domingo, 24 de dezembro de 2006


Zagreb


Os dias passaram,e o dia da partida é já amanhã.
Gosto de estar de partida,gosto desta espera,que me faz preparar tudo cuidadosamente.
O meu natal tem sem dúvida outro sentido...e partir dia 25,dia de natal,será muito especial.
Partiremos como uma familia,tendo-nos uns aos outros,deixando para trás muitos dos que amamos nesse dia,as nossas comodidades e pequenos luxos,para viajar 3 dias por essas estradas fora,descobrindo amando,quem encontrarmos e sempre com Deus bem ao nosso lado.
É por ele que vamos (pelo menos eu),é com ele que vamos,é ele que nos guia e nos mostra o quanto é bom viver e partilhar momentos assim.
Recordo o ultimo encontro europeu em Milão,e o quanto me aproximou de mim mesma e daquilo que procuro.
Vou de mãos abertas...e pouco me importa se irei dormir no chão,comer enlatados a semana toda,passar 2 ou 3 dias sem tomar banho,estou com os que amo,e vou descobrir outros tantos,e só isso é tanto,que o resto fica reduzido a nada.
Também não sou exigente ao ponto,de ir á espera de uma familia,para ser acolhida,uma cama para dormir.Acho tão divertido quando partilhamos o mesmo espaço para dormir e a confusão que isso dá.
O ano passado ia preparada para isso mesmo,para dormir no chão e não ter familia.Mas afinal Deus brindou-me com uma familia linda,magnífica,com quem ainda mantenho o contacto.
Era uma casa acolhedora,recheada de crianças.A mais nova de 2 anos e o mais velho de 7 .
Foi o melhor presente que podia ter recebido,chegar todos os dias a casa e encontrá-los no sofá á minha espera,já quase a dormir,e assim que entrava,(até tinha a chave!),corriam para mim e tentava contar-lhes como tinha sido o meu dia por Milão,o porquê de estar ali.E como a familia deles,muitas familias acolheram amigos meus,pois eramos tantos,que se não fosse assim,não tinhamos onde ficar.
Eles compreendiam e ficavam contentes.Eram lindos.
Tenho saudades dessa casa,que também foi o meu lar,durante 4 dias,onde passei parte do 1º dia do ano de 2006,um ano em que só tenho a agradecer.
Este ano que se aproxima espero-o com tanta alegria...
Com tantos sonhos, para variar.Se não for assim,não vale a pena viver.Se a cada recomeço,não tivermos a alegre esperança de que tudo vai ser melhor e uma mão cheia de sonhos para repartir.

Em Zagreb,ainda não sei bem o que vou encontrar?
Friiio,neve,isso é certo.Mas acabo por nem sentir,tal é o tamanho do calor que geramos entre nós.
É esse calor que me move,é essa dúvida de nunca saber o que vou encontrar pelo caminho,que me faz querer ir,com uma certeza apenas,a de querer DAR.
O que sei é que já não me imagino a passar estes dias de outra forma.Também me custa deixar os meus PAIS,numa época tão especial,afinal este ano parto dia de natal.
E estes dias a seguir ao natal,sabem tão bem em casa.
Mas a verdade é que eu cresci,e comecei a descobrir qual o meu caminho,o que realmente me faz feliz e me aproxima de Deus,dos outros,do que desejo para a minha vida.E vou fazendo os meus voos,livre pelo céu.
E este espirito que nos traz Taizé,é aquele que eu escolhi,para viver,nem sempre consigo,mas todos os dias me lembro que sim,que quero,que ele mora em mim.Quem está a minha volta vive-o também...
É com vocês que parto,com o vosso sorriso,o vosso olhar...a vossa mão.
Recordo em especial,um rosto,um olhar,um sorriso que é inconfundivél e se destaca de todos os outros,que eu tive o previlégio de ser tocada por ele.
IR.ROGER.
Foi ele,que com toda a força do seu coração,arrastou multidões e continua hoje a arrastar.
Esse rosto,está e vai sempre comigo,e com mais 50.000 jovens que estarão em Zagreb.
Comigo vão também,os rostos e as vidas dos amigos que ficam.Mas sabem bem,que o meu coração não tem lotação,e lá irão.

