segunda-feira, 25 de maio de 2009

Mais um dia, por ti.

(No alentejo, Outubro de 2008)








Hoje, saí de casa a correr, adormeci.


Fiquei sem bateria no telemóvel.


Não tive a hora de almoço completa.


Corri, para chegar a tempo á visita, pois para além de ter que fazer a barba ao meu pai, o Pe.Alberto ia estar com ele.


Cheguei em cima do jantar, que é as 19h, e por isso ele como estava a jantar, já não quis fazer a barba hoje, ficará para amanhã.Não gosto de o ver assim, mas sim com a cara limpa e bem tratada, não é por estar numa cama que vou deixar de o fazer.


Sei que hoje recebeu a visita da Ana Maria, uma amiga, que está a trabalhar no serviço, esteve a falar com ele e a animá-lo.Obrigado Ana.


Entre uma colher de sopa e outra que dava ao meu pai, reparei na enfermeira que ficou muito séria a olhar para mim, e eu para ele, era a Filipa, que foi comigo a Roma, no ano 2000, ficámos muito admiradas, por nos vermos ali, quando percebeu que era o meu pai, a sua expressão mudou, ela ia ficar esta noite com o meu pai.Assim que pode chamou-me á parte e estivemos a falar um bocadinho.Aquilo que lhe disse, ela confirmou.Que as coisas estão numa fase muito delicada, que o tumor não cede e pressiona a bexiga, o que vai acabar por rebentar por algum lado.As defesas são quase nulas, qualquer coisa lhe pode fazer mal.Adverteu-me ainda para o facto de quando ele começar a ficar agitado, sem saber o que diz, e onde está, coisas sem nexo, nos mentalizar-mos que chegou a hora.E disto eu não sabia.


Foi bom falar com ela, ainda que de lágrimas nos olhos, e com o coração apertadinho, eu ouvi tudo o que no fundo já sabia.Mas ouvir da boca de alguém que conhecemos, é diferente.É mais uma confirmação para aquilo que não se quer, não se deseja, mas vai inevitavelmente acontecer.


Tenho encontrado as pessoas certas, nas horas certas.


O Pe.Alberto, acabou por conseguir subir, mesmo depois das 19h30, e o meu pai quando o viu, ficou muito contente, e perguntou logo: " Trouxe aquilo?".


Aquilo, era a comunhão e a extrema Unção, que quis receber.Também se confessou.


Chorou.Fez-lhe bem e ficou em paz.


Que mais posso eu fazer por ti, Pai?Não quero pensar, no medo que te habita, sabendo tu que a tua vida, está perto do fim, que pensamentos e sentimentos isso provoca em ti.Mas sei bem que sentimentos provoca em mim.E se soubesses a dor que me acompanha, mas ao mesmo tempo uma força que não explico que me diz que nunca te vou perder.Deve ser muito doloroso, ver todos os que amas, á tua volta.Mas confia, que a tua hora será leve e sem dor.


Por isso tenho pedido a Deus, a todo o instante.


E que te acolha no seu reino agora e para sempre.


Por agora, deixo o teu sorriso, o teu apetite, e a tua boa energia...a partilhar com muitos.Pela vida fora.



Até amanhã.



1 comentário:

Novo disse...

E tu és linda e como AMAS também!
Este teu post faz-nos engolir em seco e ficamos quase sem palavras, mas o teu testemunho é tão lindo, tão importante e raro no mundo de hoje que não podia ficar calado sem te dizer que Ele(s) merecem todo o Amor que lhe estás a entregar! E só um grande AMOR poderia sustentar essa dôr que trazes dentro. Adoro-te! Abraço apertado dos nossos. Teu...Hugo :)