sábado, 2 de novembro de 2013

Sossego.





Gosto de sossegar como verbo transitivo. Sossegar só por si não chega. 
É  mais bonito sossegar alguém. 
Quando se pede "sossega o meu coração" e se consegue sossegar. Quando se sai, quando se faz um esforço para sossegar alguém. E não é adormecendo ou tranquilizando, em jeito de médico a dar um sedativo, que se sossega uma pessoa. É enchendo-lhe a alma de amor, confiança, alegria, esperança e tudo o mais que é o presente a tornar-se de repente futuro.É o futuro que sossega. "Amanhã vamos ver o mar e o sol esconder-se..." sossega mais do que "Não te preocupes" ou "Deixa lá, que eu trato disso". 

Sossegar não é dormir.É viver. Uma pessoa sossegada é capaz de deitar abaixo uma floresta. O sossego não é um descanso - é uma força. Não é estar isolado e longe, deixado em paz - é estar determinado no meio do turbilhão da vida. Sossegar é saber com que se conta, desde o azul do céu aos irmãos. 
O coração sossega em quem se conhece. Não há falinhas mansas que tragam o sossego dos gritos de uma pessoa com quem se pode contar. É um alívio.



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