Em Zagreb,tenho para encontrar,rostos de outros caminhos,que me esperam e eu a eles.Amigos de taizé,de Milão,do caminho de santiago e de tantos caminhos percorridos.
Este não é apenas mais um caminho que se faz.Mas um caminho que continua nunca vai terminar,pelo menos para mim.
Lembro-me exactamente onde o comecei e sei exactamente onde quero chegar.
Comecei-o no dia em que nasci,e quero chegar á alegria plena de viver,até onde Deus me levar...
....Eu vou,e vou a sorrir.

Abrirei os braços,no dia em que o menino Jesus,veio ao mundo e com ele no meu colo,partirei=)

sábado, 23 de dezembro de 2006

NATAAAAAL!!!!!





Diz-se que quando um homem quiser pode ser natal.
Por esta razão e outras sobre as quais não vale a pena divagar,apetece-me deixar uma prenda a todos os amigos que aqui passam,desejando de todo o coração,365 dias de natal,multiplicados muitas vezes por eles mesmos,com muito Amor,hoje, amanhã,depois de amanhã e durante todos os anos que espreitam no horizonte...

Amem muito nas coisas simples da vida.

Eu levo todos comigo no meu coração.

Feliz Natal

Aqui ficam os votos de um FELIZ NATAL...para todos aqueles que já fazem parte do PALATIUM...e também para os que hão-de vir.

Um bom ano de 2007...

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006





(Zagreb...)



Em preparativos, não tempo

para escrever...

mas sempre

para o sentir.
(Veneza)

domingo, 17 de dezembro de 2006

H.K...

Noite de brilhos...de estrelas na minha face,na tua,na vossa...




Dançar e deitar para fora essa força acomulada...

Sorrir...e deixar-nos contagiar pelo pedido meigo de alguém,que sabe aquilo que quer...e de tanto entusiasmo,nos levou mesmo até lá.

Obrigado Renata.







Mais uma noite que brilhará na memória...








Era uma vez na serra da estrela...






Lindo!!!

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Lua...minha lua!

Hoje a Lua faz anos!

Não,não é a Lua que brilha no céu,em certas noites.

É uma outra que eu conheço,que brilha aqui na terra,para todos os seus amigos,com tanta luz,que permite que caminhemos em noites mais escuras.

Esta lua a quem se pode dizer tudo pois tudo aceita e compreende,em tudo vê amor e alegria.

Uma lua que escolheu o mesmo caminho que eu escolhi,e caminha a meu lado,brilhante como ela só,plena de luz.

Quero contigo caçar estrelas cadentes,em noites longas...e viajar!

Parabéns ao que és e nos dás,Lua.




Dou por mim a poucos dias do Natal...recordando.





