Isto de ter coração...
Partem-nos o coração tantas vezes. Como meros espectadores, olhamos, incrédulos, o momento exacto em que o amor deixa de existir. Já não há som, apenas os movimentos nervosos, irados, indiferentes da outra boca. Sabemos tudo o que vai ser dito, sabemos até como tentar impedir que o impacto seja tão brutal mas reservamo-nos o direito ao silêncio. Não dormimos à noite, não há nada que possa reparar o dano tão depressa e, por isso, passamos as noites em claro. Horas após horas de escuridão completa, horas passadas a reconstruir momentos que não sabíamos guardados, repetições desastradas dos momentos de cisão. Na nossa rua, no caminho de casa, no cinema passeiam-se os fantasmas que criamos para nos defendermos. Estamos mais sozinhos quando há alguém que não nos quer.
Reconstroem-nos o coração tantas vezes. Somos tantas vezes alheios ao instante preciso em que a vida se encarrega de nos mostrar outro caminho. Fixamos frases inteiras, memorizamos partes de um sorriso, imaginamos muito para além do permitido. À noite, as horas custam a passar. É uma desinquietação cá dentro, uma agitação nervosa sem par, o cheiro e a cor dos olhos e a maneira como apoiam a cabeça nas mãos a perturbar-nos o sono. Subitamente, a dor desaparece, dá lugar à euforia que contemos em frente a um espelho ou a ouvir aquela música. Cristalizamos na nossa memória uma maneira doce de olhar, uma perna nervosa debaixo da mesa, o respirar que sentimos mais perto. Atrapalhados, buscamos a forma mais complicada de nos beijarmos. Mas quando repetimos a sequência vezes e vezes sem conta, conseguimos a harmonia e guardamo-la até à próxima vez que nos quebrarem, ou que nos encontremos.
Reconstroem-nos o coração tantas vezes. Somos tantas vezes alheios ao instante preciso em que a vida se encarrega de nos mostrar outro caminho. Fixamos frases inteiras, memorizamos partes de um sorriso, imaginamos muito para além do permitido. À noite, as horas custam a passar. É uma desinquietação cá dentro, uma agitação nervosa sem par, o cheiro e a cor dos olhos e a maneira como apoiam a cabeça nas mãos a perturbar-nos o sono. Subitamente, a dor desaparece, dá lugar à euforia que contemos em frente a um espelho ou a ouvir aquela música. Cristalizamos na nossa memória uma maneira doce de olhar, uma perna nervosa debaixo da mesa, o respirar que sentimos mais perto. Atrapalhados, buscamos a forma mais complicada de nos beijarmos. Mas quando repetimos a sequência vezes e vezes sem conta, conseguimos a harmonia e guardamo-la até à próxima vez que nos quebrarem, ou que nos encontremos.
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