quarta-feira, 14 de março de 2012

E depois da chuva...




É tempo de quebrar este "afastamento" do blog.
A verdade é que mais do que em qualquer outra parte do mundo, aqui, escrevo menos.Tento explicar o porquê, mas não há grandes motivos...
É como se, até o tempo para escrever fosse  retirado a esta maravilha que é África, que é observar, sentir, falar, lutar por...seja o que for.Partilhar.Quando me sento na secretária e abro a janela, vejo as copas das árvores, os corvos da Índia a pular nos telhados, o céu azul, ou mesmo a chuva a cair...
Mas quando escrevo, é convictamente porque preciso de o fazer.Não chegasse eu tantas noites á cama, desejosa de dormir, não fossem as 2h de diferença que me separam de Portugal e me fazem esperar que apareçam aqueles que são a minha força na distância e por momentos nos cruzemos, no tempo e no espaço.É de muitos desses momentos, que vou retirando uma parte do meu sorriso...energia, confiança.
Saber que há todo um mundo, que me conhece, como sou, sem tirar nem pôr, que me ama assim mesmo, que não me julga...e vai sempre esperar por mim.Para sorrir, viver, sonhar...acreditar.
Está feito um mês, desde que cheguei novamente.
E um mês, pode ser tão...decisivo, na nossa visão das coisas.
Um mês é talvez pouco tempo para sentir, para perceber o local, as pessoas, a realidade...mas entendo que seja tempo mais que suficiente para olhar para quem vive connosco, diariamente, para olhar para o nosso trabalho e desempenho em determinado projecto.
Pois lamento, que algumas pessoas, não tenham essa visão, essa perspicácia, de sentir que aqui não é o seu lugar, que não vieram em nada contribuir para melhorar a vida dos locais e desta terra.
Quando não há colaboração, partilha, quando cada um quer ser por si e apenas por si.Não resulta.
Como pode alguém vir para um projecto destes e não sorrir?Como pode não abraçar uma criança, ficar com os olhos brilhantes, vibrar, apaixonar-se pelas pequenas coisas?Como não nos entregarmos por inteiro a estas pessoas?...e principalmente aquelas que vivem na mesma casa do que nós?
Ninguém aguenta uma refeição em silêncio, nem uma cara fechada...ninguém aguenta falta de amor.
Uma porta fechada.
Enquanto tiver voz, não me calo a este tipo de situações.Porque servir, é muito mais do que colocar um pé neste solo e andar para trás e para a frente, vendo quem passa.Ou há trabalho bem feito e rigoroso, ou não estamos aqui a fazer nada.Porque aqui merecem tudo, merecem mais, sempre.
Onde não há partilha, nunca haverá entendimento.
A vida continua depois das tempestades, há que recuperar cada pedaço, reconstruir, mas as marcas, essas, nunca se esquecem.E das duas uma, ou aprendemos com elas, ou sofremos a vida inteira, porque não fomos capazes de lutar, enfrentar, ousar.
Há 3 vidas nesta casa que se cruzaram e se aceitaram, que fazem as coisas acontecer.Há uma vida, que se foi desta casa, que não percebeu o objectivo a atingir.
E eu arrisco a dizer, só faz falta quem cá está...quem suja as mãos, quem sente o coração bater por cada história de vida, pelo que vê e toca.
Não há outra forma de viver, Moçambique.

2 comentários:

Rosa disse...

Só quando se entrega o coração e se ama,faz a diferença.
Eu conheço pessoas que dizem fazem,fazem,mas nunca descem do seu pedestal,nem compreendem que aos olhos de Deus são bem mais pequenos, que aqueles a quem consideram pequenos

Isabel Machinho disse...

Deixo aqui 4 frases do poema da paz da madre Teresa de Calcutá: "----o pior defeito?O mau humor; o melhor remédio? o optimismo; A maior satisfação? o dever cumprido; a coisa mais bela de todas? O amor"

O amor puro, sem limites, livre, o amor divino;)

Continua a amar assim Rita, amando ensinas o mundo a amar!!!!!