sábado, 15 de novembro de 2008

Ontem...já passou.







Precisava definitivamente de me distrair e consegui da forma mais simples que conheço: Um grande amigo.Um chá quente. Música. Primeiro, música para ver; depois, música para conversar e, finalmente, música para dançar.Há tanto tempo que não saía para dançar.Tudo completamente inesperado.
Foi no Croissant, na baixa de lisboa,um espaço que há muito, marca a diferença e dá oportunidade a novos sons e projectos.
Enquanto o som está moderadamente alto, tenho menos espaço na cabeça para pensar e liberto o resto do corpo para a dança. Numa paz imensa todos dançavam ao som do Reaggue - era como se tivesse apenas que dançar.Ali não há espaço para vergonhas ou timidez, cada um rodopia aos trejeitos da alma.
Aliviada pelo som, deitei-me pela primeira vez em dias sem pensar em nada. Deitei-me e dormi. Não quer dizer que doa menos, só significa que hei-de conseguir controlar as lembranças.
Sem esforço, consigo ainda ouvir o som do teu riso e da tua voz grave ou perceber que tentas estar bem e inventar qualquer coisa para me fazer rir . Insistes que podia voltar a ser a Rita, enquanto eu desminto e digo que não sei ser nada mais do que a Rita. Tu achas que não, mas eu digo-te que só o tempo pode curar o tempo que sobre nós passou.Afinal o que a vida faz em nós, não te mudou só a ti, mas quem sabe a mim também...mas mudanças que não me vão nunca tirar o rosto nem o jeito de ser.
Gostas da minha presença e eu gosto da tua e estamos bem assim.
As nossas conversas são cascatas de curiosidade que correm sobre olhos que fazem perguntas em silêncio, que dizem tudo o que só conseguimos dizer quando estamos sós. Respondo a todas as tuas perguntas e coloco as minhas também, só para perceber o que ainda somos,(pois sei bem o que fomos), só para falar em círculos, só para evitar que as coisas se precipitem.
Há um mapa-mundi na minha cabeça, que me mostra a distância que um dia nos separou e aquela que se colocou entre nós há uns tempos. Eu olho seriamente para ele, como se pudesse antecipar esta sensação de abismo em que nos envolvemos. Mas logo o teu cabelo escuro me prende a atenção e logo os teus sonhos me distraem e logo os teus olhos se prendem nos meus tão demoradamente e está frio e é Novembro outravez.
As horas parecem intermináveis enquanto me abraças, ou te ris comigo e te levantas e pegas na tua caneca de chá com mel e matas a sede, são infinitos minutos a saber o que estamos a perder, uma pequena eternidade tentando gravar todas as memórias em que nos enrolamos devagar.
Fingimos que amanhã vai ser igual e depois de amanhã vamos estar no mesmo sítio para aliviar o sufoco da saudade que já ataca, mas sem grande sucesso. Enquanto um outro dia vem a caminho, enquanto os brilhos transformam os nossos olhos em pequenas pérolas brancas, despedimo-nos o mais serenamente que conseguimos. Sem olhar para trás uma única vez, sob pena de nunca mais conseguir ir embora.

Não me interessa o que passou,nem o que fazemos a seguir. Eu não vou esquecer.

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