O passado...
(Castelo de Porto de Mós, Agosto de 2006)
Houve tempos em que me habitavas, sentia-te a presença nos corredores dos meus pensamentos mais secretos.
Pensava e era como se te falasse.
Calava-me e tu continuavas a beijar-me a alma sem eu perceber como.
Encontrava-te nos meus cantos interiores mais recônditos e profundos, na minha recordação mais doce e também no meu momento mais feliz, ambos de um tempo em que te conhecia; no meu riso aberto e solto para ti - e no entanto quando te viraste de costas eu deixei de rir tão largamente.
Tirei esse véu. Usava-o para esconder uma natureza contemplativa, alguns sentimentos que não queria revelar e me vinham aos olhos, e o riso semicerrava-os.
Era um pequeno truque, chamava a atenção para longe do ponto onde estava a verdade, como fazem os ilusionistas!Mas não te iludi.
Permanecias fiel ao olhar e esgueiravas-te entre as frestas dos meus olhos rasgados pelo riso, descobriste-me, um a um, os traços da alma.
Claro que interpretaste alguns erradamente.
Mas foi assim que me amaste como mais ninguém soube fazê-lo.
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