domingo, 27 de setembro de 2009


Tira a mão do queixo, não penses mais nisso...











Vou lembrar o ano de 2009 como o melhor e o pior da última década, posso já afirmá-lo.
Nunca estive tão em baixo, tão desamparada e perdida como neste ano. Mas, simultâneamente, nunca me senti tão empenhada, desejada, empolgada por estar a fazer coisas.
Basta pensar que há uns anos atrás,(antes de ficar doente) não tinha esta vontade e poder de decisão e estava completamente estagnada e tudo o que aconteceu a partir daí teve exactamente os mesmos efeitos de um tornado.
Entre mortes, doenças mais ou menos graves, internamentos e estados de saúde desconhecidos, aconteceu-me um pouco de tudo. Descobri que vou perder o meu pai e por isso tenho vivido para ele,confirmei que não gosto da sociedade da qual faço parte e que tento harmonizá-la o mais que posso,embora isso nem sempre seja bem entendido.
Descobri que sou emotiva de coração,embora não ceda ás lágrimas facilmente, este ano já chorei mais do que podia imaginar.Sei agora que nunca mas nunca devo misturar amizade com trabalho, que o mundo é um imenso mar de caminhos que ás vezes julgamos serem os nossos, mas não são.
Aprendi a relativizar, a respirar fundo, a dosear as quantidades de stress e indignação e aprendi também que, apesar de tudo, ainda me consigo enervar com facilidade.
Fui convidada para projectos empolgantes, que abracei sem sequer hesitar e levei-os a cabo, ultrapassei os meus próprios limites, criei os meus próprios espaços. E encontrei a mais preciosa e rara dádiva da minha vida, capaz de me elevar e surpreender sempre cada vez mais.A MISSÃO.
Mas isso implicou, a perda de alguns "amigos", familiares...que nunca o foram, concluo.Outros retornam lentamente, com passos de amizade inseguros e que acorda agora para um 2º caminho que não sabemos bem onde vai chegar?Outros ainda,alguns de sangue, sei que não têm retorno.
Devia estar a escrever este post em Dezembro, quando o ano estivesse prestes a acabar. Mas agora tenho tanta coisa a acontecer ao mesmo tempo, que dei por mim perdida neste balanço.
O que eu aprendi verdadeiramente é que vai ficar tudo bem, a vida vai continuar, a sorte vai virar.Sempre me guiei por este pensamento.E resulta.
O meu pai apesar de estar a fazer progressos muito pequeninos, lá se vai aguentando,e que forte tem sido.Ele continua a ser a minha prioridade.Mas cansam-me os hospitais.
A minha vida está (muito lentamente) a chegar exactamente onde sonhei.Embora tivesse que adiar alguns projectos...e sonhos, eles resistem.Sinto-me capaz de começar do 0 uma vida a sós, longe daqui,noutro local, com outras pessoas, enfrentando todos os meus medos e contrapartidas implicadas nesse processo.A vida é demasiado curta e já o foi para mim.Este não é o meu lugar no futuro.
Formei-me para servir melhor, aprendi a amar a diferença que poucos encaram e isso mudou tudo.Abalou o meu mundo.Fortaleceu-me, deu-me cor...e fez-me lidar melhor com os meus limites.
E, mesmo que amanhã esta esperança toda venha por aí abaixo, eu hei-de voltar a este post e reler tudo o que escrevi para me lembrar que sim, a gente vai continuar.

1 comentário:

Lena disse...

Posso perguntar se te emocionaste a escrever este texto?...

Lembro-me tantas vezes de ti!

Beijo no coração