quarta-feira, 14 de maio de 2014

Foi um caminho.Ainda é.








O meu pai,um chá e soltar as palavras.





Antes

Depois



O pior já passou.Passam 5 dias desde a operação.
Estas fotos, foram tiradas uma antes e outra no dia a seguir á operação.Ainda estava com um ar cansado, ao lado da querida Sofia, que rompeu pelo IPO dentro, com uma energia positiva que me deixou tão bem!
A noite de recobro foi dura, sempre a vomitar,enjoada, com dores e extremamente baralhada.Diz quem viu, que quando acordei era de chorar a rir.Pedia Nestum,dizia ás pessoas que estavam ao lado direito, que estavam lindas, olhando para o lado esquerdo.Olhava para os detalhes mais incríveis, como os pelos brancos do braço do meu primo.Ou adormecia no mesmo instante em que acordava e ria, ou chorava.
A operação foi um sucesso, devido ao seu resultado.Afinal dentro de mim, nada de mau vivia.E o que se podia tornar, saiu.A laparoscopia não resultou e ainda tentaram, mas optaram por cortar mesmo.E daí estar agora a recuperar a dobrar.Fisicamente.
Segundo a médica estou fora de perigo.E respiro.Respiram todos os que estão comigo.
Destes dias no hospital, trago memórias, daquelas que marcam e não se esquecem por mais que viva.
Pessoas que partilham o mesmo espaço, num altura destas...com dores, ansiedade e esperança também.
Há vidas absolutamente fabulosas, cheias de histórias para contar, que ouvi atentamente.Fiz novas amigas.Algumas de bastante idade.Foram elas que me fizeram rir...e me viram deitar as lágrimas dos primeiros passos e movimentos.Tal como as que passavam por lá como anjos, para me visitar.
Trago histórias de vida...que como sempre, faço questão de as reter.Pois são essas que nos ajudam a crescer.E trago mais uma página na minha própria história.O que me valeu, foram as minhas memórias.Fechar os olhos e voar até Moçambique e todos os lugares onde fui feliz.
O que vi  na verdade, foi uma médica, baixinha de ar sereno, arregaçar as mangas e meter as mãos ás entranhas das pessoas e concertar o que não está bem...com a maior determinação e coragem.Ali no bloco operatório, o dia quase todo.A olhar-nos nos olhos e a dizer, vai correr bem.
Isto aos 32, custa muito menos que aos 22.Encara-se de forma diferente, a resiliência é outra.Foi um caminho.Que preparei.Estive em Fátima uns dias antes, para rezar.Caminhar.Descobrir.Depois acho que simplesmente,aceitei.Confiei.Tive sempre presente o meu Pai.A pessoa de quem mais sinto falta, em todo este processo.A única que fez mesmo falta, ali ao meu lado.E apesar do medo, que sempre sentimos como seres humanos que somos...sinto que mais uma vez aquela estrelinha estava lá por mim.
Estes momentos servem para parar, para nos tornarmos ainda mais profundos e sensíveis ao mundo, ao que nele acontece.
É nestas alturas que também apuramos muita coisa, e conseguimos fazer uma limpeza interior e mesmo sentir quem vale a pena ter na nossa vida.Quem era feito de verdade ou quem era acessório.Está visto.E pouco ou nada mudou.
Agora, recupero, devagarinho e com muita calma.Um dia de cada vez.Um dia de cada vez.
Espirrar ou tossir é um Custo.Dormir sempre na mesma posição,cansa. Não poder apanhar nada do chão sozinha.Andar devagarinho.Sentar e levantar, dói.Mas vai passar.Vai passar.
Obrigado a todos,que de uma forma tão presente e profunda, de longe e de perto, se uniram a mim na oração.Essa bela forma de união.

E o mundo aguarda-me.

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