terça-feira, 6 de setembro de 2011

Massangulo - Santuário de Nossa Senhora da Consolata















































Saímos cedo, pois de caminho ainda nos esperavam 2h em estrada de terra batida, apenas interrompida por pedaços de alcatrão, que tinham por vezes menos de 10 metros.
O objectivo era chegar a Massangulo, uma localidade um pouco isolada, onde existe uma grande missão, fundada pela Consolata, há nada mais, nada menos que, 101 anos.Pelas 9h, chegamos ao Santuário.
Foi uma agradável surpresa, chegar a esta missão, pois também eu aprendi imenso na consolata, nos anos de JMC, (jovens missionários da consolata), foram tempos em que ouvi muitos testemunhos de gente que partia e chegava constantemente e me deixava o peito incendiado com vontade de partir também.Os meus olhos brilhavam, ao ouvir as histórias, as aventuras, as dificuldades e vitórias de cada missionário.Vinham e todo o mundo.
Fiz grandes e eternos amigos, na Consolata,para a vida, tive muitos momentos em que pude olhar para dentro de mim, do que sou, em que pude parar, celebrar, festejar, partilhar, servir os outros pelo país fora e apaixonar-me pela missão.Foi aí que tudo começou, mais a sério.
No entanto sempre soube, que ali não me iriam enviar.Talvez por ser demasiado nova, talvez por ter ficado doente, mesmo nessa altura, talvez por sentir, que ali só partiam alguns e preferencialmente casais.
Os anos correram e eu fiz o meu caminho, e chego á conclusão que sempre chegamos onde temos que chegar.
Um dia um dos padres da Consolata, que vinha da Tanzânia, disse-me:"Rita, a nossa missão vai além de uma instituição, que nos envia, nós mesmos nos podemos enviar...querendo.Sentindo.Nada nos pode deter.Jamais."
Tenho tomado isto, como ensinamento e força para a minha vida.Até hoje, tem-se confirmado e tornado real de forma tão concreta, aquilo que me foi dito.Foi também inspirada pelas palavras do Beato Allamano, que eu fui crescendo e alimentando o desejo de partir.Mas antes de partir, fiz uma aprendizagem muito importante.Que o nosso tempo, não é o tempo das coisas que nos estão destinadas a viver.Que a altura certa para cada coisa, acaba por chegar...mais tarde ou mais cedo, ás vezes sem esperarmos.
Como agora a 2 meses e pouco de completar 30 anos, encontro-me em Moçambique a viver a minha missão, aquela que me estava confiada...aquela á qual não podia fugir, porque me iria encontrar, fosse como fosse.
Estive no local onde Allamano repousa, e pude agradecer-lhe a coragem que ele teve de fundar esta missão, este carisma.
Foi um dia bonito, cheio de cor e de sol, estava um calor como ainda não tinha sentido aqui.
A igreja estava cheia de gente, crianças por todo o lado, principalmente na parte superior onde estive algum tempo.As celebrações são autênticas festas, cantadas, dançadas, é muito bonito!
Os rostos deste dia, são os de todo o mundo.Colômbia, Coreia,Brasil,Argentina,Venezuela, Alemanha...gente que se uniu num continente onde falta muita coisa, para construir, avançar, edificar.
Uma missão fantástica a da Messangulo, erguida com esforço e sobre a qual podem ler mais aqui (Breve história da Missão de Massangulo).
Fico feliz por poder testemunhar o que muitos antes de mim fizeram com esforço, pessoas que arriscaram a vida, que sofreram muito, mas que cumpriram a sua missão, até ao fim.Afinal é isso que vimos fazer ao mundo!
Embora aquilo que eu faço seja quase nada, comparado com todos eles...aplica-se aqui a frase da Madre Teresa:
"Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota."
Então a minha gotinha, vai continuar a cair...e a gerar vida.
E como o sinto.


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