domingo, 28 de abril de 2013

Lisboa guarda um segredo.








Queria dizer-te isto:


Lisboa é tão bonita. Olha como o entardecer de Abril pousa suavemente sobre a cidade. Vê como a Primavera volta passo a passo aos sítios que foram seus, e a brisa da tarde beija as cortinas e as plantas das casas do teu bairro. 


A tua vida tem estado feita de noites, de lágrimas e de estrelas, de luas frias e silenciosas. Deixaste que os teus olhos se acostumassem às ruas escuras, à penumbra dos bares, às luzes de neon e ao fumo azulado, como se fosses um anjo caído. 


Ouve-me, eu vim da tarde luminosa e asseguro-te que chegou a Primavera. Fecha as portas do teu armário e deixa que a tua roupa negra, os teus sombrios pressentimentos, as tuas máscaras de amargura caiam no esquecimento. Vai à varanda da tua sala, olha para os céus diáfanos, ouve o ritmo musical da vida nas ruas e procura aí a tua esperança.


Lisboa é tão bonita. Estou contigo na varanda e vejo o mesmo que tu, sei que a esperança sempre esteve aí, nas ruas de Lisboa. Escondida e em silêncio como uma criança que se esconde, à espreita e ansiosa por ser descoberta.


A sombra da morte nunca poderá anular aquilo que é vida!


Um beijo*







Dizem-me por vezes que é absurdo o Universo, que a vida não tem sentido. Mas não é um sentido o que procuro, nem uma explicação ou uma promessa, senão o estar aqui, viva e em equilíbrio comigo. Gosto deste simples abandono, sim, a palavra justa será abandono, a doce renúncia que me proclama dona e senhora do meu caminho. Hoje sinto vontade de deixar a outros as tarefas deste mundo, e que o meu mundo seja a magia desta tarde, e dos sonhos que ardem dentro do meu coração. 
Quero deitar-me nestes campos verdes e sentir a quietude de Abril pousar sobre mim, essa subtil penumbra Primaveril, e saber que ninguém virá interromper a minha tarde. Quero viver o que sinto dentro de mim, não quero sobressaltos, nem vozes, nem horas marcadas. Agora sei onde está o meu equilíbrio, agora sei que vive dentro de mim algo que é mais vivo do que a vida que tantos dizem viver.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Abraça-me.









Abraça-me. Quero ouvir o vento que vem da tua pele, e ver o sol nascer do intenso calor dos nossos corpos. Quando me perfumo assim, em ti, nada existe a não ser este relâmpago feliz, esta maçã azul que foi colhida na palidez de todos os caminhos, e que ambos mordemos para provar o sabor que tem a carne incandescente das estrelas. Abraça-me. Veste o meu corpo de ti, para que em ti eu possa buscar o sentido dos sentidos, o sentido da vida. Procura-me com os teus antigos braços de criança, para desamarrar em mim a eternidade, essa soma formidável de todos os momentos livres que a um e a outro pertenceram. Abraça-me. Quero morrer de ti em mim, espantado de amor. Dá-me a beber, antes, a água dos teus beijos, para que possa levá-la comigo e oferecê-la aos astros pequeninos. 
Só essa água fará reconhecer o mais profundo, o mais intenso amor do universo, e eu quero que delem fiquem a saber até as estrelas mais antigas e brilhantes. 
Abraça-me. Uma vez só. Uma vez mais. 
Uma vez que nem sei se tu existes. 

Joaquim Pessoa, in 'Ano Comum' 

sábado, 20 de abril de 2013

Vai mudar...eu sei.






O tempo vai mudar, eu sei. 
Denuncia-o o vento que me revolve os cabelos quando fecho os olhos e penso na partida.Mais a norte, nessa Europa,ainda não cheira a este sol.Nem o sol existe como aqui.Nem tu existes ali.
E a madrugada avança e eu estou parada,escrevo, mais uma vez e como se fosse a primeira vez, como se não adivinhasse este dilúvio dentro de mim. Quando te disse que gostava de ouvir a tua música, era apenas isso que queria dizer: que a queria ouvir até que ela me cobrisse, até que não houvesse mais nada. Conversamos tanto sobre tão pouco que às vezes duvido da minha capacidade de abstração e de me exprimir. Falamos, usamos palavras gastas, moldamos-lhe o significado, tentamos alterar-lhes o sentido até que elas possam dizer exatamente o que queremos mas nunca conseguimos, ficamos sempre quase lá.
Em suspenso.

E tu, quando tu me pedes silenciosamente para ir embora,(porque nunca me prenderias dos meus sonhos) sabes que gostaria de ficar. Desenterras a ferida mestra com que me marquei um dia e sabes exatamente quando e como me vou magoar. Não faz mal, penso eu. Não importa que saibas ler-me para além de todo o ruído com que normalmente me cerco. Eu quero ser triste contigo, porque tu sabes como dói. E quando a minha dor passar a ser a nossa dor, a tristeza vai amansar e seremos menos tristes,os dois. Sentada neste banco alto , espero apenas o momento em que me desarmas para soltar o dilúvio de mais uma despedida.
E vai ser a ver-te tocar que me vou despedir. De palavras, de sal. E se me ofereces mais um momento, é porque sabes como a dor desiste de mim quando a euforia me controla o corpo. Só quero que me doa até chegar aqui. Até ao momento em que abrimos a porta e não olhamos mais para trás .Antes disso e depois disso, eu sou apenas mais uma.



