristecidos, quando se chega ao fim de um dia destes e conseguimos despedir com aquele abraço bom, um beijo mais sentido e um amo-te na boca, então foi definitivamente um bom dia mau. Porque sem danos, aliviou-se a pressão, pôs-se cá fora alguns receios, e aquelas questões simples, mas que andavam embrulhadas. Nestes dias, garante-se que se mantêm a pressão na medida certa da receita. E esse será sempre o segredo: saber manter os ingredientes quentes e saborosos, na forma como eles se equilibram. Dá que pensar, como as gerações mais antigas se prepararam bem melhor para gerir esta pressão. Se calhar, porque tinham menos bimbys maricas, e mais panelas pesadas, feias, de apito estridente, mas duras como o aço.. 

Bom mesmo, é quando quem nos atura, percebe o nosso nível de pressão, e mesmo que discorde das razões, reage. E age. E com um pequeno gesto, uma presença inesperada, um abraço mais demorado, ou um simples olhar, alivia o lume e acalma o apito descontrolado. Obrigado, a ti, por teres feito bom, o dia mau, que já passou...

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Dos amores maiores...







Fui tia.
A Mana, Lina, teve uma menina, linda,linda,linda.Grande,grande,grande.Doce,doce,doce.
É também minha afilhada.O que me faz sentir uma responsabilidade diferente.E outra proximidade.
E é este amor que nos inunda, por mais uma vida, na nossa vida.
Tantas vezes a imaginei...como seria o seu rosto.Agora tem um rosto, tem um cheiro...e eu encho-a de mimos sempre que posso.Todo o tempo do mundo é pouco, para os que se amam.
Tenciono passar tempo com ela, vê-la crescer, acompanhar cada passo...e isso vai fazer-me sorrir muito.Passar-lhe coisas boas e mostrar-lhe como é bom viver!Limpar as lágrimas em dias de birra e encorajar as vitórias.Tanto para dar...ainda nos espera.

O meu coração aloja quem gosto de verdade, quem tenho de melhor na vida e gosto de constatar que, de ano para ano, os mesmos de sempre estão no sítio certo, do lado esquerdo do meu peito. 
Vão entrando tantas outras pessoas na minha vida, por força de novos amores que a vida me foi trazendo, são recebidos e sentidos com a mesma certeza e intensidade. Nem todos permanecem.
Mas sou tia pela segunda vez e gosto muito deste sentimento, destes sobrinhos e afilhados que amo e que me dão a mim a certeza de que Deus sempre nos dá formas de amar.Haja Amor...e esse não me falta.
Querer o bem, plantar o bem. O resto vem.



sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Confiar.






Nestas coisas das relações, a maioria dos sentimentos que temos pelo outro nascem em nós. Truque baixo da mente, egoísta e egocêntrica, que nos faz projectar nos outros o que sentimos na nossa pessoa. As dúvidas, os medos, mas também o excesso de confiança, a entrega em demasia. É assim com o ciúme (que nasce da nossa insegurança), é assim com a confiança no outro (que nasce da dúvida da nossa seriedade). E até o amor: Será que se ama alguém porque a pessoa é assim ou assado? Ou antes, ama-se o que a pessoa provoca em nós, o que nos faz sentir com a sua forma de ser e viver. Egoísmo puro?

Mas acima do amor, está a confiança. Confiar, mesmo, de verdade, é algo que raramente se atinge. E por norma, quanto mais difícil a situação, mais se testa a confiança. Confiar no marinheiro quando o tempo está bom e o mar calmo, isso é fácil. Agora confiar no marinheiro no meio de uma tempestade, em mar alto e com a vela rasgada.. Aí sim, é preciso mérito. De quem confia - porque acredita-, e de quem é confiável - porque faz acreditar. Tramado da confiança é que ela não se treina. Não podemos querer confiar, não é uma coisa que se queria ter. A confiança é algo demasiado inconsciente para poder ser gerida. Ou existe ou não existe. Resulta pouco de palavras ou intenções. Tem a ver com os actos. Com os gestos: o que se faz, como se faz, e como se diz que se faz. Sim, porque aqui também não basta ser, é preciso parecer.

Não questionar ou não ter dúvidas não é confiar. Isso é a cegueira. Não é aguentar, ou tolerar o que magoa só porque se ama. Isso são analgésicos: aliviam a dor, mas não tratam a doença. Confiar é questionar tudo. Mas com coragem de mexer onde vai doer. É pôr todas as duvidas na mesa para que sejam esclarecidas. Por isso a verdade e a confiança estão tão juntas. Uma implica a outra. E os momentos de maior crescimento não são os de falinhas mansas e promessas de amor eterno. 
A certeza cresce é nos momentos das grandes diferenças de opinião, das conversas duras e amargas, em que todos os filtros caem, em que dizem as palavras mais estúpidas, em que o inconsciente salta todo cá para fora, e, coisa autónoma, diz tudo o que lhe apetece: o que achamos verdade e as coisas que até nem concordamos. mas em que algum momento nos passaram pela cabeça. 

Por muito que doa, por muito que magoe, só quando se perguntam as coisas difíceis - e se respondem - se sossega a confiança. E na vida não há mais paz que isso: ver quem nos quer, a enfrentar-nos, a questionar, a ter a coragem de perguntar. Não porque não saiba já as respostas, mas apenas porque as precisa de ouvir na nossa boca. Sincera.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Partidas e certezas.








Esqueces que estás quase de partida. Que não tens certezas e que nada é garantido. Esqueces que não sabes, que podes demorar para saber, que o dia ainda vem longe e que nem sempre quem espera alcança. Esqueces que a vida às vezes (muitas vezes) nos troca as voltas, que quando menos esperas te dá nós cegos, que o tempo que tanto pedes te escapa entre os dedos e que (muitas vezes) esse tempo não passa de uma grande armadilha. Esqueces o que mais queres, o que menos queres, o que podes, o que tens, o que mereces, o que te prometem, o que dás. Esqueces tudo, e esqueces serenamente, quando te lembras que o mais importante da vida já tens. É teu. Tão teu. Só teu.
E quanto a isso nem crise, nem medos, nem dúvidas, nem preocupações, nem incertezas, nem distância, nem saudade, nem apertos no peito, nem nada nesta vida te pode tirar. Nada. E é desta certeza inabalável que são feitos os teus dias. Os de agora. E os de amanhã.