Voltar a Paris,é sempre encantador.O que não foi encantador este ano, foi o friooooooo.
Era a minha 3º vez, e nunca senti um frio tão duro e impossivel de suportar.Estavam -2º.Tudo em gelo.
Lembro-me que entrámos em tantos cafés quantos podiamos, para aquecer.Comemos o tradicional crepe ou Gauffre com chocolate quente.
A caminhada até ao Louvre, pelo jardim já escuro, onde outrora eu vi o sol descer entre as árvores.E aí, quisemos mudar de rumo, deixar a grande massa, e vaguear, por aquelas ruas que quase ninguém conhece.
Em busca do bairro de estudantes fomos nós.Éramos 3.
Lá chegámos por fim, depois de apanhar não sei quantos metros e perguntar a mais umas 500 pessoas.
O bairro dos estudantes, ou universitário, é de uma diversidade incrivel.
Adorei.As ruas cheias de gente, de luz, de festa, de culturas, restaurantes de todos os Países do mundo, cheiros e músicas á mistura,ali paredes meias.Ritmos, olhares, pressa, ou deambular.
Um espécie de bairro alto francês, mas sem subidas, sempre a direito.Ruas e mais ruas, sempre agitadas, gente que dança na rua, que canta.E nós também dançámos.
Por ali jantámos o famoso Kebbab...e continuámos a jornada até ao Notre Dame, gelados e acenando ás pessoas que passavam nos barcos do Sena iluminado, jantando, quentes e felizes por nos verem na ponte.
Era Natal para mim, assim,ainda e sempre.
Havia alegria nos rostos, esperança...e o mundo tinha acabado de celebrar o seu nascimento.Havia dentro de mim, razões para celebrar.
Talvez o voltar ali, o recordar, talvez o estar a caminho de uma peregrinação de confiança sobre a terra, talvez o partilharmos tudo, decisões, frio, ruas, refeições...rumos, destinos.Deus.
Á beira do Sena caminhámos, para encontrar uma exposição, que valeu bem a pena...arte comtemporânea, interessante.Sons,imagens e sempre frio.
Depois a torre Eiffel, sempre majestosa, a receber-nos, este ano de Azul e com as estrelas da união europeia...ali dançámos novamente a dança da torre Eiffel e ensinámos ao Samuel que não sabia.
Deitámo-nos num banco, mesmo por baixo da torre e ali ficámos a ver aquela estrutura que nos espanta.O burburinho ali é sempre o mesmo, quando ela pisca e acende as 1001 luzinhas, o "aaaaahhh!!", quando apaga o "ooooooohhh..."
Procurámos uma igreja para nos aquecermos, por dentro e por fora, mas estavam todas fechadas.Acabámos a noite sentados na porta de uma Loja cara, de nome, como 3 mendigos , com uma manta e a comer bolachas, esperando pela hora de regressar ao nosso autocarro, a nossa casa ambulante por 3 dias.E foi uma experiência, única, pois nunca tinha sentido o que pode sofrer um sem abrigo, na rua.O frio era de morte, e o medo que alguém nos faça mal, não nos deixa repousar.Ali fizémos uma partilha do dia...que foi tão bonito com vocês.E comemos mais bolachas.
E nós de novo ali, em Paris.Onde tudo fazia muito mais sentido.Onde os caminhos eram conhecidos e onde os carrocéis estavam no mesmo sitío, com a mesma música.E tanta coisa acontece na nossa vida entretanto.
E Paris no mesmo lugar.Grande, luminoso, com pessoas diferentes, longe e de lá.
Com o Sena silencioso.
O regresso ao autocarro foi feito com satisfação.Todos estavam agitados, principalmente aqueles que nunca tinham estado em Paris.Foi bom ouvir cada um, com um brilho nos olhos.
Depois toca a aquecer e a dormir, esticada no chão, só acordei na Holanda...ás portas de Amesterdão.Dormi que nem uma pedra,quente e só acordava para me virar no exíguo espaço, que me pareceu uma cama confortável.Já estou tão habituada...que consigo dizer que gosto, de olhar e ver 3 ou 4 pés por cima de mim, e botas espalhadas pelo chão, mapas e lanternas, garrafas de água...uma confusão humana, mas feliz.Mas o coração arrumado e sabendo bem por onde ir.E como.
Até amanhã.
Aaaaahhh Paris!
Os narizes e as bochechas queimados e vermelhos do frio...
Paris, com trânsito a toda a hora...nunca dorme.
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