Faz tempo,que o Natal me deixa irremediávelmente mais quente por dentro.
Mais perto dos que estão longe e mesmo do que estão aqui,época em que recordo sem fim,outros natais.
Encanto-me com os brilhos que traz,não as luzes,nas ruas, mas sobretudo a luz que se acende nos olhos de algumas pessoas,mais aquela que eu gosto de acender,quando pouso o olhar...
Contudo,este ano,confesso,e talvez por estar mais ocupada e limitada a nivel de tempo,ainda não me embrenhei nas ruas da baixa,como faço desde pequenina,ia eu, pela mão da minha avó e a minha irmã pela outra,uma de cada lado.
Levava a minha capa encarnada,e o meu gorro de orelhas azul escuro,luvas nas mãos...e espanto no olhar.
Atravessavamos essa imensa avenida da Liberdade,encantando-me com 1001 tipos de luzes diferentes que por ali passaram.
Chegada ao Rossio,era a loucura com o sol de inverno a aquecer-nos,mergulhava sorridente no meio dos pombos e atirava-lhes milho,para logo a seguir entrar em pânico,porque pousavam em cima de mim todos ao mesmo tempo.E depois choramingava e voltava a reptir a proeza,sobre o olhar atento da minha avó.
O passeio não podia seguir,sem antes lanchar na pastelaria suiça,onde me lembro tão bem de ver aqueles casais já muito velhinhos,de braço dado,entrarem assim muito arrumadinhos,eles de chapéu e sobretudo,elas de saltos agulha,baton vermelho,e peles ao pescoço com a cara cheia de pó de arroz,cabelos armados em laca...a tipica velhinha alfacinha!
Os empregados de colete e lacinho ao pescoço,atarefados...o som das chávenas...
Ali, eu comia sempre um bolo que eu adorava,um guardanapo e um leitinho com chocolate,que vinha sempre acompanhado de um rebuçado no fim,porque era Natal e eramos crianças.
Depois de lanchar,era o grande momento de percorrer pela mão da minha avó, a Rua Augusta,essa que fazia os meus encantos,porque tinha sempre a iluminação mais mágica...e o fumo das castanhas no ar,havia crianças, com quem me cruzava,e balões coloridos...pessoas que pintavam no chão,caras,e faziam o impossivel...
Lá iamos pela mão da nossa avó,que sempre foi uma apaixonada pela baixa e pelo Natal.Eu sabia que a cada natal,havia um dia,que nos pertencia ás três...
E por fim chegava á parte em que me sentia realmente pequena,quando atravessava o grande arco,que divide a Rua Augusta do Terreiro do Paço.Desde o inicio da rua que o olhava,parecia um gigante de boca aberta e caminhavamos para lá,cada vez o via mais perto e ao chegar lá,olhava para cima mesmo enquanto andava,admirada com o seu relógio que deixa ver o tempo passar de qualquer ponto da cidade.
Passava um eléctrico amarelo,e aí estavamos nós já no fim do nosso passeio,na grande praça.
Ali parecia respirar fundo...de tanto espaço,e o rio logo ali ao entardecer.Iamos bem perto da água,havia uma pequena rampa,com duas colunas,cada uma com um bola na ponta.Eu queria sempre chegar mais perto da água...tocar-lhe,mas a minha avó nunca deixava.
Ficou-me esse desejo,e acabei por realizá-lo mais tarde em adolescente tantas e tantas vezes,mas depois deixou de haver rampa e as obras intermináveis começaram e nunca mais parecem terminar.
A baixa também já não é a mesma...nem os encantos,sem a mão da minha avó,o arco do relógio já não me impressiona e passo por ele vezes sem conta,sem me lembrar do seu tamanho.
As montras recheadas,nada me dizem.
Diz-me apenas o fumo das castanhas no ar...as crianças que por ali passam,com quem faço questão de cruzar o meu olhar,imagino que sintam o que eu sentia.Diz-me alguma coisa o rio Tejo,que corre sempre para o mar,diz-me o natal no seu verdadeiro sentido e não aquele com que o pintaram.
Que bom é recordar.
Agora queria ser eu a pegar na mão da minha avó de 85 anos,e levá-la comigo para a baixa e mostrar-lhe como tudo mudou,ao passo de que há coisas que nunca vão mudar,porque eu não vou deixar...porque as amo,as guardo,as cuido.
Mas ela está demasiado frágil e doente,agarrada a uma cama,na sua casa de memórias felizes,que fazem parte de mim também.
Não a poderei levar,mas fica aqui dito,que a forma como partilhou o mundo comigo,é responsável por muita da magia que me habita e me faz ver o mundo com olhos d' alma.

Obrigado, Avó Glória.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Ser ou não ser...eis a questão.


