domingo, 21 de agosto de 2011

O lago Niassa em fim de tarde...








































Ontem...terminei o meu dia no lago, beijada pelo tom laranja/lilás do pôr do sol.
Soube-me muito bem, terminar assim a semana.Não podia ter sido mais perfeito.
A viagem foi feita, com alguém que conhece bem esta terra e me explicou tantas coisas e com a Telma, que foi buscar o Ricardo e o Vítor, leigos Dehonianos, que estiveram a dar formação em Metangula.
Pelo caminho, há sempre tempo de me perder em pensamentos, em saudades e de captar aqui e ali a forma de vida destas pessoas, que é em tudo, livre.Muito livre.
A chegada ao lago, traz sempre o impacto de ver o azul ao fundo, depois é curva, contra curva até chegar a Metangula.Ali respira-se um ar mais puro, ali os olhos podem estender-se e perder-se pois nada os trava... e se travados, porventura, será por uma montanha, ou pelo colorido e movimento em torno da praia.
Aquela água é vida.Caminhei um pouco pela mata e fui sentar-me numa pedra bem grande e bem lisa, para me poder estender ao sol.Olhos postos no lago, ficou apenas o silêncio apenas interrompido pelas vozes das crianças que brincam.O verde e o azul.
Mas ali, estar sozinho é tarefa impossível, o que também pode ser bom.Em menos de nada estava rodeada de tantas pessoas, curiosas e que me acolheram tão bem, no seu lago.
É importante explicar, que o lago está dividido em zonas, para mulheres e  homens.Estes não se misturam, tendo a sua área reservada.As crianças têm livre trânsito e estão por todo o lado, com ou sem roupa, a brincar, a chapinhar ou na maior parte dos casos, a lavar loiça, que carregam em alguidares na cabeça.
Alguns bebés, dormem ali, debaixo de uma sombrinha e enrolados nas cores vivas das capulanas.Tudo isto, juntando a paisagem que é perfeita, pinta um quadro na minha cabeça, difícil de esquecer.
Desejei estar mais perto deste lago, todos os dias, só para me poder sentar nas suas margens e desfrutar desta cor, desta vida, desta paz...poder sentar-me ao fim do dia, ver o sol ir embora e ali estar, apenas.
Mas terei de percorrer 1h30 ou 2h de carro, sempre que o quiser fazer.
Caminhei ainda algum tempo pela praia, onde rapidamente se gerou uma dança e festa sem fim, como não podia deixar de ser, com as crianças.Essas sim, sempre prontas a dançar, cantar, fazer-nos felizes...e quando se vêm nas fotografias a alegria é tanta, que não posso explicar.
As crianças, as únicas, sem reservas, sem nada a esconder, sem forçar absolutamente nada e com a espontaniedade á flor da pele.
É por isso que eu, gosto tanto de ser, estar e sentir-me como elas, a todo o momento.
Voltei a casa, já de noite, com a cabeça fora da janela do carro, maravilhada pelo céu estrelado, onde a via láctea, era tão visivél, aquele enorme caminho, que um dia me conduziu a Santiago, continua a guiar-me por aqui...
Eram 100000000000000000000000 estrelas, enormes e brilhantes a sorrir para mim.


Depois de um banho e de jantar, adormeci, como uma criança,imaginava eu, deitada nas margens do lago,em paz, não me importando muito com o que dizem os "adultos" dos "adultos"...e isso permite-me manter um sorriso leve, subtil, traçado nos lábios e mais que isso no coração, capaz de enfrentar qualquer desafio,qualquer dúvida...e gerar muita alegria, naqueles que a sabem ver e sentir.


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