quinta-feira, 19 de março de 2009



Dia do Pai.













Duas décadas depois...a família Ramalho.










Hoje é dia do Pai.
Um dia de alegria para quem o tem e mais saudoso para os que estão longe dele ou já não o têm.
Para mim um misto de sentimentos.
Ver os miúdos levar a prenda do pai para casa, ansiosos de os surpreender e donos de um segredo onde eu fui cúmplice...ver a sua alegria foi bom.Mas pensava na alegria que eu já não encontro no meu pai.Estar doente, muda tanto as pessoas.
Andei a vasculhar o passado e retirei recordações que me aqueceram.
A fotografia mais antiga, tem uns belos 25 anos, talvez.
Foi tirada em casa da minha avó, a senhora que me agarra a camisola e não me deixa ir a correr ver a máquina fotográfica que tanto me fascinava.
Vá, estávamos em plenos anos 80 e as roupitas tal como o bigode do meu pai, assim o deixam ver, era decerto Carnaval.(É favor não gozarem com as minhas antenas e pernas em arco...)
Lembro-me de bons momentos em família e de ter uma infância feliz.
O meu pai tinha o bigode muito preto, eu e a minha irmã estávamos na idade, ela de brincar e eu de descobrir e fazer asneiras.
Eu tenho um feitio estranho, porque o herdei da minha mãe. Gostamos muito de impor ideias e às vezes não temos motivos para justificar o que dizemos. Damos poucas vezes o braço a torcer mas o tempo já nos amansou mais e só nisso somos iguais.
Do meu pai herdei a alegria.Trazia-me sempre que ia ao café, uma pastilha e umas quantas surpresas nos bolsos.Quando ia á terra, os bolos de gila...folhados.
Eu, como o meu pai, tenho sempre tempo para ajudar e deitar uma mão, ou será um problema em dizer não?Os outros e depois nós...Tanto que por vezes deixo que abusem...
Lembro-me dele acordar de madrugada para ir trabalhar.O meu pai (e a minha mãe) é o meu grande exemplo a muitos níveis mas também profissional: nunca o ouvi ter preguiça e muito menos a ser injusto. Como ele, tenho orgulho num trabalho bem feito e procuro ser sempre honesta comigo própria.
Numa fase muito má da minha vida, em que fui tudo menos verdadeira comigo e com toda a gente, lutava eu pela vida, o meu pai recebeu-me literalmente de braços abertos e consolou-me e ouviu-me chorar, o que aguentou.
Esteve sempre ali.Já fiz chorar o meu pai umas duas vezes na vida com medo de me perder.À minha frente, pelo menos.
O meu pai que me deu a vida, e só isso já é tanto, ensinou-me tudo: a preencher papelada, a resolver pequenas questões domésticas, a usar ferramentas.E no que toca aos sentimentos, a sensibilidade dele está em mim e o espiríto missionário também nasceu do seu exemplo.Sempre, mas sempre pronto a dar-se, mesmo quando esteve na cama de um hospital ele queria ajudar o vizinho da cama do lado, fosse como fosse.Comovia-se com as histórias de cada um.
Muitas vezes não o compreendi, mas hoje tudo faz sentido na minha cabeça.
O meu pai (e a minha mãe) deu-me sempre tudo o que conseguiu. E ainda mais, porque eu sempre tive um jeito de conseguir dele tudo o que queria.Sempre confiou em mim, mesmo quando rompia pela porta adentro ás 7h da manhã depois de uma noitada, na fase que todos passamos.
O meu pai larga tudo para me ajudar.
Agora foi a minha vez, de largar quase tudo para o ajudar.E estar.
Deixei para trás amigos, que antes eram presença diária, deixei locais, ambientes, rotinas, porque ele é tudo e vale mais que tudo isso junto.Porque há alturas na vida em que temos que ficar "longe do mundo, mas perto DE TI".
E acordar e poder dar-lhe um beijo na face, com a barba por fazer e sair para o trabalho a pensar nele, como todos os dias, foi tão bom.Ainda e sempre.
Quando tiver um filho, quero que o pai desse filho seja como o meu pai,exemplar, honesto, lutador, alegre, capaz, sonhador, sensível... o verdadeiro homem da minha vida.
E estas, são as grandes marcas da nossa vida.PAI.

1 comentário:

Anónimo disse...

Querida fada Ritinha: mais uma vez adorei este pequeno excerto q li da tua vida... Sinto q te fiquei a conhecer um bocadinho melhor... E arriscaria dizer q ao teu papá também. Desejos de um bom fds em família... Aquele abraço ;)