terça-feira, 10 de março de 2009

Coisas de Fada



















Os jardins estão cheios de gente.O sol assim o dita.
As cidades são mais bonitas com sol.
São três da tarde e consigo chegar a tempo de entrar na minha rua, ao mesmo tempo que os teus passos rompem pela porta fora e logo a seguir pela porta a dentro.Que sentimento este o de estar tão perto e tanto tempo sem o saber.
O de vivermos lado a lado.
Ultimamente, vejo mais as pessoas da minha rua.Páro mais aqui pela mina, e descubro afinal que aqui ainda há muitas coisas boas, mesmo que apenas passe de manhã e á tarde,de relance,mesmo que estejamos numa grande cidade.
Esta presença faz-me sentir que pertenço de facto aqui, e gosto de pertencer.Quem nem tudo está impessoal e que rever rostos que nos remetem á infância,pode deixar um sabor doce na boca.Esta é quer queira quer não a minha identidade.
Muitos,arriscam correr por entre a multidão que veio aproveitar os raios de Sol, de um dia como em poucos locais da europa se faz sentir.Aqui sim, á beira mar plantados somos Portugueses e temos 23º num dia de Março.E eu não corro, caminho.Três ou quatro pessoas estendem-se aqui e ali na relva, algumas lêm,outras correm, outras aproveitam para dar dois dedos de conversa numa esplanada e enchem-na por completo.
Na minha cidade e no bairro da mina, os velhotes sentam-se à sombra, têm jornais com que tapam a cara do Sol, fazem palavras cruzadas e levantam-se sem pressa. Por aqui, continuam o homem que tem um rádio literalmente atado à bicicleta, a senhora das pevides que monta a sua banca à porta da estação, o sem abrigo que destapa incessantemente as suas várias garrafas de vinho e o sapateiro que tudo resolve quando precisamos.Às vezes precisamos de sentir que há vida noutros sítios.Mas também é bom sentir que ela pulsa muito perto de nós, tão perto que não tinhamos sequer reparado nesta beleza escondida.
Ás vezes,precisamos enfiar o livro na mala e deixar a música em casa, descer as escadas apenas para dar um abraço, beber um café, caminhar na rua ao sol, para aproveitar a tarde como deve ser. E não precisamos sequer levantar a cabeça para sentir que há agitação à nossa volta.


Hoje, voltei a um local onde já fui muito feliz.Assim fruto do inesperado.

















O local, onde a aventura começou, onde aprendi a fazer isto mesmo, escrever.
A juntar 1+1 e 2+2...a brincar e a descobrir o mundo, de forma única e decisiva.
Só podia ser contigo, que me deixaste o portão aberto atrás de ti.E ali estava eu, no palco, onde desde 1986 a 1990, eu cresci, fiz as primeiras amizades, me apaixonei pelo rosto de um menino que não esqueço, chorei por vezes, caí e esfolei o joelho, sonhei e levantei vôo.Ainda hoje, faço isto tudo, mas com outras dimensões.
Enquanto ia caminhando lentamente por ali, pensava para mim:"há tantas histórias por aqui, que parece que as oiço desordeiramente, em uníssono", como um sonho onde se ouve tudo longe e se vê tudo esbranquiçado.
Uma data de vozes, de risos, de burburinhos, de flashs na minha memória.Até o cheiro o reconheci e passaram 19 anos.Os repuchos onde matava a sede, as portas onde me encostava...os muros, os recantos preferidos...as situações.A minha avó no portão á minha espera á saída, ainda antes do toque final.Os dias de inverno e verão.As festas.
Na parede, encontro um concurso do dia de S.Valentim, textos escritos por eles, e do mais verdadeiro que pode existir.O Amor na visão de uma criança..."Amor é sermos 2 e termos só um coração"...verdades expressas.
Ali dentro pensei em tudo o que já vivi, as palavras que proferi, as vivências que tenho, como um tesouro, e olho bem para a pessoa que sou hoje e sorrio.Agradeço.
Repito para mim, que "foi ali que tudo começou".Ali, na escola da mina, onde um dia já viveram reis, fadas e princesas...e eu sei que sim.

Que saudades, que sensação boa, esta, de regresso.


Ainda visitei uma sala, e pude dizer a esses meninos, que um dia eu estive ali também, e fui muito feliz.Eles ficaram a olhar para mim com um misto de entusiasmo e curiosidade.
Bom a verdade é que saí de lá de chupa-chupa na mão, oferecido por uma menina doce como ele o era.

Se não fosse contigo, dificilmente o faria...e por isso eu te agradeço, esta viagem ao centro de mim.
Esta, como tantas outras.Mesmo as que me custam mais.
Atrevo-me a dizer, que sim,que há caminhos que escolhemos.Mas sem dúvida, caminhos que nos escolhem.
E nós,tão docemente, deixamo-nos ir...


4 comentários:

Anónimo disse...

Kida Ritinha, adorei mais esta partilha, da minha fada preferida... Bigada!
Abraço ----§--@

NRF disse...

Sempre a percorrer caminhos....

NRF disse...

Sempre a percorrer caminhos....

Anónimo disse...

ritinhaaaaaaaaaa...sim há caminhos que nos escolhem e eu tenho sorte de vos ter no meu caminho...deculpa parece que andamos desencontradas...mas assim que a minha mana tiver livre do trablho....vamos sair...ela leva nos...bjs

adoro te mt

zelia