quarta-feira, 25 de junho de 2014

Faz hoje 66.




Amanhã temos festa aqui em casa.Mousse.Gelatina. Balões.Tudo.
O meu pai faz 66 anos.Hoje.Digo hoje faz,porque me dói menos.

Mas a festa não é por ele.É pelos 4 anos de uma menina.
Coincidências.

Foi por ele que parti em 2010...pelo mundo e quase não parei desde então.Por ele.Porque lhe prometi, que para mim, tal como foi para ele, fazer os outros felizes e ajudá-los seria sempre a minha missão mais importante.
E tem sido.Procuro imitá-lo.Era um homem exemplar.De sorriso fácil e disponível.E que coração, capaz de abarcar tanto e tudo.

Tenho sempre saudades dele.Daquelas que nunca mais podem deixar-nos.Mas há dias em que nos lembramos mais.Este será sem dúvida um deles.

Uma casa cheia de crianças...velas para soprar.Presentes para abrir.E eu festejo por ele.O nosso mundo interior festeja o que quiser, onde quiser.É secreto para quem queremos que seja.Somos santuários de sentimentos.

Hoje, dou as voltas ao mundo que ele já não pode dar.E imagino sempre que se senta na asa do avião a olhar para mim, que encosto o rosto ao vidro e fico a divagar...ou a dormir.
Por mais que diga, não posso expressar.Expresso muitas coisas.Mas esta é das mais difíceis. Também é tão minha que nem tenho de o fazer.Como se gere a dor da perda?Eu geri amando ainda mais.Viajando, enchendo-me de mundo e de mundos.
A intensidade da marca que é uma vida, que se foi.
A voz.A pele.O cheiro.A forma de agir...a calma, a gargalhada,os trejeitos.Únicos.A vida que me deu e que eu faço por viver intensamente.



Faço não.Vivo mesmo.Por ele.Porque ele existiu.E viveu.

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