Ai Lisboa.





































Lisboa.

Pode mesmo acontecer um bocado de tudo. Podemos escolher a melhor esplanada plantada mesmo em cima do rio.Depois subir a Alfama, vagueando. Ir por uma rua, descer pela outra, apenas para descobrir mais.Mais janelas abertas ao sol.Mais floreiras a rebentar de cor.Uma idosa, apanha sol na soleira da sua porta, e ao peito guarda o amor de uma vida.As saudades, confessa, são enormes.Mas foi feliz.Os seus olhos não mentem.
Depois colocar as mãos em 200 anos de historia, que continua ali de pé, admirar cada entrada de luz,cada recanto.Respirar a alma dos que nos fizeram grandes.E lá de cima, olhar o horizonte,sentir o vento.Esta lisboa que aprendi a Amar na distancia.Cada vez que venho, a amo mais um pouco. 
8000 pessoas chegaram a Lisboa estes dias, em navios de cruzeiro.Ouvimos Italiano,Espanhol...e todas as línguas que nos escapam, enquanto falamos a nossa.

Descemos e a marginal é nossa.Vamos onde o vento nos levar.Caminhamos enquanto o mar nos rebenta no rosto.E em alguns minutos vem o entardecer.Sonhamos,projetamos, divagamos, estamos.Junto ao mar, esfriou, não ficamos mais.E se voltarmos a Lisboa?...quero estar perto dela, enquanto posso.Vamos a sabores do mundo e assim viajamos.Bebemos mais uma cerveja enquanto ponderamos se vale a pena tirar a máquina da mala. Podemos maldizer todos os males deste Portugal, toda esta crise bem como as nossas próprias crises interiores.Ser humano, implica sofrimento, mas uma alegria que esbate tudo o resto! mas não podemos evitar saber e amar os segredos desta cidade luz... 
E quando percebemos que sim, que vale a pena, ainda não é tarde demais para mais um martíni e um tango na Bica.O rio ainda fica ali ao fundo.Temos sempre mais a dizer.Nunca nos cansamos de falar.Observar.A noite flui.Amigos Dinamarqueses fazem a festa.Porque eu não tenho barreiras.E todos os cantos do mundo falam.Talvez pudesse acontecer tudo noutro sítio. Mas acho que só aqui é que sabe bem.
E apesar de o mundo estar á minha espera.

Lisboa.





E desta vez, o coração vai nas malas, também.
Assim me vou.


quarta-feira, 17 de abril de 2013

Hoje vou estar na SIC...





Bom, hoje mais uma destas lides televisivas.
Ainda me recordo da entrevista de 2011, que dava conta da minha grande paixão pela vida, pelo mundo, pelo voluntariado.Os olhos brilhavam-me, podendo partilhar como se pode ser feliz, amando, por esse mundo fora.
Desta vez numa perspetiva mais profissional, falo do que me ocupa no momento.
Em direto pelas 16h30.

Wish me luck.


(500) days of summer...





As minhas merecidas 2 semanas de descanso, estão a terminar.Tempo para rever quem amo e ler os meus livros ao sol,provar os nossos sabores, não faltou...e ver filmes do passado, mas que continuam a fazer sentido. Se eu tivesse visto este filme há um ano atrás, teria certamente sido uma noite daquelas: acabaria de ver o filme e, depois de lamentar estar sozinha, enfiava-me debaixo dos cobertores e ficava indecisa entre desesperar ou ser mais forte que isso.Afinal estava longe...num outro continente.
 Mas a verdade é que este filme está cheio destas verdades e desencantos de que também é feito o amor. A reciprocidade é uma cabra e às vezes penso nas probabilidades de encontrarmos uma pessoa que queira exatamente o mesmo que nós, também exatamente no mesmo espaço de tempo. E bem, se não fosse eu ter sido agraciada com essa possibilidade, é de loucos. Mas eu acredito em tudo o que vi neste filme: as noites psicóticas sem certezas, as indefinições dos primeiros tempos, a vontade de abraçarmos uma pessoa controlada pelo nosso medo de nos magoarmos. E acredito na música e em sítios especiais, em alinhamentos de planetas, nos defeitos que se adoram, no apesar de tudo...que se contorna, se assim se quiser. E até pode ser coisa de filme mas quem é que nos disse que uma tarde de sol, não estamos numa rua,numa praça de touros,num jardim,num comboio,numa igreja,num instante... e olhando para o lado, senta-se mesmo ali a pessoa da nossa vida? Acreditar é a única coisa que nos mantém vivos.
Até que ela finalmente chega e acaba-se a ansiedade toda.Toda.




