sexta-feira, 31 de julho de 2009

Quase a partir!











Não tenho o peso de achar que, se pudesse, mudaria o meu passado.Nada, mas mesmo nada mudaria, porque com tudo isso, eu cheguei aqui.

Nem que sejam pequeninas coisas, há sempre aquelas que lamentamos, consequentes ou inconsequentes, pela acção ou pela consequência.

Mesmo sem isolar momentos, olhando para trás, dou-me conta de que sempre vivi com atenção. Fui sempre muito observadora, mas também um pouco distraída, dispersa.O que até era bom.Fi-lo inconscientemente, na loucura adolescente de querer experimentar tudo. Nunca deixava de parar, para dizer a mim mesma que era bom, bonito, mau ou doloroso.Ainda hoje o faço.É por isso frequente conseguir associar a determinada sensação, a consistência de uma imagem, de uma mensagem, de um pedaço de informação, de um sabor ou de um cheiro.

E é muito bom recordar determinada vivência como boa, fazendo-lhe corresponder aquilo que, então, lhe imprimiu o “sabor” a bom.

Verdadeiramente, vivi muitos desses momentos. Passei por eles, conscientemente e já focada na busca seguinte.Não há tempo a perder.

O que à partida poderia não ter qualquer importância, assumiu-se agora (à luz de uma tardia tomada de consciência) como uma prioridade.


Hoje, sorvo cada instante e arregalo os olhos a todos os pormenores, delicio-me com aromas, passeio-me em quadros e paisagens, digiro cada conversa em que participo e cada linha que leio.Se, até agora, olhava para a minha vida como um filme amputado, hoje, esse filme passou a ser a cores, tem banda sonora diversificada e é visto três dimensões.


Por isso, dou por mim a fazer coisas ou a reparar em pormenores deliciosos.

Habituei-me por exemplo a dizer “olá, bom dia” ao Senhor que inevitavelmente varre a minha Rua por volta das 8:30 da manhã, ao que ele já me responde com um “olá bom dia, já viu este tempo?...então até amanhã”.

Noutros tempos, seria apenas uma vassoura incógnita no meu caminho.

Habituei-me a olhar para o céu, limpo, azul, para o sol, para o mar, e a agradecer por isso...só por existirem e eu os poder sentir, assim.Noutros tempos seriam coisas normais.

Não haveria eu de olhar para as pessoas, e admirá-las, senti-las, querer-lhes bem e observar quem são e o que encerram em si.

Habituei-me a olhar para um doente mental, da mesma forma que olho para um amigo.Porque é isso que ele é.Um amigo, tão ou mais valioso que qualquer outro.Noutros tempos, seriam pessoas distantes da minha vida, admira-los-ia na mesma,mas certamente não os amava assim, deste jeito.

Começo a habituar-me a agarrar missões, a acreditar nelas e a dar-lhes forma, cor, rostos.

Qualquer missão é boa e válida para mim, desde que possa Amar.

E é isso que me preparo para fazer, dentro de 2 dias.É isso que muitos dos meus amigos se preparam para fazer, neste início de Agosto.Partir, ter férias úteis, que visem o Outro, alguém, dar-lhe tempo e atenção.
Ficamos unidos...embora distantes em Km.


Lavo os pés, calço as sandálias e preparo-me para o caminho!
É também isso, isto de Amar.



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