sábado, 7 de dezembro de 2013

Brilho







Felicidade é o que eu entendo, por estar na moda*


Li esta frase há muitos anos e ficou-me na cabeça. Porque é uma verdade tão absoluta. sendo que a alegria aqui não é apenas um sorriso, uma piadola, ou uma gargalhada escancarada. Não, entenda-se alegria aqui como o brilho da pessoa: é aquela coisa que não sabemos descrever, mas que sai da pele, da cor dos olhos, da forma como os lábios se movem, da forma como se olha. até da forma como se respira.
E aqui não há brilhos perfeitos, piores, ou melhores. há brilhos diferentes. Algumas pessoas tem peles mate, outras acetinadas, outras com uma tez brilhante, umas soltam o brilho num riso, outras num berro. Há pessoas que de tanto (quererem) brilhar, ofuscam tudo à sua volta.Incomodam, outras pessoas que de tão pouco brilho, parece que nos puxam para o fundo de um poço, é sempre tudo pesado ali. outras quase transparentes, em que nem brilho, nem parede, nem alma. Tornam-se indiferentes.

Mas o que importa não é tanto o que se é, mas o que se provoca em com quem estamos.
Não é tanto a alegria que temos, mas a capacidade de a transmitir, de a partilhar, de envolver quem nos rodeia nesse brilho, nesse "hapinness". Os brilhos mais perfeitos são aqueles que são espelho e luz ao mesmo tempo. Em que nos reflectimos e nos iluminamos só com a sua presença. Aquelas pessoas que entram numa sala, num carro, numa conversa, e enchem a coisa de energias boas, de risos suaves, mas puros. De toques leves na mão, mas que arrepiam na espinha.
Tramada é a gestão do brilho. Porque há dias em que não há alegria, nem alma, que resista a tanta adversidade. Entre trabalho, mal-entendidos, palavras mal ditas, vontades que não se cruzam naquele momento, o brilho vai-se perdendo. Desgasta-se. Há horas, dias, semanas, em que sentimos menos alegria, menos paciência, até para os que gostamos. Saber gerir isso é quase uma arte. Dar espaço quando os outros precisam. Recolher ao nosso espaço quando nós precisamos. Sim, porque o brilho precisa de carregar as baterias: numa noite bem dormida, num jantar solitário, num domingo fechado em casa com aquelas musicas. Ás vezes, só quando se chora perdidamente se limpa o brilho. quase reciclagem material, polimento das pratas oculares...ou quando se parte, para fora da cidade, para bem longe, renovando ares, cores, sabores, cheiros, rostos.

Quando sabemos que estamos na frente de alguém único?
Quando o nosso brilho ao seu lado é cada dia mais intenso. Quando nos sentimos crescer, cheios de energia, cheios de uma resistência que nem suspeitávamos que tínhamos, cheios de uma vontade, simplificadora, de apenas querer estar bem, feliz, em paz. Quando mesmo no meio do caos, da confusão, dos dias pesados, basta um olhar cruzado dessa pessoa e sentimo-nos iluminados. Quando um abraço chega para sentir sossego. 
E aqui tem pouco a ver com o que cada um é.  Tem sim a ver com o que duas pessoas juntas são. A tal soma em que 1+1 é mais que 2. Quando sentimos que ao lado desse alguém somos melhores pessoas, mais completas e mais completantes. Em que sabemos que a nossa luz aumentou, apenas, porque encontrou - finalmente - o espelho certo para se projectar.
O brilho dos meus olhos é apenas o reflexo dos teus..' é a coisa mais bonita, não de se dizer, mas de se sentir. E algumas são as pessoas que me fazem sentir isso a cada segundo, a cada olhar, a cada riso. 
Obrigado por serem o melhor reflexo do meu brilho.

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