quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Chegar a casa...



Chooooove a potes...acabo de entrar em casa,encharcada.
Sem me importar muito com isso,pouso as coisas no hall de entrada,e caminho corredor a fora,splash,splash...
Que bom é entrar em casa,e sentir o calor,depois da chuva.

O cheiro a comida, acabada de cozinhar.
Vou direita ao quarto,e meto imediatamente o CD de Nhora Jones...adoro ouvi-la em dias de chuva!
Por instantes a minha mãe,diz lá de dentro, ainda sem me ter visto:"Estás encharcada,vai já tomar banho,antes que te constipes...",e esta simples frase,fez-me recuar no tempo,anos e anos,até parei,para pensar nela.
Fez-me uma espécie de cócegas no coração...e no entando,não tem nada de especial!
Nunca gostei de chapéus de chuva,nem de impremeáveis...ia e vinha da escola,á chuva,fazia por me esquecer dos chapéus...perdi uns quantos!A minha mãe zangava-se!Mas tal é o instinto de Mãe,que sem me ver,já sabe,ou já me conhece de gingeira!!
E esta frase,ouvi-a muitas vezes,ao longo desta jornada de quase 25 anos!E hoje voltei a ouvir...e soube-me bem.

Há sempre aquelas expressões guardadas em nós...que num momento ou noutro voltam a fazer todo o sentido.
E um dia a minha mãe já não estárá mais aqui para me dizer,isto,e tantas outras coisas.
É nestas alturas...que me apercebo do valor das coisas minhas,tão minhas que só eu as compreendo!

Então que me volte a dizer,tantas e tantas coisas que costuma dizer...e que eu as oiça,que sonhe com elas...
E um dia serei eu a dizê-las, quem sabe aos meus filhos...aos meus netos...e eles,como eu,irão recordar palavra por palavra,mesmo o tom...e o carinho,ou a fúria com que as disser.

Tomo um banho quente,que me tira o sabor da chuva...do corpo,mas não da alma.
Janto,oiço as noticias com os meus pais,oiço ainda as rajadas de vento, regadas de chuva lá fora...
Entro no meu quarto,a última faixa do CD,toca: "soooo lonely...."e bem pode dizê-lo,tocou para as paredes,para alguém que não estava ali...em nome de algum sentimento,ou desejo...não ouvido?
Não sei...Vens-me TU á lembrança...e por isso, agarro no bloco,daquela aldeia,e acabo de te escrever aquela carta,que comecei sentada num jardim,num dia em que ainda havia sol...
Algum tempo depois,o sono chama por mim...e leva-me mesmo para esse reino mágico,onde só posso sonhar...
O que sonhei não sei?Mas o que gostaria,sei-o bem,mas não vou dizer...

...Deixei-me ir,com a frase da minha mãe...e com o sabor a chuva.

1 comentário:

Anónimo disse...

assim é que é...afinal como eu sempre soube gostamos todos uns dos outros e fazemos sempre alquela falta quando deixarmos de existir...

fico feliz por ~perceberes que as rabujices da mãe não são outra coisa que a maneira de ela nos amar...

é esta mana k sei k existe ai dentro que devia andar sempre à mostra lá em casa...

beijinhos...

adoro-te e ao cheiro da saudade de entrar num quarto que agora é teu e um dia já foi NOSSO...