terça-feira, 6 de março de 2012

São os rostos...que me marcam.São os dias que me constroem.

























São tantos os rostos que me marcam.São tantos os olhares que vou captando e retendo.
É isso que me marca.É isso que não esqueço.É isso que me intriga, que me seduz neste povo...Há traços vincados, há expressões tão únicas e claras, que podemos vislumbrar o que querem dizer.
Aqui leio perfeitamente os rostos, os olhos, os sorrisos.Habituei-me então, por onde andei neste mundo, a fazê-lo.A ler os sinais.A compreender os detalhes, que já não me podem passar despercebidos.
Atrevo-me a dizer, que há imagens perfeitas de tão imperfeitas...há imagens límpidas de tão sujas.
Há beleza, onde parece haver vazio.
Há uma essência muito bonita, que caracteriza este povo, estas terras, esta forma de viver.No seu jeito ainda rudimentar, brindam-nos com as mais castiças formas de ser e estar.Não há igual.Não há comparação.É uma cultura tão forte...tão definida, tão profunda.E pergunto-me que cultura não o será?
Esta cultura, este povo, estas pessoas, estas vida, que me tocam...ficam.Criam raízes em nós.
Detenho-me a observar, mesmo no meu jeito vivo e constantemente dou comigo a fazer isso mesmo, a contemplar.
Contemplo,desde o momento em que saio de casa, percorro o mesmo percurso, que apesar disso nunca é igual...porque os rostos mudam, as cores mudam...o tom do dia muda.
A rotina existe, mas não cansa, não mói.Aqui respira-se liberdade.E quando o cansaço é físico, há qualquer outra coisa...que nos anima.Porque estamos juntos e isso basta.
O dia corre e eu vejo-os brincar, livres, felizes, com aquilo que há...inventando novas formas de sonhar.
E até ao momento em que me deito, ouvindo os grilos lá fora...sentindo a noite,lembrando-me do que foi o meu dia, eu contemplo.Tomo consciência do que me fui tornando por causa deles...e no que eles se podem tornar por minha causa.Nessa diferença que ambos fazemos na vida uns dos outros.
Para mim, os melhores professores, foram estes meninos guerreiros, corajosos, feitos para suportar o que metade do mundo, não imagina ser possível.
E eles são...a parte mais bonita, destes olhos da alma.
Porque apesar de tudo, sorriem...e é isso que eu nunca vou deixar de fazer.

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