Ontem saímos para ver um espetáculo de teatro forum na rua da Alegria.
O namorado da Clara o Gil, trabalha como animador, num bairro social do Porto e convidou-nos para ver um espetáculo muito especial, feito por jovens adolescentes e onde foi possivel debater muitas coisas.É bom ver que as pessoas se movem, lutam por um mundo melhor, querem entre si, nos seus núcleos, crescer e agir correctamente.Passei a noite a sorrir...e com mais vontade de apoiar sempre os que são mais vulneráveis.
A música era feita com palmas e canos de plástico, com o corpo e ritmo do coração.
Depois e porque a chuva começou a cair e o vento a soprar,fizémos o que se pode fazer de melhor nestes casos.Compramos chocolate, fomos para casa, deixámos os ténis na entrada, pusemos o chocolate em banho maria, e deixámo-nos ficar no aconchego do Lar.
Aos poucos começo a despedir-me de tudo aqui, já era algo tão familiar, entrar em casa e fazer as coisas que realmente nos aptecem.Acho que nestes dias a Gnoma, me permitiu e se permitiu a sermos como míudas novamente, que caem no chão a rir, que ficam no sofá até ás tantas a ver videos para rir e que quase vão ás lágrimas de tanto rir.Miúdas que dançam pela casa todas as músicas do mundo.Míudas como na fotografia que está na sala, lembrando o dia em que nos conhecemos na semana missionária em Almeida, faz 8 anos.O que mudou?Nada, continuamos as mesmas sonhadoras, aventureiras e sabemos exactamente o que precisamos para ser felizes.Quase nada.E a Gnoma sabe bem que esta minha partida em breve é apenas um continuar de uma missão que começámos juntas em Almeida, naquela páscoa.Antes mesmo de me dizerem alguma coisa do projecto, ela de tanto querer, já sabia que eu iria.Tal como acreditou que eu iria vencer a morte, sem nunca duvidar.
Se há pessoa que me conhece bem é ela e por isso estes dias o silêncio entre nós não pesou e os dias que não quis sair de casa e ficar triste, ela aceitou e em vez de me dizer para arrebitar, cozinhou, e deixou-se ficar ao meu lado,também em pijama, para o que fosse preciso.Não me disse para não chorar e que ia ficar tudo bem e que se precisasse de alguma coisa dissesse (apenas por dizer).O que realmente precisei ela soube dar-me.Espaço.Nos dias que estivemos fora, andámos sempre por onde a estrada nos levava...e por isso nos surpreendemos tanto.Porque não há ninguém com quem goste tanto de me perder e de me rir, de divagar sobre o mundo, de ver magia, como com ela.
Como uma irmã deveria fazer.E fá-lo muito bem.
Sim isto é uma pré-nostalgia.E sentimos nostalgia, quando as coisas foram muito boas.Estes dias,não resolveram todos os meus problemas, mas amenizaram os que existem e deram fôlego aos sonhos que trago.
E se cheguei ao Porto com uma dor gigante no peito,e muitas perguntas, vou daqui com uma dor muito mais pequena e com uma esperança renovada, certa de que o futuro como aliás sempre acreditei, me vai sorrir como eu sempre sorri para ele, mesmo em dias cinzentos.
O chocolate quente...foi apenas como um celebrar daquilo que já estava escrito, mas eu ainda não tinha lido.
Agora aproveito os últimos momentos...e por isso vou dormir mais um bocadinho que hoje é sábado, chove a potes e ainda é cedo.
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