quarta-feira, 25 de junho de 2014

Carta.Aos 66 anos do meu Pai.



Sabes Pai, cada vez que atravesso os céus  rumo a algum lado,vou já a pensar como gostava de te dizer tudo o que se passa no Mundo e que tu não podes saber.Estamos em Junho e eu estou em Angola.É já sabes que África me chama sempre.
Tinha vontade de te mostrar a tua vila, amada, mais uma vez,de campos verdes e água por todo o lado,mesmo estando tudo na mesma, mesmo a vista sendo sempre igual.Sabes Pai, o sol regressou e quase fico contente, porque em vez de chuva e de dias frios e cinzentos, ficas agora debaixo deste quentinho alentejano.

Sabes Pai, a minha luta ainda não acabou e penso que ainda não  se fecha o ciclo e eu quero acreditar nele.  Falo contigo em pensamento, tantas vezes, porque tenho a esperança secreta que, algures, ainda nos possas ouvir.  

Tenho tantas saudades tuas e não quero aqui falar das coisas tão boas de que me lembro porque o mais certo é regressarem as lágrimas. E se me contenho, e se agora me acalmo, é porque desde há 4 anos atrás que acredito que vocês se escondem num sítio secreto, onde vão ficar para sempre, esperando também por nós.Senta-te sempre na asa dos meus aviões.Está bem?

E tu já foste, mas deixaste tantos mundos cá em baixo.

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