Olhos que vêm,olhos que sentem... flutuam,acariciam, protegem, olhos que se apaixonam, todos os dias...pelo mundo.
domingo, 29 de abril de 2007
Dazkarieh
Quinta feira á noite...22h.
Fnac do Chiado...
Noite amena, conversa saborosa.1000 coisas para dizer.
Mais uma vez, um convite para um novo som, pelo menos para mim.
Mais uma aventura sem sair do lugar...nas tuas mãos.
Os teus convites serão sempre assim, uma caixinha de surpresas, onde vou aprendendo a confiar...a fechar os olhos e a deixar-me ir.
Acaba por ser sempre mágico...o que se vive.
Junta-se mais alguém e ficam duas pessoas que amo muito...a partilharmos um som que nos leva para bem longe.
Som Português, bem das nossas raízes.
Som que sempre parece ter existido, cá dentro.
Ora suave, ora forte, ora de perto, ora de longe...
Gaita de foles, adufe, pandeireta, berimbáu ...
Uma sala que se encheu aos poucos...e que ganhou vida e ritmo...
quarta-feira, 25 de abril de 2007
A nossa História...
Há amigos, que é como se nos conhecessem desde sempre.
Tudo começou no ano de 2002, em Almeida essa aldeia, onde fomos para servir um povo.
Na altura eramos as duas jovens missionárias da Consolata, a Clara do nucléo do Porto e eu de Lisboa.
Vivemos juntas a Páscoa Jovem...uma das mais bonitas que vivi, pois ainda não conhecia Taizé.
Ela apresenta-se como Clara, e eu com o Escura...até hoje, nunca mais terminou este sorriso e esta amizade que nos transforma e pinta de mil cores...
Abril de 2002...Almeida
Voltamos a viver a Páscoa juntas de uma forma bem diferente.
Já mil voltas deu a vida, surpresas boas e más, e nós lá...com aquela confiança e magia...
Nunca deixamos morrer esta amizade, nem pela distância ou o tempo que nos separou tantas vezes.Entre o Porto e Lisboa, lá fomos tantas vezes...e entao era aquele abraço.
Quando estive mal...cá estava a Clara, a dizer-me com o seu sorriso que tudo estava bem...e iria ficar bem.E será por isso que confio tanto nos que amo, os que sempre acreditam em mim...e eu neles.
Juntas significa, não haver limites para nada...é gargalhadas na certa...e até lágrimas,é loucura, porque a intensidade de uma amizade se mistura nisso mesmo, na vida tal como ela é...e vem até nós.
Não precisamos ver-nos todos os dias...para o saber, muito menos falar, é algo que está tão certo e seguro em nós...que nos irá acompanhar para o resto dos nossos dias.
Vivemos momentos que nunca ninguém poderá imaginar, dos mais puros e intensos que um ser humano pode ter.Que marcam e transformam.
E assim seguirá este caminho...
(Olhando bem para a foto, passados 5 anos, acho-me sem dúvida mais velha...ahhhhhhhhhhhhhhh!!!E mais gordinha...e não tenho os meus caracóis, para dar lugar a 1001 tranças, mas tenho, mais história para contar até no rosto e no olhar...
E o coração ainda mais cheio de coisas bonitas, pessoas bonitas...experiências únicas e que me constroem...Obrigado!)
ÁVINHO EM AVEIRAS...
Pois é, passaram quase 2 semanas que estivemos juntos no ávinho em Aveiras de Cima, nessa terra onde temos tantos amigos...
Tudo aconteceu uma semana após o regresso de Taizé, o ávinho funcionou mais como um pretexto para estarmos juntos de novo...e passamos a semana toda a falar nisso.
Até o Cabrita veio de Faro, agora que está por lá a tempo inteiro e tanta falta nos faz...e a Clarinha veio do Porto, e mesmo perdendo o comboio que ia para a Azambuja, fomos buscá-la a Santarém...e isso valeu-me ficar sóbria o resto da noite.
De longe e de perto, os abraços e reencontros sucederam-se.Tivemos um acolhimento fantástico e nisso esta terra acolhe sempre bem.
A música para dançar, Quim Barreiros, ou se é Português a valer, ou fica-se em casa.
