terça-feira, 3 de dezembro de 2013

32.
















Estava uma noite fria.Muito fria, talvez como aquela em que vim ao mundo?
Juntei os essenciais.Na petisqueira do Moçambicano, Matateu.
Por isso este ano, ainda que faltassem alguns rostos, por estarem longe...acho que fiz o que queria fazer, aproveitando o facto raro de eu estar em Portugal nesta altura.
Como agradecer o facto de passarmos a noite a sorrir, envolvidos em conversas que despontaram gargalhadas tão espontâneas e um prazer de estar ali, ao lado uns dos outros.A verdade é que todos tão diferentes que são, se complementaram na perfeição.Ou eu sou suspeita, ou tenho amigos especiais, bonitos e que mudam o mundo para melhor!Sim tenho.
Entre um petisco e outro, senti calor.Muito calor.O brilho nos olhos.As memórias.
E especial ter um amigo de Moçambique, que me fez e faz sentir mais perto dos que lá deixei e do amor que nutro por essa terra mágica.
Melhor que isso, foi acabar a noite a abanar o esqueleto entre aqueles que gostam e sabem dançar!

O bónus, foi a Sofia, que ainda nos veio acompanhar num pezinho de dança e abrilhantar ainda mais esta noite!
E ter um anjo da guarda que se desdobrou em 1000 para que a noite fosse perfeita...e foi.




Até para o ano.E obrigado a todos.




Andei a pensar nos dias seguintes e...

1. Continuo a ter uma invejazita saudável, das pessoas que fazem anos no Verão. Sempre quis ter nascido num mês de calor, acho que até a passagem do tempo me pareceria mais leve. Mas não: os trinta e dois chegaram num dia em que céu estava carregado de estrelas, limpo, mas frio, muito frio.Tem o seu encanto.

2. Este ano quase me esquecia que fazia anos. Às vezes andava a antecipar o dia nas semanas antes, excitada com o facto de juntar os amigos ou simplesmente com a data, mas este ano quase só me apercebi disto no dia. Não senti nenhuma euforia. É como se de repente percebesse que a ocasião quase não traz nada mais do que, Gratidão.A vitória de estar viva mais um ano.

3. Às vezes sinto que vivi muita, muita coisa e que aprendi outras tantas. Outras parece que cheguei agora ao Mundo e ainda estou no início da aprendizagem. No geral, o balanço entre as duas não me deixa arrependida de nada.E sinto-me cheia de pequenos filmes, que me passam na cabeça e me fazem sorrir.

4. Passaram trinta e dois anos e continuo a gostar muito de pessoas.E elas fazem os meus dias!Cultivei amigos por todo o mundo.E isso é maravilhoso.

5. Já sinto os efeitos do generation gap. Muitas vezes já me perguntei se sou eu que sou velha ou se há gente muita maluca por esse mundo. Seja como for, às vezes apetece-me mesmo dizer "Antes é que era...".

6. Afinal,gosto de fado.

7. Se pudesse voltar atrás, mudaria apenas uma coisa na minha vida: Traria de volta a vida do meu Pai.Ou nem o tinha deixado sofrer tanto.Mas isso não dependia de mim.

 8. Tenho a sensação que a vida me reserva ainda alguns sucessos e muitas surpresas boas.

 9. Não gosto de viver na era em que temos que abandonar este País lindo, para singrar.Evoluir.Conseguir.Embora ache importante arriscar, sair, conhecer.

10. Acredito que pequenos gestos têm muita importância na vida de toda a gente. Sigo esse lema, nem que isso signifique só, deixar passar um carro num cruzamento.Ou sorrir a quem me atende num café, com grandes trombas, isso desbloqueia qualquer um.

11. Se soubesse o que sei hoje, seria o que sou hoje.A Rita.Com tudo.Tudo mesmo.Até o cancro.Imperfeita e Inacabada.Aprendendo sempre.

12. Sempre que me apaixonei, foi assim com todo o coração e toda a alma, e feita de uma entrega total.Porque só faz sentido se for assim.E isso deixa-me tranquila. Continuo a dar-me bem com todos os meus ex amores.Isto é bom.Sendo que o amor, namoro, entenda-se, continua a ser um campo que coloco nem sei como, em segundo plano...

13. Aos trinta e dois anos, continuo a ter na cabeça que hei-de escrever um livro. Não consegui ainda idealizar o estilo, o tema ou a estrutura mas sinto que vive qualquer coisa dentro da minha cabeça, assim como muitas aventuras que vivi, mas deixo isso para a velhice e quando as pernas não puderem andar mais, a bordo de um cruzeiro!

14. Dá para funcionar sem café mas é chato.E o sabor que deixa na boca, e abrir o açúcar, todo um ritual.

15. Cresci no meio de muitos rapazes e por isso acho que eles ficam, enquanto as raparigas se vão perdendo pelo caminho.Amizades que pensei intocáveis, inabaláveis, afinal...não eram.Mas tenho uma amiga há 32 anos.Sim.

16. Todos os dias vejo as noticias e vejo a crescer uma certa raiva que sinto pela classe política do meu país.Nem preciso explicar.

17. Dava tudo para voltar a Moçambique a ver os meus Konguitos.Abraça-los, nem que fosse por um instante.Respirar aquele ar.Ouvir aquelas vozes.Sentir aquele sol.

18. Aos trinta e dois anos estou-me mais ou menos marimbando para o que os outros pensam de mim e até consigo sair à rua de pijama e chinelos para por o lixo.O mesmo se aplica a esta forma de vida meio louca e incerta. Não me pesa a maturidade...aos olhos de muitos.Acho-os cinzentos e desinteressantes.Afinal maturidade é ter feito o que realmente queria e não o que a vida me obrigou.

19.Às vezes estar visível não é tudo o que importa.Sei de muita gente que me continua a seguir na distância, em silêncio e nem se pronuncia.Oxalá que continuem a gostar de mim, como um dia eu gostei deles.

20. São trinta e dois anos de certezas e de outras tantas dúvidas a nascer. Estou grata por tudo,sem tirar nem pôr mas por favor não me quero tornar numa optimista oca ou numa pessimista deprimida. 
Quero apenas e só, ser Louca e feliz.


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