sexta-feira, 3 de julho de 2009

Bico de lacre no céu



Cá em casa, desde sempre, os únicos animais de estimação, foram pássaros.
Nunca me deixaram ter um cão...porque moramos no 3º andar e o animal ficaria preso aqui.Mas como nunca chegámos a ter um quintal, o cão também não chegou.Um dia vou ter um...ou dois.
Mas aqui houve histórias engraçadas, desde um periquito que assobiava o hino nacional,a uma piriquita que durou 7 anos e que passeava pela casa toda, e sabia ir para a gaiola sozinha.Um dia deixei a janela aberta e a porta da gaiola também, quando entrei na cozinha, do alto dos meus 9 anos, só a vi voar pela janela fora, rumo á liberdade.Chorei nesse dia como se não houvesse amanhã.Não esquecendo, um bico de lacre, que tivemos que cantava divinamente bem e se chamava Pavarotti e morreu no mesmo dia que o próprio cantor de ópera.Estranho.

Por fim tivemos 2 bicos de lacre, ela morreu há uns meses, com uma perna inchada, já nem se mexia.Ele, foi durando, a cantar aos saltos logo pela manhã, assim que me via entrar pela cozinha, mesmo que estivesse desgrenhada e pálida, ele cantava da mesma forma, com o mesmo entusiasmo.Era fiel sim senhora.Os humanos não são assim, ás vezes.

Ás vezes dava comigo a falar com ele, enquanto fazia coisas na cozinha e deixava-me rir.O som dele, passou a fazer parte esta casa, como o abrir a porta e ouvi-lo...

De há uns dias para cá, senti-o doente, muito paradinho, no fundo da gaiola, sem reagir aos meus insultos meigos...

Hoje, acabou por morrer, e está esticado no fundo da gaiola.Tenho que ir meter umas luvas e retirá-lo dali.

Não sei se isto tem a ver com a fase que estou a viver, mas senti-o como um presságio.

Espero que não.Mas costuma-se de dizer, que os animais sentem tudo primeiro do que nós...e ás vezes é neles que as coisas acontecem primeiro.

Seja como for, vou sentir falta daquele canto, a acordar a casa, logo que raiava o dia, ou dos saltos frenéticos quando me via...ele gostava de mim e eu também gostava dele.

Vou ver se compro outro bichinho diferente...aceitam-se sugestões.

(Oxalá eu me engane...e isto seja um crença popular, parva e sem fundamento.)

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