Penso que é altura de parar de escrever sobre a serra.Desde que cheguei ainda não fiz outra coisa,nem pensei em muito mais.

Vejo e revejo as fotografias...em busca daqueles promenores,que nos escapam sempre,mas são essenciais e muitas vezes mágicos.Mas a semana entra,e não perdoa...a deixar distante,o que de bom se viveu.

O trabalho, tem seguido o seu ritmo normal...e agora sinto que estamos todos a trabalhar em equipa,e damo-nos todos bem,há uma relação de confiança,de descontracção,o que nos permite sorrir e resolver tudo com boa disposição.

A cada dia que passa me convenço mais de que é isto que eu quero fazer,trabalhar com crianças e unir essa magia ao trabalho.Quantos o podem fazer,hoje em dia?

Realizada,é o sentimento no começo e no fim do dia.

Agora vejo aplicados tantos conhecimentos que não passavam de teoria...agora são actos práticos.Sinto-me segura,sei sempre o que fazer e julgo que o tenho feito bem.Acabo o dia com a sensação não só do dever cumprido,mas de algo que dei de muito importante,e recebo sempre aquele enorme carinho,e quanto não vale isso?

Apenas me deixa triste,as pessoas que me dizem que o meu trabalho,não tem nada que saber,e que é a coisa mais fácil do mundo...tomar conta de crianças.

Mas aí está o erro,é que eu não tomo conta de ninguém.

Eu Educo;caminho com;vejo crescer e isso tem em si um mistério e uma responsabilidade tão grande,como a dos homens que um dia eles vão ser,no futuro.Agora se joga tudo,agora se decide o que será.

Isto para quem julga que o meu trabalho não tem valor,e é demasiado cor-de-rosa,porque para essas pessoas,não há nada mais do que o poder,do que o dinheiro,do que serem chamdos de Doutores e Doutoras.

Que guardem para si os títulos e os cargos importantes,com a suprema inteligência que atribuem a si próprios.Eu escolho antes,os pequenos gestos,aqueles que ninguém vê,mas que vão deixar marcas,fico com as minhas canções infantis que adoro,fico com os desenhos animados,com as birras de sono,com as papas,os abraços sinceros e meigos de uma criança,fico com a sua evolução de dia para dia,fico a vê-los dormir e a receber essa paz doce,que me permite sorrir para o resto do meu dia e da minha vida.

Só podemos dar aquilo que temos.Se não temos,nada vamos dar.

Não basta querer "ser",sem o saber ou sentir.Para que serve sermos chamados de Dr. ou Dra...?

Um médico,é chamado de Sr.Doutor,mas se não for eficiente,não é doutor nenhum,eu conheci tantos assim,têm a sabedoria,mas não a humanidade de olhar nos olhos de um doente e sorrir,apenas despejam informação muitas vezes não perceptivel.

Como pode um psicólogo ouvir e ajudar,se nem a si se sabe ajudar quanto mais ouvir,ou falar.

Eu faço o que gosto,e não corro,nunca corri atrás de estatuto.Quero uma vida simples.Isto não significa que não tenha objectivos.Tenho e muitos,e belissimos.Sou feliz assim.

Para fazer o que gosto,não preciso de grandes técnicas,conhecimentos ou truques.Deponho tudo o que sou e aprendi naquilo que faço,com o maior amor do mundo.

No entanto,todos os trabalhos são importantes,pois são a alavanca que faz avançar o mundo,se faltar um que seja,já não resulta tão bem.

Sei desde muito cedo,que nasci para lidar com seres humanos,se forem pequeninos melhor.Pois eles não julgam,não condenam,choram quando querem e sorriem a maior parte do tempo,como se soubessem desde já que sorrir faz bem e que nascemos para ser felizes.São humildes,se precisam de ajuda pedem,não se fazem rogados,não têm orgulho e amam sem fim,sem medo.Nada precisam esconder,até porque não o sabem fazer.

