sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

 Palavras para ti.


Sabes Pai, vinha no caminho já a pensar como gostava te dizer tudo o que se passa  na minha cabeça e coração...tudo o que senti estes dois dias em que não parei, não dormi e mal comi ...mas é que tu agora já podes saber. 
Hoje, tinha vontade de te mostrar a tua vila, mais uma vez,mesmo estando tudo na mesma, mesmo a vista sendo sempre igual.Aquela vila, onde sempre quiseste repousar um dia, agora aí estás tu...virado para um mar verde imenso a perder de vista.Quando entrei nela, senti que estavas a chegar a casa.





Eu vim a tempo,Pai. E tu também foste a tempo de ver que, depois do gelo que sentimos durante estes dois dias, os nossos corações estão quentes, com tanto carinho que recebemos de ti e por ti... e fico contente, porque em vez de cimento e betão á tua volta, ficas agora virado para o horizonte,acariciado por assim dizer, debaixo desta chuva que faz os campos verdes.
Ainda que o teu corpo esteja longe de  mim,e isso me custe muito, eu sei que agora estás aqui ao meu lado a ver todos os meus movimentos e a sorrir, sem dores, sem sofrimento e a guiar os meus passos, como só tu sabes.Só terei que me habituar.E ainda espero, que me chames a qualquer instante do teu quarto.

Sabes pai, o ano de 2010 ainda agora começou, mas só agora se fecha esta etapa e eu quero acreditar nela, com esperança e alento.Vamos ter muitas saudades tuas, mas o que tu tinhas agora já não se chamava vida e feria-nos tanto não te poder ajudar. Falei contigo hoje em pensamento, em todos os momentos,porque tenho a certeza que, onde estás, nos possas ouvir. 
Já não sei dizer se isto foi tudo de repente ou se demorou tempo demais, mas sei dizer que isto foi o fim  merecido, dum pesadelo que já vínhamos a aguentar há meses: as mesmas pessoas à volta da cama, o mesmo cheiro a hospital, os mesmos acordares para um dia que desejávamos não existir, as mesmas dores. 
Só está é tanto frio Pai, e é como se a chuva estivesse cá para marcar o dia - como se pudéssemos esquecer e o dia chorasse connosco.
Sinto que o grande Navio, chegou ao seu porto e eu vim entregá-lo, depois de o ter cuidado...durante todo este tempo.O mar chama-me, e o Navio fica no seu Porto a descansar, depois de meses e anos a enfrentar a força da natureza.

Vou ter saudades tuas, Pai e não quero aqui falar das coisas tão boas de que me lembro, porque o mais certo é regressarem as lágrimas e elas recolheram há alguns isntantes.Terei tempo de o fazer...a vida inteira.Recordar-te docemente.
E se me contenho, e se agora me acalmo, é porque desde há meses atrás que acredito que vocês que partem, se escondem num sítio secreto,belo de nome, céu ou paraíso, onde vão ficar para sempre, esperando também por nós.
Até um dia... sei que esperas por mim.
Irei abraçar-te.


P.s-Tenho ainda nos meus lábios o gelo, de te ter beijado a testa, estão dormentes, os meus lábios, mas como podia eu não te dar um último beijo?



3 comentários:

Cat@ disse...

Meu amor, as palavras que te possa dizer agora serão sempre ocas. Ah como eu queria estar desse lado, a teu lado, como te tinha prometido que estaria.. Ah como te queria abraçar... Aqui deste lado do mundo, unimo-nos a ti e a ele, para que descanse em paz. De certeza que onde estiver, estara a sorrir para ti. Hoje vamos ligar-te de novo.
Aqui, sempre junto de ti meu anjo...

Anónimo disse...

Rita, só hoje soube do falecimento do teu pai e aqui estou para te dizer que lamento profundamente a sua partida. Um grande beijo para ti, mãe e irmã.

Isabel Rodrigues ( Reviver )

Fátima disse...

Esta leitura recordou-me de ti:

"E se nós temos esperança em Cristo apenas para esta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.
Mas não! Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram."

O teu pai está bem, junto d'Ele :)

Um grande abraço!

Fátima Eusébio