Pé de dança aqui pé de dança ali...caneca na mão...a festa seguiu noite dentro.
Mas a festa nunca podia continuar e nunca estaria completa sem ir buscar o meu Emanuel, que estava em casa a fazer um trabalho.Fomos até sua casa.Duendes no jardim...iluminados.
De porta em porta, de adega em adega, de tasca em tasca, sempre com a caneca na mão, lá percorremos Aveiras, e rimos do que não tinha piada, e cantamos as músicas de Taizé...abraçados, ainda emebidos pelo espírito que nos acompanhava do regresso a casa.
Mas o bar dos escuteiros,esse foi o palco da noite...acolhedor, com fotografias antigas na parede, bem ao jeito de Portugal...Chouriços bifanas, a tipíca festa, como não há nenhuma no mundo.Ai se gosto!!!
Mas do que mais gosto, é desta família que se cria, deste receber, destes sorrisos que nos deixam quentes por dentro e a nunca deixar morrer aquilo que Taizé nos ensina.Porque pouco importa as condições onde vamos dormir ou comer, se estivermos juntos com essa alegria que é paz, então está tudo bem...
No centro deste acolhimento, este amigo Felipe, que sempre tem espaço para amar mais e mais.
Festejar é preciso...rir é preciso, abraçar, dar graças...
Obrigado Vida...
terça-feira, 24 de abril de 2007
segunda-feira, 23 de abril de 2007
Depois de um dia caseiro, que não tinha fazia tempo, de ter acordado há hora que o corpo pediu, de ter tomado o pequeno almoço em pijama, com a maior calma do mundo em frente á televisão e de esperar preguiçosamente pelo almoço que assava no forno, dou-me ao luxo de um banho demorado e perfumado.
A semana não me permite esta rotina...e sabe bem demorar assim sobre as coisas que nos fazem sentir bem...
Tinha saudades de casa, na verdade é isso, vou a casa todos os dias, mas isso não é estar em casa.A última semana mal vi os meus pais, ou comi com eles á mesa.Saia do trabalho para os ensaios para o festival, e chegava tarde...e cansada.
Este festival consumiu-me tempo e energia.
Valeu-nos o prémio de melhor letra, ou não fosse ter sido escrita por uma poetisa.O festival em si teve um bom ambiente e obrigado a todos os amigos que apareceram por lá, para dar uma força, afinal estar em cima de um palco e olhar rostos familiares no meio de tanta gente sempre ajuda.
Depois de uma semana de correrias, escolho a noite para sair...o ar está ameno e o céu estrelado, apetece-me rio ou mar.
Este domingo é finalmente meu e faço dele o que mais quero.
A companhia é a de muitas e muitas vezes ali, em frente ao rio...conversando.
Ali permaneço na margem contrária, desde a última vez que comtemplei este rio que mais parece um mar, Lisboa adentro.
Águas calmas, serenas, iluminadas pelos navios de cargas que passam e por um cruzeiro que deixa escapar música alegre, que vem até nós pelo sabor do vento.
Imagino por instantes a vida dentro daquele barco, a as pessoas que nele embarcaram, que dançam, brindam, cantam e gozam desta forma a mesma noite que eu, deixando para trás Lisboa, rumo a outras paragens...
Ás vezes apetece-me partir, não por fuga, ou por estar mal aqui, mas porque por mim estava sempre de partida, viajar é das melhores coisas que há, um novo lugar dá-nos sempre novas cores, novos brilhos, novos desejos.
Ainda assim, sabendo que amanhã é segunda feira, fico a ver o cruzeiro afastar-se e alegro-me por todos os que lá vão, e por momentos ter viajado nele...
Olho á minha volta, acordo, e vejo tanta gente, crianças, idosos que passeam de mãos dadas, cães que correm, ninguém parece importado com o facto de ser segunda feira, todos querem aproveitar os restos de um dia que ainda nos pertence por inteiro, há uma agitação fora do normal para um domingo á noite...ou sou talvez eu, que a sinto por dentro.
No meu pensamento, muita gente que não vi, mas queria ter abraçado, no meu pensamento Taizé, inevitávelmente, ainda e sempre muito presente.Os laços que ficaram e que cuido.