Ou não.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Que perfeito coração no meu peito bateria...

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[...] Quem te dera teres-lhe este amor. Quem te dera que ele pudesse ser o homem que imaginaste sempre que não conseguias dormir – sempre. Ele é bom e é bom para ti mas, quando pensas nele, há sempre um mas. Só que ele agarra-te pela cintura e fala-te de estrelas e diz que és uma cidade com muitos corações a baterem dentro de ti, que as ruas ensolaradas de Lisboa são como os caminhos do teu afeto, que os teus cabelos negros são as amarras invisíveis que o prendem aqui, que tens nos olhos todo o encanto das tardes de Verão passadas na beira deste rio [...]



Cansada de me importar e cuidar.
Hoje,por estes dias, quero todo o sol que não tive em outros momentos.
Preciso desta luz a fazer-me respirar, de dançar com o pensamento, de suar o que me faz mal, de me aperceber de todo o amor que pelo mundo corre.
Acontece que me canso, como dizia o poeta.
Hoje,fez sol.
Acontece que os dias não são todos iguais e tenho dentro uma revolução em curso, tenho coisas para dizer mas não ouso dizê-las, sinto-me vacilar. Preciso de mais desta luz, de me esquecer do que sinto, de me afogar em esquecimento. Divido-me entre o racional e o emocional, ensaio os passos junto à parede, preparo-me para sacudir as coisas belas. Sinto-me urgente, envenenada pela minha própria vontade, traída pela minha absurda capacidade de acreditar. Quero a cabeça cheia de ruído e o coração arrumado.

Sabia que me ias fugir, que eu ia querer que fugisses. Nunca ficas muito tempo, apenas o suficiente para me poderes marcar outra vez e desaparecer.É tudo demasiado rápido contigo, mas eu lembro-me em câmara lenta para preencher os espaços. Porque, na minha cabeça, cada uma é sempre a última vez.
E ainda bem, que estou quase de partida, novamente.
Oxalá seja uma partida, em que o retorno não traga o mesmo sentimento...se a vida o permitir.




quinta-feira, 11 de abril de 2013

Por LIsboa...









O rio Tejo, calmo como um gigantesco lençol azul que se estendeu um dia entre margens. Casais que vão juntos ver o rio. Os primeiros sinais de Primavera. As esplanadas da rua Augusta, com os seus preços inflacionados e clientes sem pressa. O Bairro Alto antes da meia noite.Por onde ando eu e como me sabe bem parar por Lisboa, ainda que por breves dias.



quarta-feira, 10 de abril de 2013

Sobre a pela que há em mim, tu não sabes nada...




Porque não queres. Fazemos parte de constelações tão diferentes, desalinhadas na sua essência, porém capazes de se cruzarem em pleno trânsito astral. De vez em quando, pedes-me que me mantenha na tua órbita, num movimento estudado do qual já conheces o fim, porque foi assim que o planeaste sempre. E eu, de vez em quando, esqueço-me de ti, arrumo-te a um canto, declaro-te oficialmente erradicado de todos os momentos que antecedem o meu sono. Deixo de pensar nos teus lábios, nas perguntas que nunca chegaram a aparecer, nas perguntas que me atrevi a verbalizar,mas para as quais não temos resposta,penso no depois. Sobre a pele que há em mim tu não sabes nada. E eu, que sempre te quis entender, que um dia pensei que talvez tivesse chegado a hora, que te dou sempre segundas e terceiras e quartas oportunidades, hei-de aceitar que estou a anos-luz de quem tu queres. Nesse dia, mesmo a tua pele (o teu cheiro a efémero sobre o meu rosto) deixará de contar, os teus olhos deixarão de me procurar quando estás de saída, as minhas mãos deixarão de escrever sobre ti. Mas continuarás sem saber nada sobre a minha pele.
Mas saberás para sempre, sobre a minha alma.E isso vale tanto.


A certeza que me faz feliz...






Depois de 1 mês que parecia 1 ano...uma semana em paz. Ou melhor duas.
Caminhos abertos para ir descansar onde quiser.Reencontrar os que amo.Por agora tenho estado em casa, reorganizando as minhas coisas, ou num banco de jardim ao sol, com sabor a café e vou ignorando a onda de transformação gigantesca que se vai abater sobre mim. 
Detenho-me nos detalhes mais banais do quotidiano.
Sobre mim também, desejo somente e apenas prenúncios de felicidade, da silenciosa certeza que lentamente me aperta o coração que bate por estes dias, descompassado. 
A tristeza que não adivinhei poder sentir debaixo deste Sol de Abril, vem certamente de um sítio escondido como a tranquilidade que comecei a sentir debaixo deste mesmo céu. Perdemos umas, ganhamos outras. E este Sol lembra-me que, apesar de tudo, sou uma pessoa cheia de sorte e com objetivos definidos.E bastante mais feliz...porque serei sempre livre.