E é por isso e muito mais,que os amo tanto,e aquilo que faço.

Aproximam-se as férias do Natal,e dia 25 parto Rumo á Croácia,Zagreb.Regresso em 2007,no ínicio do mês,e vou sentir saudades desta rotina que me deixa com energia,saudades do meu trabalho,mas sobretudo do que aprendo,com quem ainda dá passos pequenos na vida,mas me ensina a dar passos de gigante.

A vida corre...tudo parece voltar ao seu lugar,lentamente.

Oiço chorar...uuuppsss!Acordou...vamos brincar!=)

Até amanhã!

O natal oiço-o cá dentro...assim!

O natal aproxima-se a passos largos...já se sente a correria.

Eu não corro.

Paro antes,para ouvir música que ecoa dentro de mim.

Essa é a única que quero ouvir.Sempre.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Porque a serra encerra em si,este segredo.




Partimos numa viagem,longa,fria e chuvosa.Nada fazia prever o sol que nos foi oferecido pelos dias que se seguiram.
Entre cantorias,expectativas e muitas malas...o destino era, essa aldeia, de nome Casegas, cravada no sopé da montanha,que só de a ver ao longe..nos alegrávamos.Era o chegar a casa,depois de um dia maravilhoso,cheio de alegria,de horizontes que se guardam não só para sempre no olhar,mas sobretudo no coração.
Essa casa que nos acolheu e foi para nós um lar.De facto dei comigo vezes sem conta a olhá-la,a absorver todos os promenores e sentia claramente que cada peça foi ali colocada com carinho,a mais pequenas das peças..e caixinhas.A casa toda ela antiga como a das histórias e contos,a demonstrar que ali houve vida,calor,amor.Esse que também nós fizemos habitar por lá,por cada canto dessa "nossa" casa.



Uma fotografia,um retrato antigo,denunciava aqui e ali, um passado feliz,com história para contar e recontar.
Na casa ouvia-se cada passo,no andar de cima,e houve até quem temesse um fantasma (hihihihi).Havia um sotão e tudo,assim meio escuro,com báus fielmente guardados.O chão de madeira continha em si o peso dos anos e das vidas.
E ao abrir as janelas,uma serra e um verde se estendia todo á nossa frente.

Gostava de o fazer logo pela manhã,mal saia da cama.Abrir a janela de par em par,beber do sol,como sempre faço,e olhar para o verde sem fim,para os pinheiros,para a árvore grande que povoava o quintal,onde os pingos do orvalho pareciam mais cristais reluzentes de cores.
Uma casa que viu a alegria que estes dias nos trouxeram,no seu estado mais puro.Ela tem agora mais história,essa vivida e escrita por nós.
A aldeia povoada de emigrantes,a maioria esteve em França,pessoas vincadas pelo trabalho, de mãos fortes,olhar profundo,mas um coração tão grande e uma vontade de receber e abraçar,de ouvir e contar esses feitos que por lá fizeram.Desde pontes erguidas,ao túnel do metro de Paris,há a mão deles por muitos lados.Há uma vida de sacrificio,mas uma mão cheia de recordações...e agora é tempo para descansar no silêncio calmo da aldeia que os viu nascer,brincar em crianças,partir em jovens e regressar homens.Ali os dias correm tranquilos,e receber alguém é sempre motivo para uma grande festa.
Pelo menos assim senti,em cada casa onde entrei, senti que era familiar,nada me era estranho,nem os sorrisos,nem mesmo as lágrimas.




Pelas paredes as fotografias daqueles que estão longe,mas que se ama.E há sempre um bom vinho caseiro,um frango caseiro,verduras criadas com sabor a serra...que nos deliciaram,pois foram feitos com tanto amor e cuidado.
Há ali sabedoria, uma outra que não vem nos livros,por mais que nos fechemos a estudar.Esta não é para todos.
E se por acaso a vida se tornou mais solitária agora,com a velhice,pela perda dos mais próximos,deita-se uma lágrima é certo,mas logo se esquece a mágoa e se sorri,tendo por companhia o lume que estala, na noite fria.E nós fomos testemunhas de tudo isto que vos conto,e juntos temos também lume,calor,para quem lá nos recebeu,para quem se cruza no nosso caminho,e para nós mesmos.