Na minha convicção, que esta semana, será mais calma.
Vou pegar naquele livro que deixei a meio e acabar de o ler, vou voltar a escrever tudo o que tenho guardado...
Quero voltar a nadar mais que 1 vez por semana, nadar faz-me bem e eu tenho mesmo que perder peso.
Não é um propósito mas uma certeza.
Será o regresso á calma e ás nossas essências?
Incrivel como um domingo me fez decidir tantas coisas e relembrar outras.
Era disto que eu precisava, de parar junto de mim...e arrumar as gavetas da alma.
domingo, 22 de abril de 2007
Dedicado a uma qualquer noite em que me resgataste, para a outra
margem...
Gosto de ti como quem abraça o fogo,
Gosto de ti como quem vence o espaço,
Como quem abre o regaço,
Como quem salta o vazio,
Um barco aporta no rio,
Um homem morre no esforço,
Sete colinas no dorso
E uma cidade p’ra mim.
Gosto de ti como quem mata o degredo,
Gosto de ti como quem finta o futuro,
Gosto de ti como quem diz não ter medo,
Como quem mente em segredo,
Como quem baila na estrada,
Vestido feito de nada,
As mãos fartas do corpo,
Um beijo louco no porto
E uma cidade p’ra ti.
Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.
Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.
Gosto de ti como uma estrela no dia,
Gosto de ti quando uma nuvem começa,
Gosto de ti quando o teu corpo pedia,
Quando nas mãos me ardia,
Como silêncio na guerra,
Beijos de luz e de terra,
E num passado imperfeito,
Um fogo farto no peito
E um mundo longe de nós.
Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.
Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.
*Pedro Abrunhosa (2007)
sábado, 21 de abril de 2007
quarta-feira, 18 de abril de 2007
A aldeia de pedra...rodeada de verde a perder de vista,um horizonte que nos leva para longe...
Esta aldeia que só de a ver surgir ao longe, tudo dentro de mim se remexe...ali onde tudo é um promenor, belo e cuidado...
Tudo é humilde...e simples, e por isso é que o Irmão Roger a escolheu...porque Deus habita sempre na simplicidade.
Dali podemos ir para todas as direcções...é verdade.Basta escolher.
É uma janela para o mundo.
Casas antigas...de pedra, acolhedoras, parecem tiradas de um conto de fadas.
Os habitantes, pacatos e timidos, habituados a ver muita gente por ali...
E ao fazer a curva, que fica depois da igreja do silêncio, abre-se um horizonte enorme...que me faz respirar fundo.
Ali está a campa do Ir.Roger...onde me sento muitas vezes a olhar para ela...para as flores que a cobrem...vivas, bebendo do sol...pintando-me o olhar.
Numa aldeia com menos de 25 casas, nasceu esta comunidade que agora acolhe 7000, 8000 pessoas que vêm de todo o mundo, porque ali, respira-se algo muito especial...e quem lá foi sabe disso.
E porque se volta sempre...sem nunca nos cansarmos...ou desiludirmos?
Esta aldeia encerra em si...aquela paz, que nenhum outro local, me pode fazer sentir.
Os sinos tocam...e a agitação em torno das casas de banho começa, tudo corre para a primeira oração em comunidade com os irmãos...
Rezar em Taizé, 3 vezes por dia, é do que sinto mais saudades.Mas mesmo muitas.
Ando a cantarolar os cânticos dia e noite...e tenho bem presente, se fechar os olhos,a imagem da igreja e da sua cor laranja, bem como o calor que ali se sente, quando se entra.Acolhimento.
Mil luzes acesas a indicar-me o caminho, e acalmar o que na alma se levanta...por vezes.
Horas apetecidas na igreja, junto aos amigos, rezamos juntos, gostamos de ali estar, e sentir essa paz, que nos faz adormecer e acordar com aquela paz, mesmo depois de deixar Taizé...
Aos poucos vão-se juntando, e somos muitos.Sinto-me em familia...
Ali tenho longas conversas com Deus e com os que amo, enquanto sigo com o olhar a luz trémula das velas, e ponho os olhos na cruz.
Confiando.
