quinta-feira, 10 de abril de 2014

Crónicas de uma incerteza.





E como será?Passar por isso?Não imagino como deve ser...


É como ficar sem chão, como se estivéssemos em cima de uma linha muito ténue a fazer equilibrismo, como se estivéssemos presos num labirinto ansiosos por saber onde está a saída. É o "e agora o que faço?" - Parece que estamos sozinhos no mundo sem saber como agir com a sensação que não temos nada. É como se fossemos filhos de ninguém, como se não tivéssemos para onde ir.
Depois destes pensamentos no vazio, (que nos assaltam, fruto do choque)...sabemos exactamente aquilo que tem de ser feito: começar tudo de novo. Oh não, começar tudo de novo... Saber que temos de usar toda a energia necessária para começar tudo outra vez, saber que leva tempo para termos de novo a mesma confiança outra vez, que é preciso muita persistência e que não se pode desistir. 

Mas o quê? Para onde e como?E com quem?

(Milhares de pessoas que amo e me amam...eu sei.)

Vamos percebendo que as coisas não são assim tão más e vamos descobrindo a capacidade de nos reinventarmos! Vamos conseguir levantar-mo-nos do chão, apesar das dores, restabelecer-mo-nos da sensação de termos sangue no nariz e na boca quando se cai de repente, com força, e de limpar as feridas que nos fazem arder as mãos.
As piores nem são essas, mas as que vivem no coração.E levam mais tempo a sarar.
Hão-de passar.Umas e outras.Tudo passa.

É cair, e logo a seguir rir da queda, que o chão não foi feito para mim...e para se estar muito tempo.

E sim, tirei 50 kg de cima de mim.Pelo menos.
Falta a outra metade, que virá depois da operação.Fico sem uma ínfima parte de mim.Mas fico cá.
E posso dar vida ao mundo.O que só por si é maravilhoso.Dos 4 níveis de gravidade o meu está no nível 2.Menos mal.Tudo preparado para a operação,e só ela me poderá dar a resposta que tanto espero.Mas tudo aponta para o melhor cenário.A prioridade fica para os casos mais graves.
Foram dias de ansiedade, estes...que embora não tenham terminado, acalmaram.

Quando souber que nem uma réstia daquele tecido tem algo que se mexa dentro de mim,respiro.

No entanto tem sido fabuloso, sentir o amor de quem se faz presente.
Se foi isto que conquistei com a minha passagem pela terra, o amor incondicional de tantas pessoas bonitas á volta o mundo.Então valeu tanto a pena.
Há pessoas para quem sou importante de tal forma, e eu nem sabia.Há pessoas que se inspiram na minha vida e eu nem sabia.Estavam no escuro.Deram a cara.E há pessoas do outro lado do mundo a rezar, numa mesquita, seja onde for.Por mim.Porque algum dia eu entrei nas suas vidas e as fiz sorrir e ver o lado bom.
E agora, entram-me todas pela porta do coração dentro, uma vez mais e da forma mais bela e inesperada.E como é  bom deixá-las morar no meu coração.

E fazer-se presente, não é apenas dizer, que vai correr tudo bem.Que estamos a torcer por ti e que és forte.Isso ajuda, é certo, mas fazer-se presente, vai muito além disto.Pode estar no silêncio de uma oração simples, de um desejo profundo que tudo corra mesmo bem.E de estar ali para um abraço e um sorriso.Que é a melhor coisa que me podem dar.Nem sabem como me sossega a alma.Um sorriso e o brilho dos olhos.Verdadeiro.Um raio de sol partilhado.Uma gargalhada. E movimento.Dias cheios.
Felizmente não tenho parado, entre trabalho e projecto de Verão.E tenciono parar apenas o tempo de me recuperar.

Tenho então luz verde, para seguir viagem até S.Tomé, como previsto...os dois meses inteirinhos.
E na opinião médica, não só posso, como devo ir.
Ouvindo isto, não vou ainda descansar.
Mas respiro melhor.

Afinal, é esse o meu Amor.
De sempre e para sempre.

1 comentário:

Sol da manhã disse...

Há dias lembrei-me de ti!
Hoje outra vez e parei para vir aqui!
Força Rita!
Um abraço do tamanho do mundo :)


ps: uhmmmm 2 de 4, malandras, tu sabes como tratar-lhes do "sebo" :)