terça-feira, 12 de janeiro de 2010




Rain.






(Praga)







Não creio que um dia de muita chuva e temporal, como o de hoje, que me encharcou literalmente, seja motivo por si só suficiente, para me deixar neste estado de alma.
Creio num entanto, que estes dias, pelas muitas gotas que caem do céu, lavam muita coisa e deixam tantas outras a brilhar. E aos meus olhos, apuram-se também lavadas pela água.Umas que me sabe bem ver e outras que me causam mesmo muita tristeza.
Vou enumerar algumas, sem ordem defenida...mas que hoje, me fizeram chegar ás lágrimas nesta noite fria o que não é habitual em mim.
Primeiro para começar o dia, foi apanhar uma molha, e irritou-me um grupo de marginais, que todos os dias não respeita a fila do autocarro e passa á frente de toda a gente, quando alguém reclama, apanha...como já vi acontecer.E estamos nós ali, 10 minutos em pé á chuva, ao sol, ao vento, ao frio, e eles não respeitam, á meses que é assim.

Chegar tarde, porque não ando depressa, ou o trânsito não anda, e sair mais cedo de casa a contar com isso e mesmo assim não chegar a tempo é frustante.Ainda pior, quando alguns automobilistas se acham poderosos, em molhar as pessoas que vão nos passeios e alguns se riem na nossa cara.Devem achar que por não andarem de transportes são de uma qualquer galáxia superior?
O dia de trabalho nada fácil.Por algumas razões que um dia espero que se resolvam.

Sair do trabalho a "correr", para ver a pessoa que mais Amo, o meu Pai, e ficar entalada no trânsito, e nas cheias e esgotos levantados e não chegar a tempo...foi a gota de água (pensava eu).
E quando não o vejo, fico sempre com este sentimento, que posso não o voltar a ver.Porque no estado em que ele está, tudo pode acontecer.Continua sem comer, nem beber.A sonda mantém-se para retirar líquido.E não quero imaginar o que sente neste momento.Eu sinto-o com ele.

E regressa-se a casa que está vazia e sem a voz do meu Pai, e a chuva ainda não parou 1 minuto lá fora e dentro de nós tende a aumentar.
Hoje,aumentou tanto, que provocou um dilúvio...e então,dasabam terras, destroem-se casas que estavam ali faz muito tempo, caem árvores centenárias...grita-se de ira, chora-se de dor, decide-se a quente.Pensa-se em muitas pessoas que deveriam estar aqui mas não estão, pensa-se nas coisas que gostariamos de mudar, mas não podemos, porque não está nas nossas mãos.E sentimo-nos pequeninos, embora todos nos digam o contrário.Sentimos que nada faz sentido e não fará mais.
Mas a manhã seguinte, traz sempre novo fulgor...e deita por terra tanta dor, amaciando-a.Eu já sei.
Só que agora não quero a manhã, nem o sol, quero esta noite para chorar.Afinal eu sei, que esta minha chuva origina os mais belos raios de sol...capazes de enfrentar qualquer coisa, qualquer pessoa em qualquer lugar.

Mas um dia, sabemos bem, tudo tem um fim.E há coisas que não podiam esperar mais.
Hoje, foi o dia.

(Desculpa-me oh Deus...a quebra deste laço que dizes ser, primordial, mas que nunca o senti na minha vida como tal.)





1 comentário:

Carla Rocha disse...

Olá! Parabéns por conseguir expressar de forma simples e intensa suas emoções! Quando lí me reportei ao meu saudoso pai... obrigada por isso.