Um lume que arde ainda e nos consome,e assim será...por muito e muito tempo
Penso no que lá deixei,adivinho-o no meu coração.Tenho saudades de tudo,mas sobretudo de nós,daquilo que os nossos olhos captam quando estamos juntos...daquilo que dispensa palavras.
Que harmonia,que cumplicidade,que dádiva.



Sinto até que o meu natal já aconteceu.Foi ali em Casegas,no meio de vocês e do fumo de uma qualquer chaminé,numa troca de prendas que foi tão feliz e simples.Aconteceu nos flocos de neve que caiam e dispensavam qualquer tipo de enfeites e luzes de natal,a neve branca era luminosa,como não existe nada.
Em 10 minutos, vimos a serra cobrir-se se branco e quase não saiamos de lá,depois de 3 horas de espera na fila.Mas não nos quisemos dentro do carro, vencendo o frio,estrada abaixo,eram bolas de neve,eram os nossos nomes escritos no manto branco,por nós com os pés,eram gargalhadas e até o arco-íris apareceu...tal como a primeira estrela.





E ao chegar a casa,aqueciamo-nos com fogo de amizade.Conhecem?É dos mais quentes que existe,e tão bom de sentir.


Havia então tempo para jogos ou conversas tardias...partidas,e canções.O nosso bengaleiro,estava carregado de casacos,gorros,luvas e chachecóis,que gritavam a vida por aqueles dias,na casa.
Entre cozinhados e pôr a mesa,e com todos a ajudar,num instante se fazia tudo.Banhos de manhã ou á noite,de água semi quente ou gelada,podiamos escolher(que o diga o Luís...).O aquecedor da Renata que caiu do céu,ajudava a a suportar o gelo que se fazia sentir.
Havia sempre um vizinha atenta,na janela que nos dava conselhos,e nos acolhia com o olhar,até nos deu as boas vindas e nos acendeu a lareira antes de chegarmos a casa
Gente boa,com alma grande,que recordo com saudade.
As flores ao entrar no quintal,brancas,que se prendiam em nós.
A lua no céu...grande e tão luminosa,aparecia todas as noites por detrás de um montanha,até ficar alta no céu,a sorrir-me...não esquecendo o pôr do sol no caminho.
Fecho os olhos,encosto-me na cama,abraço-me a mim mesma,vejo tudo claramente como se ainda lá estivesse,cada promenor,cada som,cada cheiro.
O rio onde nos despedimos da serra...onde o sol brilhou,com tanta força e o céu se pintou com o azul mais limpo.Ali sentados atirámos ao rio,pedrinhas,palavras,sentimentos,canções,e tudo isso foi na corrente e por esta hora já é parte de um imenso oceano.A vida é mesmo assim,nada se esquece,tudo passa,nada se repete.Mas tudo é parte desta construção a que chamamos viver,crescer,sentir.
Para mim foi reiventar a serra,dar-lhe mais um de mil sentidos,que possui para mim.
A serra que me viu crescer,e pela qual me apaixonei ao longo da vida,é hoje a minha casa,é hoje a mais bela serra que o mundo tem,e já vi muitas.Mas esta é especial.Amo-a de todo o coração.
Ela sabe tudo de mim.E continua a saber.Ficou a saber ainda mais um pouco,porque eu lhe contei e ela também me perguntou,em cada curva,caminho,riacho...horizonte.


