Saímos cedo, pois de caminho ainda nos esperavam 2h em estrada de terra batida, apenas interrompida por pedaços de alcatrão, que tinham por vezes menos de 10 metros.
O objectivo era chegar a Massangulo, uma localidade um pouco isolada, onde existe uma grande missão, fundada pela Consolata, há nada mais, nada menos que, 101 anos.Pelas 9h, chegamos ao Santuário.
Foi uma agradável surpresa, chegar a esta missão, pois também eu aprendi imenso na consolata, nos anos de JMC, (jovens missionários da consolata), foram tempos em que ouvi muitos testemunhos de gente que partia e chegava constantemente e me deixava o peito incendiado com vontade de partir também.Os meus olhos brilhavam, ao ouvir as histórias, as aventuras, as dificuldades e vitórias de cada missionário.Vinham e todo o mundo.
Fiz grandes e eternos amigos, na Consolata,para a vida, tive muitos momentos em que pude olhar para dentro de mim, do que sou, em que pude parar, celebrar, festejar, partilhar, servir os outros pelo país fora e apaixonar-me pela missão.Foi aí que tudo começou, mais a sério.
No entanto sempre soube, que ali não me iriam enviar.Talvez por ser demasiado nova, talvez por ter ficado doente, mesmo nessa altura, talvez por sentir, que ali só partiam alguns e preferencialmente casais.
Os anos correram e eu fiz o meu caminho, e chego á conclusão que sempre chegamos onde temos que chegar.
Um dia um dos padres da Consolata, que vinha da Tanzânia, disse-me:"Rita, a nossa missão vai além de uma instituição, que nos envia, nós mesmos nos podemos enviar...querendo.Sentindo.Nada nos pode deter.Jamais."
Tenho tomado isto, como ensinamento e força para a minha vida.Até hoje, tem-se confirmado e tornado real de forma tão concreta, aquilo que me foi dito.Foi também inspirada pelas palavras do Beato Allamano, que eu fui crescendo e alimentando o desejo de partir.Mas antes de partir, fiz uma aprendizagem muito importante.Que o nosso tempo, não é o tempo das coisas que nos estão destinadas a viver.Que a altura certa para cada coisa, acaba por chegar...mais tarde ou mais cedo, ás vezes sem esperarmos.
Como agora a 2 meses e pouco de completar 30 anos, encontro-me em Moçambique a viver a minha missão, aquela que me estava confiada...aquela á qual não podia fugir, porque me iria encontrar, fosse como fosse.
Estive no local onde Allamano repousa, e pude agradecer-lhe a coragem que ele teve de fundar esta missão, este carisma.
Foi um dia bonito, cheio de cor e de sol, estava um calor como ainda não tinha sentido aqui.
A igreja estava cheia de gente, crianças por todo o lado, principalmente na parte superior onde estive algum tempo.As celebrações são autênticas festas, cantadas, dançadas, é muito bonito!
Os rostos deste dia, são os de todo o mundo.Colômbia, Coreia,Brasil,Argentina,Venezuela, Alemanha...gente que se uniu num continente onde falta muita coisa, para construir, avançar, edificar.
Uma missão fantástica a da Messangulo, erguida com esforço e sobre a qual podem ler mais aqui (Breve história da Missão de Massangulo).
Fico feliz por poder testemunhar o que muitos antes de mim fizeram com esforço, pessoas que arriscaram a vida, que sofreram muito, mas que cumpriram a sua missão, até ao fim.Afinal é isso que vimos fazer ao mundo!
Embora aquilo que eu faço seja quase nada, comparado com todos eles...aplica-se aqui a frase da Madre Teresa:
"Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota."
Então a minha gotinha, vai continuar a cair...e a gerar vida.
E como o sinto.
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