segunda-feira, 25 de maio de 2009

Acordar











A claridade da luz na janela ofusca quase tudo, embora perceba pela claridade que hoje, não haverá sol.
É de manhã e o mundo parece tão pequeno como o reflexo de um lar.Do meu lar neste momento, mais vazio.
Na ardente atmosfera paira o último lume da noite anterior, como se a casa fosse impregnando na minha memória as reminiscências desse ainda fresco passado longínquo.
Esse brilho faz com que a manhã entre mais levemente, brinque com as sombras e cure a cegueira da escuridão.Um fio de luz vai semeando a esperança pelo meu quarto, ainda que dentro do meu coração a esperança pareça algo tão remoto, ela existe.
Vejo-me sentada na cama, como sempre faço depois de acordar, passando as mãos pela cara, despedindo o sereno sorriso que trouxe do sonho, sem memória da realidade, que chega agora.
Duas solidões ardem no lume que lentamente se esvanece.
Uma vem desde os recantos mais escuros do seu interior, pensa em alguém que está longe, no futuro que a cada dia se transforma num passado diferente do imaginado, as sombras de um fogo que se vai apagando na contraluz deste quarto. Outra que sonha com coisas que ama, e no horizonte teima em ver as "ilusões" que ainda virão.
Imagino este acordar em frente ao mar...e com sol.
Uma canção para despertar ou embalar é sussurrada a contraluz, a luz que se distingue na distância, tentando romper em vão a escuridão da noite imensa que passou.





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