Bô, o meu amigo do Liceu Húngaro,mais a sua namorada que conheci na Livraria Viva, no inicio do projecto, convidou-me a ir á sua aldeia.
Pelas 7h da manhã estávamos a apanhar o comboio em Ciuc para Gyimex, cerca de 1h30 de caminho, num comboio antigo que vai apitando entre montanhas e vales.É uma viagem bonita.A conversa foi sempre animada e quanto mais perto mais abismada estava com a vista fantástica que tinha da janela do comboio.
Falar sobre este tempo em Gyimex, é falar sobre de ser recebida com muito amor, beleza e memórias que quero sempre guardar.
Gyimex, é simplesmente um dos locais mais bonitos da Transilvânia.Mais verde, mais calmo, mais pacífico.E sem stress é assim que se vive ali.
As montanhas sucedem-se...e os pinheiros compõem o resto, com casas espalhadas por todo o lado, casas tão tradicionais, que nos encantam e me chego a perguntar como possível viver no meio de
tanta beleza.Animais que pastam por todo o lado, cavalos que passam na estrada...flores nos canteiros, e um cheiro a ar puro, o que mais sinto falta em Bucareste.
Os pais do Bô, são ambos professores na escola local, trabalham com crianças, e foi muito interessante trocar pontos de vista com eles.Á nossa espera estava toda a sua família, com um enorme sorriso e acolheram-me como se fosse uma filha.Prepararam-nos um pequeno almoço gigante e tipicamente Húngaro.Queijo caseiro, manteiga, leite vindo da vaca minutos antes, pão feito ali, vegetais da horta,carne fumada na casa e fruta sem químicos e doce e no final porque sabem que sou Portuguesa, um cafézinho quentinho, que não dispenso.A seguir e porque eram ainda 9h, dormimos uma soneca até ao 12h.Acordei com o sol na minha janela a chamar por mim, e uma música de Yann Tiersen!
Descemos para o jardim e começamos por falar de EVS, o Bô e a namorada, terminaram o liceu e querem fazer EVS, pois não sabem ainda que curso tirar.E EVS pode ser uma porta para muitos dons que temos dentro escondidos.Foi a equipa Globe in the mirror, que deu a conhecer EVS, na escola onde estudam.De certa forma estava ali a fazer também promoção de Evs, e descansei mais os pais acerca do que é EVS, e acho que foi um bom trabalho.
Depois do almoço, fizemos uma caminhada até ao centro da aldeia,e ao fim da noite um concerto no jardim, com direito a canções típicas Húngaras e o sol a esconder-se ao longe.Na aldeia estava a decorrer um campo de danças Húngaras, no qual participámos pela noite, depois do jantar.
E aquilo é que é dançar, e de uma forma que parece parada no tempo, não importa a idade, todos bailam, com uma alegria extrema e respeitando as regras das danças tradicionais Húngaras.Todos em roda, fazem a música surgir com o bater dos pés na madeira velha, que assistiu já a muitos bailes, por certo.O pó paira no ar e no palco, velhos anciãos daquela aldeia tocam violoncelo e outros instrumentos que durante horas, não param um segundo.É absolutamente uma experiência a ter, que nos deixa a conhecer esta cultura, que vive dentro da Roménia, mas que sente diferente, come diferente, pensa e age diferente e eu pude sentir isso.
O dia seguinte, foi para dormir toda a manhã e acordar com a vista fantástica que tinha da minha janela, verde e mais verde a perder de vista.Pequeno almoço e café no jardim...sol muito sol na alma, e tempo para escrever, para pensar, para me deixar envolver por tão bela paisagem e sentir de novo aquela voz interior que se vai calando numa grande cidade.Foi tempo também para estar comigo e descansar dos dias de projecto que foram estafantes.
A esta família só tenho a agradecer, por me fazerem sentir tão amada e bem vinda no meio de todos.
O mais curioso, é que a minha máquina fotográfica "morreu" em Tusnad, durante o festival e quando saí de Gyimex, tinha uma máquina que me deram, porque não a usam e ainda melhor que a minha.Meteram-me a máquina nas mãos e é minha.
Parti de comboio pelo fim da tarde, e deixei para trás toda a família na estação a acenar-me e pedir que voltasse em breve.Depois foi uma 1h30 de comboio perdida nos meus pensamentos...o que soube muito bem, com um leve sorriso nos lábios.
No meu caminho têm acontecido as coisas certas, nos momentos certos.
E não duvido que muitas vezes, o meu pai está tão presente, que quase o posso tocar.
De uma forma ou de outra, o amor acontece, tal como ele me ensinou.
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