Desculpa-me se voltei a acreditar.Acho que voltámos a acreditar. Não digas a ninguém, é segredo. Perdoa por me ter perdido entre poemas que são meus – sempre à procura do teu cheiro. Por não saber dizer do brilho dos teus olhos grandes e da grandeza do sorriso que me roubaste. Tu não sabes. Shiuuuu. Desculpa se ainda lembro todas as palavras e gestos – guardo as tuas mãos nos meus ombros – e deixa que também eu te abrace sem medo de cair. Esquece o que não te disse e ignora se rio demais. Não repares se enrolo o cabelo enquanto falo ou se brinco com o anel que trago no dedo. Não adivinho esse olhar dourado preso a mim. Quase a revelar segredos. E um arrepio sincero quando me notei reflectida. Eu não sou feita de improvisos, sou feita de istantes genuínos – e também medos que escondo atrás do espelho.
Estou a imaginar a nossa dança.E procuro o meu vazio nos braços dos outros. Em ti, encontrei vida: a claridade de um momento feliz.Um não.Muitos. E agora escrevo. Desculpa-me por escrever desejos e cobardias que não sei calar. E já nada te afasta, as palavras abrem-se como caminhos na minha pele, e a tua voz flutua lentamente na memória. Até cair em vertigem nos meus sonhos mais luminosos. Experimento um grito que te chame e tento abrir os olhos mas resta-me a invisibilidade das noites (im)possíveis.
Apetece-me um lugar onde me possa comover, uma janela para o (teu) mundo, onde possa chorar a alegria de te ver. De olhos despertos para um coração desmantelado. Preciso arder contigo, quero o teu rosto junto ao meu, outra vez. Numa dança qualquer. Deixa-me afogar na doçura deste erro. E desculpa (esta insistência cega que geme baixinho) se te levo comigo.