Agora encerra em si este "segredo",mais um,dos muitos que lhe confiei.
Mas este não é só meu,é nosso.
Então já não é segredo...porque vos acabo de contar agora tudo.Todos sabemos e sentimos que esta serra nos fez amar e sorrir,nos deixou a paz,e nos uniu mais a Deus,ao mundo e ao próprio universo.Senti-me em comunhão com ele.







Assim quero permanecer,não apenas por uns dias,mas para toda a minha vida.






Grata ao Duende de luzinha na ponta do nariz,por esta magia...



segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

...A serra Continua,esta semana,a outra,e a outra,e para toda a vida!




.














Entra uma segunda feira,diferente de todas as outras.Hoje não me custa ser segunda feira.Nem acordar,nem o frio,que se faz sentir,porque tudo me lembra a serra.Sei que ela ficou lá,á espera que eu volte.
Saio de casa com uma energia boa de sentir.Um alegria que me nasce bem do fundo,da alma,e sei que nela não estou sozinha,vocês comigo.

Energia que me deu o verde ou bancura!Que me deu cada um destes rostos...que sabem tão bem como eu, aquilo que vivemos estes dias,que parecem bem mais longos.

Hoje senti falta de fazer fila para a casa de banho,de tremer de frio em todo o lado,de gritar e cantar em plenos pulmões...de encher o olhar com montanha que nunca mais acaba,de sentir o cheiro a lume...e o sabor do licor e da jeropiga...das nossas aventuras e jogos,risos e partilhas,de tomar o pequeno almoço com o sol a romper pela janela,e a lembrar-me que bom mais um dia juntos,embrenhados em serra...verde,azul,branco...arco-ìris!!!

Falta de poisar o olhar em tantos locais,aldeias perdidas mas achadas por mim,amadas por nós,falta de partir,para algum lugar e descobrir outro,de me sentar á beira rio,ouvindo a água,e recebendo o sol,quente tão quente.

De me parecer tudo encantado,porque o é mesmo.De sentir que está tudo bem...e a paz que isso nos dá.

Noites de céu estrelado e reluzente,noites de aconchegos e chá.O sentir família,em família,mesmo que não seja a minha,tornamo-la um bocadinho nossa,porque queremos.

Hoje pensei o dia todo em nós...em cada momento de plena luz e alegria.Sou tão feliz.

Minha serra,de mil verões,invernos,aventuras,paixões!

Voltei,e tu também,meu mundo de brilhos.


domingo, 10 de dezembro de 2006

Serra da Estrela...

Imagens de um fim de semana...para o qual ainda não tenho as palavras...que o definam.
Há esse regresso á minha serra...que cada vez ganha mais sentido.
Fomos tão felizes...juntos.




O som de uma guitarra...

Um sorriso que nos ensinou...



O rio que não pára de correr...

Uma lareira acesa, que nos aquece...

Um natal que se aproxima e que para nós foi possivel viver juntos...

Uma serra que nos abraçou...

Uniu...e encantou.


Uma neve pura...a cair só para nos beijar!


Um sol...de vida!

Esta serra tem poder...sobre mim.

(Amanhã continua...pois ela é muito alta e quero subir ao topo...sempre com vocês.)

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Rotina...nunca!

