terça-feira, 5 de outubro de 2010

Roadtrip with Duarte day 4

Miercurea ciuc, Giymes






De manhã bem cedo, arrancámos de Miercurea Ciuc, para a estação de comboios.
Ás 7h partia o nosso comboio.Era ainda de noite e o frio era ainda maior do em Sinaia.Lembro-me que desejámos ter luvas naquele momento.
Um comboio velho mas colorido, levou-nos por entre as paisagens mais belas de que me lembro, pela manhã fora...á medida que o sol ia nascendo.Fomos beijados por uma luz que não esqueço.Ao chegar a Lunca de Jos, nem nos apercebemos que teríamos que sair, valeu eu ter olhado pela janela e ter visto o Bô a procurar-nos com o olhar em todas as janelas.Saímos apressadamente do comboio, saltámos literalmente na relva.
Assim que cheguei, foi aquele abraço e a mesma sensação de ter chegado a casa.Ali sinto-me sempre em casa...como se pertencesse aquele local, desde sempre.
Caminhámos pela estrada, até casa, onde tomámos o pequeno almoço e descansámos.Eu nem acreditava que estava de novo em Giymes, aquele local onde fui tão feliz e onde me despedi pensando não voltar tão cedo.
Nessa manhã os pais do Bô, tinha de se ausentar da escola para um funeral, pelo que nos pediram para ficarmos com duas turmas, durante algum tempo.E assim foi.
Tinham-me avisado, que eram míudos muito fechados e que não se fazia nada deles.Não me rendi e enchi-me de coragem e lá fui eu.
Assim que cheguei, reparei na escola antiga, mas inserida numa paisagem e natureza sublimes que só por si anulam qualquer falta de infra-estruturas.Quem precisa de mais conforto quando sai á porta da escola e dá de caras com uma paisagem daquelas?
Meninos de olhar desconfiado, mas receptivo.Bastou um sorriso e uma canção e tinha-os na minha mão.Aqueles corações pequeninos, eu sei lê-los ao contrário dos grandes.Primeiro conhecer os nomes e depois lá fora, entre jogos e pequenas magias...fizemos a festa.Nada me deixa mais feliz, do que estar no meio deles, rodeada por eles, ser como eles e com eles, para eles.Ali confirmei um dos meus dons e cada vez que o ponho em prática o meu coração enche-se de sol, ganhei energia para o resto do dia, da semana, do mês...e quando fecho os olhos e recordo aquele momento, é o mesmo sentimento.
Ao 12h encaminham-se para casa, pela estrada fora, um grande grupo colorido, pinta a estrada de cores, vão sozinhos pela beira da estrada, onde passam a todo o momento camiões a toda a velocidade.Pedem-me que volte no dia seguinte e eu quero tanto voltar.Na mão levam um pão que a escola dá e em menos de nada o burburinho desaparece e eles também.Alguns acompanham-nos pois moram na mesma direcção.Pelo caminho uma fonte de água, que corre, depressa tiram um frasco de vidro ali pendurado e dão-nos de beber.A água de um sabor puro e leve.
O resto dia dia foi para apanhar sol, escutar o vento, conhecer os avós do Bô, pessoas fantásticas, beber Palinka, uma bebida muito forte que nos dá sempre as boas vinda e que fazem questão de beber antes das refeições, para abrir o apetite.
Ainda nos reservaram uma ida a antiga fronteira entre Roménia e Hungria.No tempo em que tudo era controlado.Ainda hoje, as pessoas mais velhas, que passam essa fronteira inexistente, dizem que vão á Roménia.De todo a terra é sua, a cultura e as tradições, que recusam perder.Neste dia aprendemos imenso sobre esta história que mantém Húngaros dentro de uma "ilha" isolada dentro da Roménia.Soubemos dos tempos duros que viveram, de como era antes.E perante todas aquelas montanhas, foi muito fácil imaginar as lutas, as conquistas e tudo o que a tomada de uma terra envolve.
Visitámos também as ruínas de uma igreja católica com mais de 300 anos, onde muitos deram voz á sua fé.Um local cheio de energia.
A noite em Giymes, traz sempre consigo um céu repleto de estrelas, que não pude deixar de admirar.E com o frio que se fazia sentir lá fora, e uma Lua a iluminar a noite rompendo pelas janelas, soube bem adormecer e sentir o calor que só uma amizade assim nos oferece.
Eu nunca vou poder retribuir o carinho e todo o amor com que me receberam mais uma vez e desta vez ao Duarte também.
O dia seguinte reservava uma ida á escola, mas desta vez a duas escolas.Dividi-me pela escola da mãe do Bô e pela escola do Pai.
Uma manhã cheia de crianças a pintarem o meu dia ali no vale mais bonito de toda a Roménia.

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