Não quis voltar para a cama, mas sim escrever.Aproveitei ter ainda o computador ligado, pois, é por estas horas que as palavras melhor se encaixam e fazem sentido.Há uma frescura nestes momentos que não sei explicar.
O fim de semana, teve de tudo.Tempo com o meu pai...e um olhar sobre a forma como vai perdendo capacidades e por isso, uma dor mais funda no meu peito.
Uma seca de café concerto, mas que foi abrilhantado pela presença dos amigos...e pelo que sempre nos faz sorrir, não importanto o local.Obrigado Lu,Shed e Quintão...pela vossa presença.
Um sábado cheio de coisas diferentes,onde me permiti ter tempo para mim...fui dançar e deixar que o inesperado tomasse conta do momento.Há muito tempo que não o fazia.E que bom foi partilhá-lo com o Luís.
Uma tarde de voluntariado, em que tento que estejamos todos a remar para o mesmo lado...para sermos mais fortes.O céu cinzento não ajudou...e deixou-nos a todos mais down.E isso sentia-se em nós e nos doentes sobretudo.Mas nada que as cordas de uma viola não acordem...não mexam.Nada que um abraço ou expressão do Deodato não resolva e anime, quando me diz:"oh Ita, miiiiga...!"
Hoje, um doente disse-me olhos nos olhos, que á noite quando se deita, lembra-se sempre de mim e do meu Pai e que vai continuar a fazê-lo,porque gosta muito de mim e quer que eu seja feliz a sorrir.
Eu fiquei mesmo a sorrir olhando para ele, agradeci com um abraço mudo, mas sentido.Ele deu-me a força que alguns amigos não dão, da forma mais simples que pode existir.
No Telhal as relações humanas, estreitam-se, os projectos existem e têm pernas para andar e isso dá-me fôlego.
Ao chegar a casa, tarde, sinto-a vazia.E reclamo a presença do meu pai.
Sinto que já não sei o que é estar em família, há tanto tempo.Estarmos juntos á mesa por exemplo.Os horários andam desfasados, passamos todo o tempo livre que temos no hospital em "turnos" diferentes e há um desgaste visível.E assim, inevitavelmente, fui ver um filme para a cama dos meus pais, agarrada á almofada do meu pai, que cheira bem e me faz senti-lo mais perto.Por algumas vezes senti as lágrimas quentes a rolarem pela face e a serem absorvidas pelo tecido...e deixei-me por ali ficar e adormecer.
Depois acordei, e foi quando o coração me pediu para escrever.E aqui estou eu, pronta a entrar num novo ciclo, que não sei bem como vai ser, por estar neste momento congelado,embora o gelo seja transparente e lá dentro de possa ler a palavra, SIM.Todos o podem ler em mim, até senti-lo, mas não o posso concretizar,ainda.
E quanto a isto, nada posso fazer, senão esperar,confiar e cumprir a minha missão neste momento.
Amar o meu pai, até ao fim.
E depois sim, Amar o Mundo e quem vier, até ao fim, de braços abertos e sorriso no rosto, por igual.
Boa semana.
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