quinta-feira, 23 de agosto de 2007


Penajóia que tanto me encantou...



(Passam dois dias desde que voltei a casa...

Fecho os olhos e vejo tudo...oiço tudo...cheiro tudo...É tempo de partilhar o que vivi...ou apenas uma infima parte, pois é tanto e tão pronfundo...)



Com esta vista, qualquer um de nós se encantaria...o Douro em baixo, de onde se avistam vinhas a perder de vista.










Ar puro...horizonte, imensidão.Perdi-me vezes sem conta a olhar tal dádiva...



O sentir-me pequena e grande ao mesmo tempo.













Mas aquilo que mais me encantou, foram as pessoas, as que lá encontrei e deixei, as que consigo ver, se fechar os olhos, a sorrir e a abrir-nos a porta de sua casa, com o maior gosto do mundo...por nos receberem, estivessem alegres ou tristes ou até mesmo doentes.




Não entrar e ficar um pouco, seria quase uma ofensa para a maioria delas.Mas era mesmo para isso que lá estávamos.




O meu tempo pertencia-lhes por inteiro.



Uma das pessoas que tão bem nos tratou, e me marcou, a Ti Filomena...que olhava por nós como um anjo da guarda...



Dizia ela com saudade, que trabalhou anos e anos, 31 mais precisamente, na escola que agora nos acolhia, conhecia-lhe bem os cantos e ali viu muita gente crescer e aprender.



Estava também feliz por ver vida naquele local, mesmo que fosse de passagem...







Essa alma podia eu respirá-la, a de muitas gerações que por ali passaram a aprenderam a ler e a escrever...e depois voaram para o mundo.



E a Ti Filomena lá continua cuidadosa com cada recanto da escola que é também um pouco sua.










Os dias foram passando e a criançada tomou conta do meu coração por inteiro.



Também os mais velhos, mas a pequenada tem em mim um lugar especial, que me enche de cor e de vida nova de gargalhadas sem fim.


Assim daquelas que brotam cá do fundo...com força!


E esta semana dei tantas...que me deixaram a alma a brilhar!









Relembro todos, mas em especial os "Zélitos" da familia Sabença...que nos acompanhavam para todo o lado e nos adoptaram...ou nós a eles?


A Carolina, a bébé punk!!!... que levou tantos beijos e abraços quantos havia para dar...e que foi a autora de um maravilhoso "OOOOOOOOOHHHHHHHHH", que carinhosamente dizemos agora com saudade...



















E dos momentos mais felizes que tive foi junto delas, das crianças que há hora marcada corriam ao nosso encontro com expectativa, e que nos revelavam os seus sonhos, e ás quais tentávamos explicar o que é ser missionário...e lutar por um mundo melhor e mais justo.



Depois haviam sempre 1001 brincadeiras, e seguiamos juntos para a missa, onde eles cantavam connosco...e depois pela mão nos diziam: " Vem jantar a minha casa..."


E nós iamos, e percebiamos tanto do seu mundo...de coisas simples, mas felizes.


Porque elas têm asas e voam, como só elas sabem...














Um dos problemas daquela terra, como a de muitas outras, a desertificação, a falta de crianças.


Os mais velhos queixam-se que elas fazem falta...que a população está envelhecida, e é um facto.
Mas esta semana pude ver nas poucas crianças que por ali há, uma magia que põe brilho nos olhos dos mais velhos...e isso deixou-me feliz.















Tão feliz que já os sentia todos como sendo meus Avós emprestados...

Preocupados com a nossa estadia, onde dormiamos, comiamos?Como tomávamos banho de água fria...a preocupação e o carinho que não têm palavras que os descrevam.

Gente de idade muito avançada, gente de trabalho, Pais de muitos filhos...lutadores, e isso podia ler-lhes no rosto e nas mãos.













Por diversas vezes me senti parada no tempo e no espaço, não como algo mau, mas algo bom, porque podia entrar num passado que por ali andou...e como o sentia, em tudo.










E ali confirmei mais uma vez, a cada dia, que o amor é mesmo fonte da missão, porque onde ele existe, tudo fluí...mesmo que não haja muita coisa, um sorriso fará toda a diferença, e deixará naqueles que o recebem marcas eternas.










Mas para além da missão em si, tivemos também tempo de nos embrenharmos em tradições e cultura, como fazer pão, vindimar, costurar, fazer hóstias, ir para a adega..eu fui bordar, e ao inicio não estava a dar ponto que se visse, mas depois lá consegui...e passei uma manhã em excelente companhia...



Ao chegarmos junto uns dos outros, a vontade de partilhar o que tinhamos vivido era enorme...porque todos os dias recebiamos tanto...que só cada um saberá a intensidade desses momentos.
Ficam amigos para a vida estou certa...porque "a gente nunca esquece, companheiro de estrada de pó..."





Foram tantas as coisas que aprendi...e pude guardar.

Não conseguirei falar de todas elas...mas sinto que a missão ficou cumprida.






Foi em nome DELE e olhando para o céu...que partimos e que cada um deu o que tinha para dar.








Foi por lá...entre as vinhas do Douro, que fui envangelizar...e dizer a todos que Deus nos ama como somos...que nunca nos deixa sós...e que coloca nas nossas vidas sem esperar-mos presentes belos muito belos, que eu quero descobrir...mais e mais.







Estou de volta com o sorriso mais doce do mundo...e aquele brilho no olhar, que só Deus me pode dar...porque o descobri em cada um dos que se cruzaram comigo.
A missão não termina mas continuará sempre, a cada minuto de vida...a cada respirar, onde quer que me encontre...talvez comece sempre onde julgamos ter terminado.







Ao grupo fantástico que fez comigo esta semana fica um...

Obrigado=)

Sem comentários: