segunda-feira, 30 de março de 2009



A semana a começar...













Hoje a noite, correu mais calma, da 1h ás 6h20 da manhã, o sono foi seguido e sem sobressaltos, mas bem antes do despertador tocar, a voz do meu pai despertou-me.Eu estava ferrada, pois a noite anterior não me permitiu dormir em momento algum.
Continua cheio de febre, o pijama estava encharcado e as forças mais fracas do que ontem.Suspeitamos de alguma infecção.Insistiu em ir sozinho á casa de banho e teve uma quebra de tenção e quase caiu.Neste momento está a dormir.Hoje vai para o hospital, onde deve ficar internado para transfusão de sangue e recuperar.Conseguimos convencê-lo a ir de ambulância para ser despachado um pouco mais depressa e não ter de esperar horas esquecidas num corredor.Espero eu.
Num dia normal, a esta hora já estaria no trabalho.Mas não o podia deixar assim, só depois de o deixar entregue a quem o pode ajudar mais do que eu, descanso e vou para o trabalho.
Por isso acordei, tomei um banho, preparei-lhe um bom pequeno almoço, que quase não comeu e que me pediu que lhe desse á boca, foi a primeira vez que o fiz e lembrei-me de muitos doentes e idosos que acompanhei em semanas missionárias.Voltar a fazer tudo o que lhes fiz ao meu pai, é no mínimo estranho, mas faço-o com muito amor e firmeza, pois sei como agir,ás vezes fico espantada com a minha desenvoltura, e desembaraço para com ele.Como se já soubesse qual a melhor forma de agir.
Quando estava com essas pessoas, em campos de trabalho, pensava que um dia podiam ser os meus pais a precisar daquela dedicação, e isso assustava-me na altura.Pois esse tempo é agora e chegou para o meu Pai.
Sentei-me aqui com o pequeno almoço á frente, como com a calma que não é habitual de manhã...e quis escrever, talvez por saber que vocês estão desse lado e me escutam...e têm sido uma força.Talvez por saber que isto está a ser tudo tão doloroso, mas eu me sinto cheia de força para o que vier.Porque aprendi a viver com ela, diáriamente, mesmo nos dias em que está tudo bem e sorrio.E é ela que me vale agora.
Atiro-me de cabeça numa nova semana, sem saber bem como e de que jeito...
Confiando...com uma esperança que é em tudo, conformada.


domingo, 29 de março de 2009



Noite em claro




Depois de um Sábado cheio e muito feliz de grande partilha, com pessoas únicas na minha vida, a noite foi diferente...
São 8h04 minutos, da manhã de Domingo, e eu estou acordada e na net.
Pensam que endoideci.Quem a um Domingo, acorda a esta hora para escrever?
Eu.
A noite foi agitada.A acordar de 10 em 10 min, para ir ver o meu pai, ao quarto.Tem febre, sente-se mal.Sempre alerta fiquei, para ver se precisava de alguma coisa, para o ajudar a levantar, pois as forças faltam-lhe e a transfusão de sangue é apenas na 2a feira e ainda falta tanto.E um dia parece uma eternidade.Tem anemia, e a cor ausente de si.
Ao querer agarrar o copo de vidro na mesa de cabeceira deixa-o cair, acho que o prédio acordou.
Sereno-o.Volto para a cama, mas não sou capaz de dormir, vejo as horas a passar e temo.
Temo que noites como esta, se repitam e que a sua dependência aumente.Em silêncio rezo, e peço que seja como for, a paz regresse para ele e para nós.
A minha quaresma foi e está a ser em muito recusar tantas coisas para estar aqui.Aqui onde a minha missão está já ali ao lado, á distância de 4 ou 5 passos.E vou cumpri-la até ao fim.
Volto a ir ao quarto e substituo o copo por uma garrafa de plástico.E isto sossega-me.
Penso.Penso muito.No futuro, na minha família.No que está para vir.
As horas a passar e a luz de um novo dia a entrar pelo quarto ameno.Penso que alguns dos que amo, estão tão longe desta minha realidade.Enquanto alguém do outro lado do mundo, está tão perto e presente que oiço a sua voz e sinto o seu abraço.Também está acordada, mas pronta para ir dormir...ao contrário de mim.Cruzamo-nos aqui, e um farol brilha sempre a meio da noite...para nos dizer, que o amor a Deus e ao próximo é e será sempre a minha opção.A nossa opção.Mesmo que isso seja entendido por muitos como engenuidade ou inocência, no mundo em que vivemos.
(Interrompo esta escrita, para descascar um peça de fruta e fazer uma torrada, para o meu pai tomar os comprimidos,a quimioterapia que vai fazendo em casa, longe do frenezim dos hospitais e aproveito para tomar o pequeno almoço.)
Amanhã queria estar presente no envio de alguém que não conheço mas parte para Timor, para Laclubar, para reforçar a missão.Perdoem-me se não conseguir ir.Queria também passar a manhã na Idanha com a Catarina.E mais logo, os amigos da Póvoa e a Zélia e com quem faz parte de mim, mas perdoem-me se hoje, amanhã ou depois, eu não estiver para vocês...como desejo. Mas e se ele chamar e eu não estiver?
Há aqui uma missão e envio constantes, aos quais não posso faltar.
Bom são quase 9h e eu ainda vou tentar dormir alguma coisa.Mais leve agora e acho que oiço o meu pai ressonar.Que alívio.

Eu bem achei a noite de ontem ventosa e fria, só não sabia que o vento sopraria assim, aqui.


sexta-feira, 27 de março de 2009

Plim*

Como descrever...com que palavras?
A noite estava estranhamente calma (palavras tuas) quente e serena.
Estas noites de Primavera são como uma inspiração, um hino á beleza dos momentos, ás cores, ás luzes, aos aromas...aos toques.
Agora deixo-me ficar assim...dona de um segredo, que me faz sorrir.


"Eu vi-te chegar"...

quarta-feira, 25 de março de 2009




Cinquenta e dois minutos...






(Eu, á uns bons anos atrás, numa espera...algures)



Treze e trinta e oito da tarde. Não está calor mas guardo o casaco na mala. Já estou quase a enfiar-me na entrada do metro, aquela boca sempre pronta a engolir-nos, nunca exausta ou hesitante.
Não percebo sequer como decido. Mas sei que treze e cinquenta estou antes a descer a avenida que vai de Telheiras e que me leva ao campo grande, num passo estranhamente calmo (especialmente para mim), decidida a chegar lá pelo meu pé e não de metro.Quero Luz, gente, céu e não luzes artificiais debaixo do chão.
É o som que levo nos ouvidos a tocar que abafa o ruído dos carros que, ordeiramente, formam fileiras antes de todos os semáforos por onde passo.
Não sei sequer porque regresso a este álbum hoje, mas nem sequer me ocorreu que podia ouvir outra coisa.É aquilo que me faz estar mais comigo, mais dentro.Faz-me lembrar o Verão passado, um momento específico do Verão em que, sentada sobre as planicies alentejanas, penso que podia controlar alguma coisa perante tal quietude. Nesse mesmo dia, descubro que não há nada que consiga evitar e espalho-me ao comprido.
A vida desarma, mas o segredo é nunca desistir.
Quatorze horas da tarde. Avanço mais rápida, subindo por fim as escadas do metro e cruzando-me com os yuppies que as portas à volta parecem cuspir em grupos de três.
É isto que queres ser, pergunto-me, um par de pernas preocupado com o próximo corte de cabelo, com o stock de base que teima em nunca chegar e com as próximas férias num sítio onde possa ser vista?NÃO.Ando distante de tudo isso.Ando mergulhada na essência das coisas e das pessoas...no sumo que daí vem e provo.
E, se este fosse um outro dia, eu diria quem sabe que sim, que se lixasse o amor e uma cabana, que limparia uma cabeça perdida para as fantasias, que sacrificaria a minha paz de espírito pela paz do meu bolso.Mas não consigo, a paz que adevém de amar e querer amar o resto da vida assim, desinteressadamente, é uma paz sem igual, que me enche o peito de ar e me esboça um sorriso no rosto e na alma.
A conversa da noite anterior com a Alexandra, que está do outro lado do mundo, mas que continua a ser como um farol, volta a fazer eco em mim, e sim, preciso ouvir, parar e namorar mais com Deus, olhar para ele perdida no tempo e não me preocupar com aquilo que alguém avalia sobre mim.Mas perceber o que ele quer para mim.
Mas reparo, que são todos mais ou menos felizes assim, yuppies e eu, nestes tunéis de gente ou em qualquer outro local da City Lisboeta.
Quatorze e dez da tarde. Perco a conta às mensagens que já trocámos hoje e aproveito a pausa na espera do comboio para lhe responder mais uma vez e ficar sem saldo.Para reler.
Ele faz-me pensar que uma relação poderia subsistir apenas com palavras: uma pontuação cuidada, o estilo sóbrio misturado com a subtileza com que ambos aprendemos a viver, histórias que cabem em cento e sessenta caracteres.
Sei que está na hora de outro alguém voltar ao local onde pertence, sem mim, e sei que nos estamos a despedir agora.Uma despedida lenta e ao sabor dos dias...que vai derretendo na boca, como um rebuçado que já não adoça mas também não amarga.Apenas derrete.
E sei ainda sobre outro alguém, que estamos condenados a ser apenas isto, duas pessoas que gostam muito uma da outra, porque sim, que se podiam ter cruzado não fosse esta pessoa aqui ser um poço, um amontoado de incertezas e feridas que custam o Mundo a fechar. Mas o conforto de saber que ele está sempre ali, sempre à distância da minha mão ou da vibração do meu telefone é desarmante. É como se, esperando e conhecendo o nosso ritmo, pudéssemos atravessar os dois um jardim, uma cidade, um rio, uma ponte, meio descontentes com o que temos.Mas felizes por "nos termos".E ao mesmo ritmo e isso, é tão dificil de encontrar.

Quatorze e trinta da tarde. Estou a chegar a casa, a momentos de saber que almoço sozinha, mas hoje almoço cedo para o normal. Ainda teimo em abrir e deixar as janelas abertas para o sol me fazer companhia até aquecer o que quer que seja.
Estamos na Primavera e eu sinto-me a acordar de um sono invernoso.Talvez o gelo esteja mesmo a derreter.
Alguém que me arrebate deste sofá, se faz favor. Ou que me arrebate neste sofá. Ou que venha comigo a pé para casa desde o trabalho. Sem chatices profissionais. Só os dois,mão na mão, a fazer pouco de quem vai enlatado no autocarro em plena hora de ponta.
O resto é conversa, prometo.

sábado, 21 de março de 2009





Hoje voltei lá...









Nunca voltes ao sitio onde foste feliz.Dizem por aí...
Discordo plenamente.
Volto sempre aos locais onde já fui muito feliz,vezes sem conta, porque preciso...porque sou atraída naturalmente a voltar não uma nem duas vezes, mas muitas.
Se fui feliz, é porque esse local é mágico, belo e me faz sentir bem.E depois se há prazer em recordar, pois gosto de o sentir.
Ver de novo as pessoas bonitas que passaram por mim e ainda permanecem...ver de novo os meus pés descalços na areia, como quando tinha 5 anos e corria por esta praia.Sentir o mesmo abraço do mar azul, mal fazemos a curva e sentir o beijo do sol na minha pele até á alma.
Hoje estive lá, na Praia grande...tão grande como a infinidade dos meus pensamentos e desejos.
Caminhei...molhei os pés e as calças quase até aos joelhos, apanhei conchas e atirei pedras para longe, senti o cheiro salgado do mar...e ele entranhou-se na minha roupa e cabelo.
Uma rocha serviu-me de encosto virada para o sol, fechei os olhos e deixei que os sons e aquela paz tomassem conta de mim.Vi a felicidade em alguns rostos que por mim passavam, a mesma vontade de aproveitar a liberdade que é poder caminhar ali lado a lado com o mar, ele mesmo grande e profundo,e eram alguns em busca de um sol que ameaça ir embora por estes dias.
A praia da minha infância, adolescência e juventude, a praia da minha vida...pois hei-de sempre voltar, está diferente.Encontrei-a modificada pela erosão de um Inverno que já quer partir, as falésias deitadas abaixo, as pedras que caíram na areia, e a largura do mar para a estrada, mais pequena...sinais de abandono aqui e ali, mas talvez o verão a recomponha.A minha praia.
Gosto dela assim, quase vazia...imensa.Quanto mais perto da grande falésia, melhor.
Tal como ela, com o passar dos anos, eu mudei e vou mudando, há partes de mim que se vão deteorando, outras renovando, há pedaços que caem para nunca mais voltar ao sítio, outros ficam assim mais seguros.Por vezes também há sinais de abandono em mim, por certas coisas.
Mas algo que nunca muda, é a força daquele mar, a sua bravura e beleza, a sua imensidão, o seu aroma, a sua meiguice ao tocar a areia...
E porque isso não muda, eu posso e quero sempre voltar...lá, ao lugar onde ainda hoje fui tão feliz.

quinta-feira, 19 de março de 2009



Dia do Pai.













Duas décadas depois...a família Ramalho.










Hoje é dia do Pai.
Um dia de alegria para quem o tem e mais saudoso para os que estão longe dele ou já não o têm.
Para mim um misto de sentimentos.
Ver os miúdos levar a prenda do pai para casa, ansiosos de os surpreender e donos de um segredo onde eu fui cúmplice...ver a sua alegria foi bom.Mas pensava na alegria que eu já não encontro no meu pai.Estar doente, muda tanto as pessoas.
Andei a vasculhar o passado e retirei recordações que me aqueceram.
A fotografia mais antiga, tem uns belos 25 anos, talvez.
Foi tirada em casa da minha avó, a senhora que me agarra a camisola e não me deixa ir a correr ver a máquina fotográfica que tanto me fascinava.
Vá, estávamos em plenos anos 80 e as roupitas tal como o bigode do meu pai, assim o deixam ver, era decerto Carnaval.(É favor não gozarem com as minhas antenas e pernas em arco...)
Lembro-me de bons momentos em família e de ter uma infância feliz.
O meu pai tinha o bigode muito preto, eu e a minha irmã estávamos na idade, ela de brincar e eu de descobrir e fazer asneiras.
Eu tenho um feitio estranho, porque o herdei da minha mãe. Gostamos muito de impor ideias e às vezes não temos motivos para justificar o que dizemos. Damos poucas vezes o braço a torcer mas o tempo já nos amansou mais e só nisso somos iguais.
Do meu pai herdei a alegria.Trazia-me sempre que ia ao café, uma pastilha e umas quantas surpresas nos bolsos.Quando ia á terra, os bolos de gila...folhados.
Eu, como o meu pai, tenho sempre tempo para ajudar e deitar uma mão, ou será um problema em dizer não?Os outros e depois nós...Tanto que por vezes deixo que abusem...
Lembro-me dele acordar de madrugada para ir trabalhar.O meu pai (e a minha mãe) é o meu grande exemplo a muitos níveis mas também profissional: nunca o ouvi ter preguiça e muito menos a ser injusto. Como ele, tenho orgulho num trabalho bem feito e procuro ser sempre honesta comigo própria.
Numa fase muito má da minha vida, em que fui tudo menos verdadeira comigo e com toda a gente, lutava eu pela vida, o meu pai recebeu-me literalmente de braços abertos e consolou-me e ouviu-me chorar, o que aguentou.
Esteve sempre ali.Já fiz chorar o meu pai umas duas vezes na vida com medo de me perder.À minha frente, pelo menos.
O meu pai que me deu a vida, e só isso já é tanto, ensinou-me tudo: a preencher papelada, a resolver pequenas questões domésticas, a usar ferramentas.E no que toca aos sentimentos, a sensibilidade dele está em mim e o espiríto missionário também nasceu do seu exemplo.Sempre, mas sempre pronto a dar-se, mesmo quando esteve na cama de um hospital ele queria ajudar o vizinho da cama do lado, fosse como fosse.Comovia-se com as histórias de cada um.
Muitas vezes não o compreendi, mas hoje tudo faz sentido na minha cabeça.
O meu pai (e a minha mãe) deu-me sempre tudo o que conseguiu. E ainda mais, porque eu sempre tive um jeito de conseguir dele tudo o que queria.Sempre confiou em mim, mesmo quando rompia pela porta adentro ás 7h da manhã depois de uma noitada, na fase que todos passamos.
O meu pai larga tudo para me ajudar.
Agora foi a minha vez, de largar quase tudo para o ajudar.E estar.
Deixei para trás amigos, que antes eram presença diária, deixei locais, ambientes, rotinas, porque ele é tudo e vale mais que tudo isso junto.Porque há alturas na vida em que temos que ficar "longe do mundo, mas perto DE TI".
E acordar e poder dar-lhe um beijo na face, com a barba por fazer e sair para o trabalho a pensar nele, como todos os dias, foi tão bom.Ainda e sempre.
Quando tiver um filho, quero que o pai desse filho seja como o meu pai,exemplar, honesto, lutador, alegre, capaz, sonhador, sensível... o verdadeiro homem da minha vida.
E estas, são as grandes marcas da nossa vida.PAI.

segunda-feira, 16 de março de 2009



Rotações...


















Tenho deixado este cantinho quase ao abandono.
Passa-se uma semana, que não escrevo nada.Que não me sento com aquela calma, que respiro fundo e as ideias fluem livremente e eu digo exactamente aquilo que queria dizer de forma original e coerente.
Agora o tempo para me sentar assim, parece que se evapora.Mas não o lamento, pois esse tempo está a ser gasto com algo ou alguém que vale a pena.
Quanto não vale uma conversa, um bocadinho nosso, para conversar e observar o mundo a girar.
Sinto que para mim o mundo tem girado tão, mas tão depressa...que não me dou conta do tempo, de repente estamos em Março de 2009 e os dias são quentes e azuis.
O mundo gira sempre á mesma velocidade, e todos giramos com ele.Temos sim rotações próprias e essas sim variam muito.
Aos poucos habituo-me á pressa desenfreada das escadas do metro, e hei-de perguntar-me a vida inteira, para onde vai aquela gente toda, como se fosse perder algo precioso que nunca mais vai encontrar.Atropelam-se, correm, espalham os conteúdos das pastas...partem os saltos dos sapatos...uma infinidade de fotografias mentais que vou tirando e deitando fora da minha mente.Porque não as quero.Não as aceito e não entro nelas.
Um metro é apenas um metro...outro vem atrás.Perdê-lo não é grave.São coisas.Tempos.
Se correm assim por coisas, porque não correm assim por pessoas?E ás vezes pessoas que amam?No fundo correm por pessoas, mas por pessoas que pouco ou nada lhes dizem, os patrões, os colegas e as normas que ditam o ritmo.
Eu não corro assim por coisas, nem por pessoas.
Para tudo caminho, na minha rotação lenta mas firme.Apercebo-me das cores, dos rostos e sentimentos que antes eram misturas ensaiadas pela pressa, por uma rotação desajustada á minha pessoa.
A única coisa pela qual eu correria assim, desenfreadamente, neste momento, seria pela vida do meu pai.
Sobre ele não tenho falado aqui, pela decisão de não expor o seu sofrimento...que tem sido maior a cada dia que passa.
Por ele eu correria...e apanharia o primeiro metro da manhã, como se fosse o último...deixaria cair a pasta com papéis, partiria quem sabe o salto do meu sapato, talvez empurrasse alguém sem querer e por fim, estaria lá dentro a caminho de uma vida que nunca podemos agarrar, com as mãos.


Porque ela não nos pertence.
Agarro-a então e o melhor que posso, com o coração e sorrindo.
Sim o coração, ele que é livre...e sabe voar.


sábado, 14 de março de 2009

BAAAAAHHHHH

Today!
















Com um escaldão nas bochechas,trago os olhos marejados...

Chego a casa e o portátil avariado nem liga nem desliga, valeu-me o computador velho, cheio de virus.


Sem vontade nenhuma de te reencontrar...




Bom resto de fim de semana!