Os dias passam...e eu sinto de novo,o sabor da Rotina.
Contudo esta é ainda uma rotina boa de sentir,em 3 dias,já vi as mesmas pessoas,na estação á espera do comboio,e no comboio os mesmos rostos,cinzentos e cheios de sono.E eu com um sorriso gigante,porque vou fazer aquilo que gosto.
E quando estamos realizados é assim.
Em três dias,já vi o mesmo homem sem perna,a pedir esmola,e ele olhou-me nos olhos e eu sorri também,apesar de não lhe dar nada material.
Subi 1001 escadas para baixo e para cima...na estação,fiz a curva,entrei no Berçario e acendi as luzes e a música,abri as janelas para entrar a luz,e esperei receber nos meus braços,quem estava para chegar.
Mas em três dias,há algo que não é rotina...que é ver crescer feliz uma criança...e passar horas com ela,na maior paz que há no mundo.
Em três dias,esta rotina sabe-me bem.E quando for mais pesada,de tudo farei para a quebrar,seja uma nova canção,um novo filme,um novo sabor,um novo olhar...um novo amanhecer.
A rotina somos nós que a fazemos.Porque é que as pessoas se cansam rápidamente umas das outras,e daquilo que fazem,porque não se querem mover,para as tornar sempre novas,e surpreendentes...se houver amor,nada nos cansa.
O importante, é estarmos em harmonia com tudo o que nos rodeia.
Amanhã,é outro dia...em que deixo o sol entrar.
Ao fim do dia parto para a serra da estrela,para a covilhã,com os amigos.
Espera-nos uma aldeia,chamada Casegas...e muita alegria,com neve á mistura,jogos...tudo bem recheado de amizade.
Depois é abrir os braços e respirar aquele ar...guardar aquele verde e branco no olhar e voltar renovada,para mais uma semana de trabalho.
Gosto da nova rotina...e saberei sempre renová-la.
E para isso basta-me sorrir=)

China...i can feel the distance!

Sim,posso sentir a distância...

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Visita Guiada,ao meu local de trabalho!

Bem vindos,ao local onde se ajuda a crescer,a sonhar,a sorrir...

Esta é a sala de espera dos Pais...logo á entrada.




Depois seguimos para o escritório,onde se fazem as inscrições,e está toda a parte borucrática.Coisas ainda da gente crescida.



Depois temos a casa de banho,ainda pertencente aos adultos.

E agora sim...o nosso espaço,colorido e encantado!

O berçario onde os nossos prícinpes,dormem o seu soninho,mudam a fralda,e sonham...




É aqui que reinará o silêncio,a certas horas do dia...e a ternura não terá fim.

Onde me perco a olhar para essa paz...

Depois passamos á sala parque,onde se brinca,canta,dança,se faz birra,vê-se o Noddy,vezes sem conta,e também se come.



E finalmente a copa,onde se arruma e desarruma.

E há ainda há lá uma menina,chamada Rita,que habitou hoje pela primeira vez,o Palácium,e espera pelos seus príncipes,de braços e coração abertos.

Pronta para os ajudar a crescer felizes,com todo o amor que tem dentro de si,e mais aquele que eles vão fazer nascer,todos os dias.

O dia foi passado em alegre cavaqueira com o Gabriel,que é a coisa mais linda deste mundo!

Até amanhã...!!!=)

domingo, 3 de dezembro de 2006

A Coke Christmas

Ainda me lembro bem do brilho dos meus olhos quando via este anúncio...apenas pela magia que me transmitia!

Quem não se lembra?

Tasquinhas em Aveiras...

Um grupo de Amigos,com vontade de se divertir,rumou á terrinha,essa onde temos amigos também,Aveiras de Cima.
Foi bom fazer a surpresa ao Felipe,e respirar outros ares,comer outros sabores,provar outros vinhos...e até dançar no rancho,imagine-se eu!!!Fazer o que nunca se faz.
Porquê?Porque sim,porque queremos,porque nada nem ninguém nos prende...e porque nunca vamos deixar de ser quem somos...por nada.Porque simplesmente,nos apteceu passar das marcas...e o abafado é o culpado.



O jantar foi com sabor forte a alho,a chouriço assado,caldo verde,e torricado,com bacalhau,para finalizar alguém se lembrou que não sabiamos o que eram cuscurões,e lá no encheu o prato.
Há sempre um bem receber,uma familia que se estende e está junta para o bom e para o mau,para o alegre e para o triste,para os momentos de loucura e para os mais racionais.






Sabem o que vos digo...?
Quem não comete uma loucura,fica louco.

E por isso irei cometê-las sempre...e orgulhar-me de todos os meus actos e desejos.