sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Hoje,Lisboa ficou assim.

























O sol queimava-me a pele quando saí de casa.
Agasalhos pendurados no braço...passos decididos, rumo ao cais das colunas, para um pôr do sol, entre Lisboa e eu.A sós.Foi onde me levou o coração.
Sempre que me deparo com o Rossio e aquele castelo imponente ao cimo, murmuro :"Minha Lisboa, que bonita és..."
As ruas,apinhadas de gente, a ultimar as prendas.Atrás de mim caminhava uma pessoa, que falava ao telefone e dizia:"Já viste!!! falta-me nada mais nada menos a prenda mais importante, isto é um drama, onde é que eu vou arranjar algo para ele??".
Ao fundo uma neblina cerrada, fez-me avançar, mesmo sabendo que o sol não viria a este encontro que marquei com ele.
Assim também acontece na nossa vida.
E a desilusão inicial, transformou-se aos poucos numa enorme surpresa.O que encontrei foi um cenário encantador.Afinal o Inverno acaba de chegar, banhando a minha cidade de uma neblina onde apetece caminhar, apenas na companhia dos pensamentos.
Haviam crianças a brincar ás escondidas num espaço tão amplo como aquela praça, outros optaram por se sentar a comtemplar o que ninguém esperava para o final de mais um dia de intenso sol.
Lá cheguei por fim ao cais das colunas.Como o fim de um percurso.Os barcos deixavam as suas sirenes entoar graves pelo ar, sem os poder ver.A vinte metros não se via nada.Mas pressentia-se tudo.A beleza de um rio largo que conheço bem.A beleza de nem sempre se saber o que está para lá, o que virá, mas no entanto confiar.Por ali fiquei, encantada com cada pequeno acontecimento.Com as gaivotas que por ali sempre andam agitadas.Vão e vêm pessoas, um acto que se repete ano após ano.
Perco a conta ás vezes que pisei este cais, com diferentes pessoas, em diversos momentos.Gosto sempre de ali voltar.Ao amanhecer depois de uma noite a dançar, ao entardecer depois de um dia de trabalho, com amigos que visitam Lisboa,sozinha ou com muita gente, alegre ou triste.
Para terminar bem, sentei-me no mítico café das arcadas, fundado em 1782.Detive-me nos eléctricos a passar e no sabor do café e uma leitura de Mia Couto, que me falava de Moçambique, terra onde ele nasceu e pela qual nutre um amor imenso.
No fundo, hoje, foi um "Olá" e um "até já" a Lisboa.Saudoso.Pensativo.Sereno.
Tenho pena de estar tão longe desta cidade e por tanto tempo, mas aqui já fiz tanto e dei tanto.
O mundo chama, mais uma vez.E o meu sim, não podia estar mais certo.
Hoje relembrei, que aconteça o que acontecer, devemos tirar sempre o lado mais belo das coisas...e se não houver sol, haverá certamente um outro encanto, uma outra luz...assim queiram os meus olhos.

Sem comentários: