quarta-feira, 4 de março de 2009





Lisboa, numa qualquer avenida.












Gente.


Cinco miúdos, com não mais que quinze anos, rodeiam um senhor barbudo e de muletas que soluça encostado a uma parede, como se estivesse perdido. Parecem tentar consolá-lo, ajudá-lo, mantê-lo calmo mas ele continua encolhido. Trabalhadores da construção civil descem a avenida aos três e quatro de cada vez. Têm pressa para voltar a casa, talvez porque querem ver futebol ou porque marcaram uma cerveja com os amigos. Nas mãos, trazem as marmitas que todas as manhãs passam para as mãos das mulheres e que despejam a meio do dia sem sequer pensar. Bandos de meninas do liceu, espalham-se pelo passeio, divididas entre o cigarro furtivo e os auriculares que teimam em cair.
São imagens decalcadas de um modelo primordial, cedendo à pressão de pertencerem a algum grupo, ansiosas por crescer em tempo recorde.
A meio da avenida, uma galeria subsiste e com ela uma rapariga que parece ter sempre frio, rodeada por todos aqueles quadros e todos os dias vidrada no computador.
Os meninos que saem do liceu sentam-se num café, dividem garrafas de cerveja, conspiram animadamente dentro das suas camisolas de rugby.Os autocarros seguem, amarelos, esperando aqui e ali que os carros em 2a fila se decidam a avançar.
É e eu caminho por ali.Penso em tantas pessoas que cruzam o meu caminho e me fazem bem.
Pinto um quadro vivo com o olhar e guardo-o na minha cabeça.Muitas cores, visões diversas de um dia com nuvens no céu, com vento, mas que nos faz sentir vivos e a lutar.É esse vento que vem e nos bate no rosto, para nos acordar.
O dia termina, na conversa com um grande amigo de há muitos anos.Há coisas que não mudam e ainda bem.
A vida em certos dias é só deixar fluir.






1 comentário:

Anónimo disse...

Olá Ritinha! Tu cruzaste o meu caminho e fazes-me bem... Bigada! Abraço*