Mas rezar em Taizé vai muito além da igreja da reconciliação...
A igreja do Silêncio, ali tudo se ouve...mesmo aquilo que não se quer.Ai também se reza no mais profundo silêncio.
Há recantos onde é possivel estar, e que proporcionam a oração e o encontro pessoal com Deus e com os outros.
Recordo uma capela de madeira atrás da Igreja, onde todos os anos me junto com jovens da Catalunha, para rezarmos juntos...porque é só ai que nos vemos, para além dos encontros europeus.
E ali partilhamos de tudo...
As orações diárias, enchem a igreja de rostos, de vidas que anseiam esse encontro com Deus...ou simplelsmente estão ali, porque se sentem bem.
A oração da noite aquela que mais toca,e onde se quer sempre permanecer...a da manhã a que mais se falta,mas a que nos deixa bem logo cedo e a do 12h a que retempera forças...conheço cada uma...
A oração conta com todos, crianças, idosos, mas a maioria jovens...A união das vozes, das linguas, é algo que também fica no ouvido.Todos cantam todas as linguas...
terça-feira, 17 de abril de 2007
E a 20 min de atuocarro...fica Cluny.Um vila lindissima, onde quem está em Taizé, invade por vezes, as ruas...em busca de algumas particularidades que ali há...
Assim um dos dias foi passado lá...no autocarro a festa começou logo...e depois foi entrar em Cluny a dançar jazz...lá ouve-se música nas ruas...o que lhe dá um encanto, especial.
Cluny, tem uma abadia com 300 janelas...e muito bonita, é uma vila Medieval...muito bem cuidada, onde abundam galerias de arte, exposições, festivais de Jazz, casas de chá...e as mais variadas lojas...cavalos, festas...enfim, nada parado para uma vila.
A arquitectura não deixa de me surpreender...de cada vez que lá vou.
Ando olhando para cima, para os lados, não quero perder nada...
Os recantos ainda por descobrir, as ruelas, as avenidas com gente de fora...e da terra, as mil montras enfeitadas, tradicionais, ali respira-se vida...há casas de Duendes e Duendes a sério...
Desta vez entramos em vários locais, mas apenas 2 me marcaram.
Um deles uma galeria de fotografias...onde marido e mulher viviam, de uma forma simples e que acolhe quem chega, tanto que cantaram para nós, música Irlandesa, e nós cantamos o fado...havia uma salamandra para os dias de frio, as paredes de pedra, um piano e uma guitarra...uma bicicleta encostada.
Ele da Califórnia, ela da Irlanda...a viver em França.Uma vida que não dá dinheiro, mas que dá felicidade...pois fazem e estão onde mais querem estar.
E o sorriso que tinham demonstrava bem isso.Cheguei ás lágrimas por perceber que eram tão felizes...com tão pouco.É mesmo isso que desejo.
E mais tarde entrei numa loja de chapéus á Francesa, e de casacos feitos com pura lã, tingidos e bordados á mão...o que eu queria era apenas 230 euros...sai da loja que foi um instante, e regressei á simplicidade de Taizé...isso fez-me perceber bem, que sou muito feliz com o que possuo...e ter mais não me fará nunca mais completa.
Pela carreira da tarde, chegaram a Cluny os meninos de Aveiras...e foi uma animação.
Tentamos entrar na abadia e nada, portas fechadas, toca a saltar muros...e foi uma festa, para eu passar o muro, mas passei...depois de muito rir e parar o trânsito local...por me ver entalada num muro...ahahahahah! Houve gelados para todos a preço de ouro.
Houve aulas de artes marciais...e houve sobretudo alegria...
Cluny dá vontade de ali viver...com tantas casas á venda, e pertinho de Taizé, pena os habitantes serem tão frios...ou não fossem Franceses.
Mas quebrámos o gelo...ruas fora...
Sempre que vou a algum local e encontro uma chave destas...sei o que quer dizer...só espero que desta vez, seja a valer.
A última que vi foi num castelo...mexem comigo, sei lá.
Ficam as pequenas magias de Cluny...terra de Duendes verdadeiros, e de olhares que não se esquecem...beijados por um sol aberto de Primavera.