domingo, 10 de janeiro de 2010





Tantas vezes preciso de música para escrever. Confesso que muitas, muitas vezes não teria escrito sem a ajuda da música e isto sabe tão bem, como se estivesse a  amaciar a inspiração. 
Mas também sabe um pouco a sinestesia e a esta afinidade da música com as palavras, com a emoções, com os cenários que se vão desenhando na nossa cabeça. E preciso de música para perdoar, para me convencer de que não devo deixar o sangue quente reinar sobre mim, para compreender minúscula importância da minha vida. E preciso de música para viajar, mesmo sentada numa cadeira de um autocarro ou com os meus pés nas ruas, e para silenciosamente exaltar este meu bem querer e troçar dos fantasmas dos tempos já idos. E se tiver música posso reinventar-me e multiplicar as minhas emoções mais diversas.


E posso ser uma mulher descalça em pleno deserto, um xaile apenas pelos ombros descobertos, com um brilho que nem o pó consegue cobrir, suando os meus amores impossíveis e começando a ceder à vertigem voluntariamente. Choram guitarras e baila-se à vez. 
Acho que se chama a isto ser livre.




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