O dia de páscoa em Taizé...
A neve caía, uma prenda neste dia, a conferir um ambiente mágico ao dia de maior festa e alegria.
Bom, foi sem dúvida diferente para mim...Vi todas as despedidas, senti o que se sente quando se fica...depois de uma semana de alegria e partilha.
A viagem é longa e o dia de Páscoa acaba por ser a correria de arrumar as malas e partir logo a seguir ao almoço...
Partiram todos...mas o dia de Páscoa aproveitei-o até á noitinha, bem depois da oração da noite.
É um dia de chegadas, e por isso mesmo os rostos na igreja renovam-se...os cânticos mudam.Senti tudo isso...enquanto pensava nos que iam em viagem...e rezava por eles.
A despedida do Grupo da Ameixoeira...
A Sarita lá arranjou uma boleia para Milão...com 2 ragazzos!
Ainda guardo a imagem do carro azul a deixar a aldeia...e nós a acenar.Até ao verão Sara.
Bom depois de todas as despedidas e lágrimas e abraços...e o silêncio que os Portugueses deixam para trás...resolvemos falar com o Ir.David, e perguntar se saberia de algum Bus, para Paris ou arredores.Teriamos que ter muita sorte...e assim foi, assim que chegámos a La Morada, um amigo Frânces, diz-nos, que há 2 lugares para Paris no autocarro, 2a feira, ás 10h, imediatamente descansei...e fui deixar um recado ao Ir.David, para que soubesse que estávamos bem.
Resolvemos comprar um cartão para ligar aos nossos pais...desejar um bom dia de Páscoa e dar noticias...do paradeiro.
Pronto tivemos 1h dentro da cabine.Ninguém atendia o Duarte...ou os códigos davam impedido...enfim.Eu gelei, mas só me ria.Ele só faltava bater no telefone...
Depois foi ver abrir o sol depois de tanta neve, e ir pa a fila para um chá quente, com aquele sabor frutado como só em Taizé existe...
Encontrámos alguns Portugueses que tinham chegado nesse dia...de Santarém.Ficámos a trocar impressões...
E depois de tudo isto,fomos até á igreja do silêncio.
Parei para falar com o IR.Roger, e agradecer que um dia tenha acreditado...e pela forma bonita como tudo se tornou possivél.
E ali estivemos."Perdidos"...sem querer saber de mais nada.Aquele silêncio falou-me tanto... de uma forma muito especial.
Deixei de me sentir só com as partidas desse dia.Afinal estava em casa.
E com o sol a brilhar lá fora...os pássaros cantavam enlouquecidos e contentes.Resolvemos então caminhar até Ameugnhy, mas como faltava apenas uma hora para o jantar, pedimos boleia...e ali ninguém diz que não.
E depois foi beber do sol...como há muito não o faziamos.
O dia amanheceu cinzento, mas terminou num esplendor que dificilmente esquecerei.
No regresso, a visita á Olinda...esse lugar mágico, reservado aos mais novos.Quem se aproxima de lá, ouve logo risos e crianças...e sente essa energia.Senti umas saudades enormes do verão em que lá trabalhei...
Com o sol quase a pôr-se ficámos á conversa com a Dulce...que se prepara para deixar Taizé depois de um ano e meio lá...
E ficam as suas palavras desprendidas:" Manda-te sem medos...a vida é assim mesmo!" E o seu sorriso de PAZ...
Obrigado Dulce...
O dia foi perdendo a luz, mas não o brilho...caminhámos com o vento gelado pela estrada fora, até ao jantar...comemos na tenda, onde só se ouvia falar, tudo, menos Português...
Depois procurámos um lugar na igreja e acomodamo-nos para a última oração deste dia de Páscoa.
A noite prolongou-se em oração...e diálogo.
Recolhemos ás camaratas, para descansar...no dia seguinte deixariamos Taizé...a Lua brilhava cheia.
Quando cheguei á minha rua, havia silêncio, faltavam os miudos de Aveiras...a minha camarata tinha luz!!!E eu que ia preparada para encontrá-la vazia...abri a porta e eram 4 raparigas francesas.Estiveram nas tendas toda a semana, sofreram bem...partilharam comigo.As suas roupas e calçado eram lama.Esta noite mereciam bem o quente de uma camarata.
Iriam embora no dia seguinte ás 10h, no mesmo Bus que eu...ficámos á conversa.
Depois fui tomar um banho e voltei, elas já dormiam...adormeci também...sentindo a falta das minhas companheiras de quarto, e das risadas, mas feliz, por poder estar mais um bocadinho neste paraíso que é Taizé.
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