terça-feira, 10 de março de 2009

Coisas de Fada



















Os jardins estão cheios de gente.O sol assim o dita.
As cidades são mais bonitas com sol.
São três da tarde e consigo chegar a tempo de entrar na minha rua, ao mesmo tempo que os teus passos rompem pela porta fora e logo a seguir pela porta a dentro.Que sentimento este o de estar tão perto e tanto tempo sem o saber.
O de vivermos lado a lado.
Ultimamente, vejo mais as pessoas da minha rua.Páro mais aqui pela mina, e descubro afinal que aqui ainda há muitas coisas boas, mesmo que apenas passe de manhã e á tarde,de relance,mesmo que estejamos numa grande cidade.
Esta presença faz-me sentir que pertenço de facto aqui, e gosto de pertencer.Quem nem tudo está impessoal e que rever rostos que nos remetem á infância,pode deixar um sabor doce na boca.Esta é quer queira quer não a minha identidade.
Muitos,arriscam correr por entre a multidão que veio aproveitar os raios de Sol, de um dia como em poucos locais da europa se faz sentir.Aqui sim, á beira mar plantados somos Portugueses e temos 23º num dia de Março.E eu não corro, caminho.Três ou quatro pessoas estendem-se aqui e ali na relva, algumas lêm,outras correm, outras aproveitam para dar dois dedos de conversa numa esplanada e enchem-na por completo.
Na minha cidade e no bairro da mina, os velhotes sentam-se à sombra, têm jornais com que tapam a cara do Sol, fazem palavras cruzadas e levantam-se sem pressa. Por aqui, continuam o homem que tem um rádio literalmente atado à bicicleta, a senhora das pevides que monta a sua banca à porta da estação, o sem abrigo que destapa incessantemente as suas várias garrafas de vinho e o sapateiro que tudo resolve quando precisamos.Às vezes precisamos de sentir que há vida noutros sítios.Mas também é bom sentir que ela pulsa muito perto de nós, tão perto que não tinhamos sequer reparado nesta beleza escondida.
Ás vezes,precisamos enfiar o livro na mala e deixar a música em casa, descer as escadas apenas para dar um abraço, beber um café, caminhar na rua ao sol, para aproveitar a tarde como deve ser. E não precisamos sequer levantar a cabeça para sentir que há agitação à nossa volta.


Hoje, voltei a um local onde já fui muito feliz.Assim fruto do inesperado.

















O local, onde a aventura começou, onde aprendi a fazer isto mesmo, escrever.
A juntar 1+1 e 2+2...a brincar e a descobrir o mundo, de forma única e decisiva.
Só podia ser contigo, que me deixaste o portão aberto atrás de ti.E ali estava eu, no palco, onde desde 1986 a 1990, eu cresci, fiz as primeiras amizades, me apaixonei pelo rosto de um menino que não esqueço, chorei por vezes, caí e esfolei o joelho, sonhei e levantei vôo.Ainda hoje, faço isto tudo, mas com outras dimensões.
Enquanto ia caminhando lentamente por ali, pensava para mim:"há tantas histórias por aqui, que parece que as oiço desordeiramente, em uníssono", como um sonho onde se ouve tudo longe e se vê tudo esbranquiçado.
Uma data de vozes, de risos, de burburinhos, de flashs na minha memória.Até o cheiro o reconheci e passaram 19 anos.Os repuchos onde matava a sede, as portas onde me encostava...os muros, os recantos preferidos...as situações.A minha avó no portão á minha espera á saída, ainda antes do toque final.Os dias de inverno e verão.As festas.
Na parede, encontro um concurso do dia de S.Valentim, textos escritos por eles, e do mais verdadeiro que pode existir.O Amor na visão de uma criança..."Amor é sermos 2 e termos só um coração"...verdades expressas.
Ali dentro pensei em tudo o que já vivi, as palavras que proferi, as vivências que tenho, como um tesouro, e olho bem para a pessoa que sou hoje e sorrio.Agradeço.
Repito para mim, que "foi ali que tudo começou".Ali, na escola da mina, onde um dia já viveram reis, fadas e princesas...e eu sei que sim.

Que saudades, que sensação boa, esta, de regresso.


Ainda visitei uma sala, e pude dizer a esses meninos, que um dia eu estive ali também, e fui muito feliz.Eles ficaram a olhar para mim com um misto de entusiasmo e curiosidade.
Bom a verdade é que saí de lá de chupa-chupa na mão, oferecido por uma menina doce como ele o era.

Se não fosse contigo, dificilmente o faria...e por isso eu te agradeço, esta viagem ao centro de mim.
Esta, como tantas outras.Mesmo as que me custam mais.
Atrevo-me a dizer, que sim,que há caminhos que escolhemos.Mas sem dúvida, caminhos que nos escolhem.
E nós,tão docemente, deixamo-nos ir...


segunda-feira, 9 de março de 2009

Hoje sinto isto...

Deram um concerto em Sintra na sexta feira.

Alguém que foi e se lembrou de mim e de me mostrar quem são e a sua grandeza.

Harpas e sons do céu...são os Phamie Gow... e encantam.

Depois de ouvir esta, senti que traduzia muito bem o que sinto hoje.

Por todos os rostos que vi, que toquei, por todas as recordações que não passam disso mesmo, recordações.Que adoçam ou fazem doer.

E pela luz que alguém nos pode dar...com gestos simples.


Linhas breves




1.O fim de semana foi em formação missionária.Foi forte.Esclarecedor.Desafiador.Realista.E a realidade ás vezes custa.
Falo sobre estes dias, amanhã, com mais calma.Sem sono.


2.Não percebo o que pode mudar de um momento para o outro, na cabeça ou no coração de alguém.
Alguém que estava ali mesmo ao lado.E derepente, já não está.


3.Os amigos da Póvoa, num fim de domingo, foram calor.


4.Boa semana a todos.
Que é preciso que o seja.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Rostos e momentos que ainda marcam...




























































Marcam sempre!...



quinta-feira, 5 de março de 2009

quarta-feira, 4 de março de 2009





Lisboa, numa qualquer avenida.












Gente.


Cinco miúdos, com não mais que quinze anos, rodeiam um senhor barbudo e de muletas que soluça encostado a uma parede, como se estivesse perdido. Parecem tentar consolá-lo, ajudá-lo, mantê-lo calmo mas ele continua encolhido. Trabalhadores da construção civil descem a avenida aos três e quatro de cada vez. Têm pressa para voltar a casa, talvez porque querem ver futebol ou porque marcaram uma cerveja com os amigos. Nas mãos, trazem as marmitas que todas as manhãs passam para as mãos das mulheres e que despejam a meio do dia sem sequer pensar. Bandos de meninas do liceu, espalham-se pelo passeio, divididas entre o cigarro furtivo e os auriculares que teimam em cair.
São imagens decalcadas de um modelo primordial, cedendo à pressão de pertencerem a algum grupo, ansiosas por crescer em tempo recorde.
A meio da avenida, uma galeria subsiste e com ela uma rapariga que parece ter sempre frio, rodeada por todos aqueles quadros e todos os dias vidrada no computador.
Os meninos que saem do liceu sentam-se num café, dividem garrafas de cerveja, conspiram animadamente dentro das suas camisolas de rugby.Os autocarros seguem, amarelos, esperando aqui e ali que os carros em 2a fila se decidam a avançar.
É e eu caminho por ali.Penso em tantas pessoas que cruzam o meu caminho e me fazem bem.
Pinto um quadro vivo com o olhar e guardo-o na minha cabeça.Muitas cores, visões diversas de um dia com nuvens no céu, com vento, mas que nos faz sentir vivos e a lutar.É esse vento que vem e nos bate no rosto, para nos acordar.
O dia termina, na conversa com um grande amigo de há muitos anos.Há coisas que não mudam e ainda bem.
A vida em certos dias é só deixar fluir.






terça-feira, 3 de março de 2009

Primeiro Estranha-se,depois entranha-se!

Eles chegam, inflitram-se na multidão e quando menos se espera, está tudo a mexer, é de uma boa energia, que nos faria um bem enorme.Primeiro estranha-se e depois é isso mesmo, entranha-se e só se quer dançar.Velhos e novos, entra tudo.Viva o Bom feeling!

Um qualquer destes dias pela manhã, quem sabe assim, em plena estação do Rossio ou Entrecampos.

Fico á espera que eles passem aqui por Lisboa!

Ai o que eu não havia de dançar!!

segunda-feira, 2 de março de 2009



E 2A feira a chegar...


O fim de semana chegou ao fim.
Foram 3 dias de cativeiro forçado, mas que me fizeram parar.Era talvez isso que precisava.
Dois dias com febre e um melhorzita.Uns pingos de chuva lá fora, para lembrar o mês passado e me fazer companhia.
Consegui organizar muita coisa, dentro e fora.
Agora atiro-me de cabeça numa nova semana, mas desta vez, sem excessos.

Boa semana a todos!