segunda-feira, 27 de abril de 2009


Um dia perfeito!
















Como descrever um dia tão perfeito, esperado por ambos, um dia diferente?
Acordei feliz, e preparei este dia com cuidado, para que nada falhasse.Ele merecia-o.
Quando cheguei ao Telhal, pelo 12h, o Deodato já estava pronto, mais que pronto, depois de ter passado a missa toda a sair a entrar da igreja, segundo me disseram, para ver se eu chegava.

Depois de eu ter a devida autorização do enfermeiro e a medicação, assim fomos nós.
Era dia de passar o portão de carro e não olhar para trás, era dia de o passar porque podia, e essa liberdade e alegria nele fez-se sentir, tal como em nós!
O caminho até minha casa, foi feito com música, que ele gosta de ouvir alto, o braço de fora da janela e no banco da frente lá ia vendo o mundo...as pessoas, que se moviam lá fora.
A chegada deu-se com ansiedade, chegou ao meu 3º andar, num instante, ao contrário de mim, e bateu á porta e entrou dando de caras com o meu pai, e foi logo um abraço daqueles calorosos, á Deodato!Acompanhado da pergunta:"Migo, então migo?ooh migo!estás bom?"
O meu pai emocionou-se logo, pelo carinho com que ele o fez, a forma doce e espontânea.
Depois, quis logo ajudar na cozinha, e chamava a minha mãe de mãe.Correu a casa toda, para ver tudo, desde as varandas á dispensa e dizia que era bonita, mas que a dele também era linda, e é.
O almoço começou por fim, e para ele tudo estava bom...muito bom!Comentava as noticias na televisão, fazia perguntas aos meus pais, rimos muito com a pureza dele, com a forma de estar, as expressões faciais...que tanto dizem do que sente.Ele é tão transparente.
Aquele almoço, soube-me muito bem, por ter o Deodato ali mesmo ao meu lado, por sentir que ele sentiu que éramos também a sua família, porque queremos.E para ele a mãe já era a mãe e o pai o pai.Todos amigos, porque sim.
Acabado o almoço, bebeu o seu café e quis ver muitas fotografias minhas quando era pequenina, e ria-se, porque eu era magra, segundo ele...e ali esteve com a minha mãe,os dois á conversa.
Uma conversa ou um diálogo que nem sempre se entende, que é breve, que é simples, mas que vale bem mais que muitos diálogos que temos, por aí, com palavras caras, elaborados...mas que espremendo, não tiramos nada.
Depois, resolvi pôr música, e foi a loucura, ele fartou-se de dançar no meu quarto, pelo corredor...e até falámos na net, pela web, com algumas pessoas, que estavam longe...foi uma festa!
No meio disto tudo, entrava 1000 x no quarto do meu pai, para lhe perguntar se estava bem?Depois voltava a sair, ia á cozinha e dizia: "Olá Mãe!!"...a minha mãe sorria e ele lá vinha para ao pé de mim.
Delirou, quando o meu pai lhe deu uma gravata, porque ele gosta muito, tirou logo a que trazia e pôs aquela, muito contente.
Depois pediu para ir dar um volta, pois quem corre o Telhal todos os dias, não gosta de estar fechado num andar, e lá decidimos ir até á praia grande arejar...e fomos.A despedida dos meus pais foi com emoção, que o adoraram.
A alegria dele era tanta, que bateu palmas quando viu o mar...surgir lá ao fundo.Ali ficámos, frente ao mar, a admirar a sua grandeza e a divagar...mas as 18h, aproximavam-se e tínhamos que voltar ao Telhal.
Assim se deu o regresso, sempre muito alegres, e o Deodato nas suas saídas únicas e genuínas.
Via nos seus olhos a alegria de um dia diferente.E por incrível que pareça, nenhuma tristeza por ter que voltar a sua casa, o que é bom, porque é feliz no Telhal.
Este dia, foi um dia de lições para mim, um dia de muita alegria e ver alguém feliz, fez outros tantos felizes.
















Alguém me dizia, uns dias antes...se não seria perigoso, tirá-lo do seu ambiente...e eu respondo, que o perigo está em todo o lado, menos numa alma como esta...pura.
Aprendi que a diferença não ocupa lugar se assim quisermos e transformarmos tudo isso em Amor.Que quero sempre estar rodeada de seres únicos, simples, verdadeiros...que me ensinam algo que nunca poderia aprender cá fora.E ensinam-no da forma mais simples, que existe.Com amor.Com o coração nas mãos.Sem grandes rodeios.Porque se assim fosse não faria sentido, como aliás nunca faz.
Obrigado ao Deodato, por ser quem é, como é, por nos desarmar no seu jeito doce.
Obrigado aos meus pais, por o acolherem e o tratarem com tanto carinho.Sinto que mexeu com os meus pais, quando os vi de lágrimas nos olhos a despedir-se do Deodato.Obrigado ao Bruno, que nos acompanhou e foi testemunha de tantos bons momentos deste dia, sem ele não seria tão perfeito...inesquecível.
Se pudesse, faria isto sempre, com mais doentes, mas de facto, não pode ser sempre e eles são muitos.Mas é bom para eles e para quem os recebe.No entanto o meu trabalho no Telhal continua, semana a semana.
Do nada ao pouco, prefiro fazer pouco, mas fazer algo!














Porque para Deus, uma Só alma, vale mais do que tudo o que existe...



1 comentário:

ZÉLIA disse...

MAIS UMA VEZ SEM PALVRAS....

A MISSÃO COMEÇA ONDE ESTAMOS...

AMO TE SIMPLESMENTE ISSO......OBRIGADO POR TUDO AQUILO QUE ENSINAS AO MUNDO.....

BJS