Então e votou bem?
Gosto que me perguntem isto, como se houvesse apenas uma maneira certa de votar e todos soubéssemos exactamente o que quer dizer votar bem. Em todo o caso, o dever cívico está já cumprido.Pela primeira vez, levei a minha caneta de casa e tive que desinfectar as mãos com álcool e fi-lo com um certo sentimento de respeito.
Este ano não fui votar acompanhada do meu pai. É como se agora estivesse mais desamparada e esse sentimento apenas cresceu quando disseram o meu nome em voz alta na secção de voto, depois de passar pelos meninos escuteiros que tentavam vender canetas à porta. E posso assegurar que, é bom ver muita gente a votar.Um direito que nem sempre tivemos.E então eu, no meio daquela gente toda, senti-me deslocada porque não é aquele o meu ambiente, não é familiar e tive necessidade de sentir que a maior parte das pessoas que votavam ao mesmo tempo que eu são sonhadoras e vivem bem sem politica.Confesso que, como tantas outras pessoas, não gosto nem percebo a política.Mas sei o suficiente, para saber o fio condutor que quero seguir. Tenho muitas vezes a tendência a pensar que não existem nenhumas diferenças entre os que estão no poder e os que se seguirão e acho que quem ingressa na política ao mais alto nível acaba sempre corrompido.
(Lembrei-me, enquanto visitava o meu pai e via como seguia atento a TV, a vontade que também ele teve em ir votar.Mas não o pode fazer.Acho que deviam de haver urnas móveis, nos hospitais, afinal seriam mais umas centenas ou milhares de votos.E as pessoas que estão lúcidas, merecem esse respeito.)
Mas nestes dias de eleições sinto-me motivada por fazer parte de algo muito maior do que apenas um partido político: sempre que votei senti-me com o poder de mudar o futuro, mesmo correndo o risco de escolher mal, ou sair de lá achando que nada ia mudar.
E hoje, impressionada com a afluência a algumas mesas de voto, fico contente por ver que ainda há quem se importe.E todos, um a um mudamos, sim.
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