terça-feira, 26 de julho de 2011

A Machamba da Ir.Ferreira e o Mosteiro Orfanato

Quase que se podia começar esta história assim...

ERA UMA VEZ...

























A Irmã Ferreira.Um senhora que tem agora, 82 anos.
Quando veio para Lichinga, os pobres acumulavam-se na sua porta e na porta do bispo a pedir esmola.Todos os dias lhe davam 10 meticais, para matarem a fome.
Esta mesma Irmã, achou que não era solução, estar sempre a dar.Pensou mais longe, foi visionária, quis ensinar este povo a lutar pelo seu sustento.
O povo Moçambicano habituou-se a pedir e a ter.E há que contrariar essa tendência.
Foi então que a Ir.Ferreira resolveu criar a Machamba.Um campo de cultivo, onde há um pouco de tudo.Criação de Animais de toda a espécie, culturas diversas, pomares...
Começou com uma Machamba muito pequenina, situada num vale tão bonito,aos poucos foi alimentando o sonho, escrevia cartas para Portugal, para que amigos enviassem dinheiro para a ajudar.
A machamba cresceu e tem hoje 150 trabalhadores, que ganham o seu sustento ali, mais a venda dos produtos na cidade no cantinho da Solidariedade.
A escolinha nasceu da necessidade de haver um lugar para os meninos, filhos dos trabalhadores ficarem e poderem estudar, receber formação, bases, e serem cuidados.
É comum verem-se muitas crianças nas costas das mães, enquanto estas trabalham nos campos, desde muito cedo estes meninos sabem o que é andar no campo á força das condições do tempo.Também se vêm muitas crianças pequeninas por ali, pelas palhotas, sozinhas, com os irmãos.
A escolinha nasceu, graças ao empenho de todos os que vieram para dar formação, construir, pedra sobre pedra.É esta a sensação que tenho e entendo o contentamento e orgulho com que a Ir.Ferreira olha para a sua Obra.
É uma Obra notável que ajuda muita gente, mas mais do que a simples ajuda de dar e achar que se resolve o problema.É uma ajuda que ensina, que forma, que deixa marcas.
Olhar para a Machamba hoje, onde passámos parte da manhã, foi muito bom.Ver cada um com a sua tarefa, ver a organização dada por eles, ao espaço.Aprendi que a hora do almoço, na Machamba é a hora da verdade e que a sexta feira é dia de conversar sobre a semana, o que falhou o que correu bem...e preparar a próxima semana.
Uma das realidades é que todos roubam, todos aprenderam a roubar e isso é comum,muito comum, mesmo aqueles que os ajudam, como a Ir.Ferreira.Ainda hoje na parte de trás da carrinha uma empregada roubava milho.A necessidade é muita, como eu nunca vi.
O caminho para a Machamba é em picada, com muitos buracos, todos o usam mas só a Ir.Ferreira a manda arranjar.Este sentido comum, é duro de aplicar de fazer entender.Mas aos poucos, como está mais que provado por este projecto,as coisas nascem, crescem, edificam-se.Isto faz-me acreditar ainda mais no que sempre acreditei...em pequenas coisas e nos sonhos de cada um.São tão importantes.Começar do nada é possivél.Haja vontade e tudo acontece.
Pessoas assim inspiram-me e não quero olhar para os seus defeitos, porque só elas sabem o que sofreram com a guerra e a miséria que viram.
A Ir.Ferreira é a Madre Teresa de Calcutá de Lichinga.Todos a conhecem, todos a respeitam e admiram.É vê-la a conduzir a sua carrinha que só ela conduz e a começar o dia bem cedo,cheia de força.Toca-me ainda mais saber que tem Leucemia Crónica.Mas nada a pára, transmite uma força incrível.E eu como qualquer um, recebo-a.Tomo-a como exemplo.A Ir.Ferreira vai marcar a minha vida, como marcou um Ir.Roger ou um João Paulo II.Tem esse carisma.
Fica no ar a pergunta, que me tenho feito muitas vezes, e quando ela morrer?
Quem vai pegar com tanta força e dedicação neste projecto?Irão as coisas cair num descuido a ponto de ficarem abandonadas?Em Moçambique isso acontece...e muito.
Irá a escolinha deixar de funcionar e os meninos onde irão ficar?
O que sei é que, por agora estou aqui a dar o que tenho e posso ao projecto e que é um privilégio contactar com estas pessoas, todas elas...e aprender.
Aprender a sonhar, a realizar e por isso a viver.



Hoje ainda visitámos um mosteiro onde vivem irmãs comtemplativas e tomam conta de meninas orfãs, que são lindas.Quero voltar para estar mais tempo com elas.
Há tanto para fazer.E poucas mãos.











E sabem quando vamos dormir com aquele sentimento que estamos exactamente onde deveriamos estar?A fazer aquilo para que nascemos...
Boa noite.

6 comentários:

AFRICA EM POESIA disse...

A nossa Querida familiar irmã e madrinha de baptismo do meu marido foi hoje a enterrar...
com ela o nosso grande Amor e a saudadse . morreu ao serviço dos pobres esqueceu a doença ,escondeu-a pois não tinha tempo para parar.
Que Deus não deixe a obra morrer...

todos os familiares estão com o coração cheio de dor e saudade.

Os olhos da alma... disse...

Eu sei..vivi com ela 1 ano e meio e foi o tempo mais feliz da minha vida.Era um anjo na terra.Eu também estou a sofrer.Foi uma mestre.Obrigado e um forte beijinho a todos!

AFRICA EM POESIA disse...

minha amiga nós vivemos em Aveiro
vamos estar em contacto nem que seja pelos blogues. um beijo

AFRICA EM POESIA disse...

A nossa Querida familiar irmã e madrinha de baptismo do meu marido foi hoje a enterrar...
com ela o nosso grande Amor e a saudadse . morreu ao serviço dos pobres esqueceu a doença ,escondeu-a pois não tinha tempo para parar.
Que Deus não deixe a obra morrer...

todos os familiares estão com o coração cheio de dor e saudade.

AFRICA EM POESIA disse...

pena que não dá para ver as fotos...

beijos

Os olhos da alma... disse...

Foi um virus que me assaltou o blogue e apagou todas as fotos em certos anos...fiquei muito triste, mas para repor levaria muito tempo...vou fazendo aos poucos.

Estamos juntos e unidos sempre!