sexta-feira, 19 de março de 2010

Pai.








Hoje é dia do Pai.
Feliz dia do Pai para todos.
Esta imagem, lembra-me as noites em que adormecia no Sofá da sala...é a cópia perfeita.Meu querido Gordano.


O meu Pai é capaz de manter a calma, quando,todo o mundo ao redor já a tem perdido e ás vezes ainda o culpa.
Ele é capaz de crer em mim quando todos duvidam e para esses no entanto ele acha sempre uma desculpa.
Só ele é capaz de esperar sem se desesperar e aguenta tudo e todos de qualquer jeito.
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio se esquiva e responde com paz.
Ele pensa muito - sem deixar nunca de sonhar - mas sem fazer dos sonhos os seus senhores, pois não pode voar.Vejo nos seus olhos, tudo o que ainda não cumpriu.
Muitas vezes, sorri, mas eu sei que o que deseja é chorar.
Nunca vi ninguém capaz de sofrer a dor deste jeito e de ver mudadas,em armadilhas as verdades que diz e ainda assim respirar fundo.Tem uma grande paciência.
E viu muitas vezes as coisas, por que deu a vida estilhaçadas, mas decidido a refazê-las com o bem pouco que lhe restava, lá recomeçava.
Ele é capaz de arriscar por nós,tudo quanto ganhou em toda a sua vida.
Inclusivé dar a vida, como fez por mim.
É capaz de perder a razão, sem nunca dizer nada e resignado, tornar ao ponto de partida.
De forçar o coração, nervos, músculos, tudo,a dar seja o que for que neles ainda exista, para viver.Ele quer viver.
E a persistir assim, quando, exausto contudo,resta-lhe a vontade, que ainda lhe ordena: Persiste!
Ele é capaz de, entre os demais, não se corromper e não perder a naturalidade.
O meu Pai será capaz de dar, segundo por segundo,ao minuto fatal todo o valor e brilho depois desta luta.Aprendo tanto contigo, mesmo deitado nessa cama.
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo e - o que ainda é muito mais - és um Homem sem igual,Pai


(Escrito numa tarde,em que passei algumas horas sentada junto á sua cama no hospital...ele dormitava e eu escrevia,descobri-o há uns dias no meu caderno Africano na mala e quis publicá-lo hoje...
Tenho muitas saudades...e ver a palavra Pai escrita por todo o lado, podia deixar-me triste, mas não deixa...faz-me senti-lo ainda mais vivo em mim.
Só gostava de poder abraçá-lo hoje, mal acordasse e chamá-lo:"Gordano"...e ele ia rir-se e eu ia fazer-lhe cócegas e ele ia dizer: "está quietinha...gordana!"
E provavelmente ao chegar a casa, teria um jantar especial preparado por ele e uma deliciosa sobremesa...mas não vai ser assim.
Terei eu que ser como ele para os que vou encontrar, para que um dia se lembrem de mim, como eu me lembro dele.
Como um ser humano único e que se destinguiu pela sua doçura.
E foi nessa doçura que me impeliu a querer mais e ir mais além e assim ele mudou o mundo.
E eu também vou mudar.)

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