terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Começo da Semana






Uma 2a feira chuvosa disse-me bom dia, na janela, mal me levantei.
Saio de casa 8h, desço a rua, música nos ouvidos.Vislumbro ao longe, um rapaz, encostado á parede, tem a mão no peito e a cara é de dor.
Eu avanço e conforme me aproximo, vejo que está mesmo a sentir-se mal.
Desligo a música e pergunto-lhe se precisa de ajuda?Ele apenas diz que lhe dói o braço e o peito e deixa-se escorregar, pela parede.As pessoas vão parando, e eu imediatamente ligo para o 112, e peço uma ambulância.
Estive 10 minutos ao telefone, primeiro com uma secretária, a quem expliquei tudo, depois um enfermeiro, e por fim um médico, que me fez 1000 perguntas, que eu tive a custo que arrancar as respostas do rapaz, que se contorcia com dores no chão.Perguntas como: toma medicação?tem alguma doença crónica? está lúcido?que idade aparenta ter?qual o braço que lhe dói?etc,etc,etc...Por fim perguntei, se demorariam a chegar e se me podiam precisar o tempo, não adiantaram nada.
Passado outros 10 minutos, chegaram.Ou seja, 10 minutos, ao telefone, mais 10 min de espera, são 20 minutos, para alguém que está provávelmente a ter um ataque de coração, é muito.
É demais.
Pronto eu entendo que seja importante saberem tudo isso, mas uma pessoa no chão com dores no braço e no peito, remete-nos para o coração, logo...e isso requer rapidez.
Vi as coisas muito mal paradas...á medida que as pessoas chegavam iam ficando congeladas, perante tal cena, um rapaz novo, pelos seus 20 anos, a contorcer-se no chão e a gritar com dores, a bater no peito, e a ficar vermelho.Podia ser qualquer um de nós.Mais uma vez, o valor da vida e de cada dia, ficou sublinhado no meu ser.
Segui o meu trajecto diário, com o meu coração apertado.E rezei para que ele ficasse bem.
Não sei o nome dele, de onde é, mas gostava de saber como ficou?Pensei nele o dia todo.Afinal não é todos os dias, que nos deparamos com algo assim, e eu fui a primeira pessoa no seu caminho a aperceber-me de que ele não estava bem.

O dia avançou,saí do trabalho parei no cruzeiro e entrei na Igreja, onde tive um diálogo vivo, com um amigo.Onde percebi mais uma vez, que o caminho a seguir, não será o que eu quiser, mas o que ele quiser.
A igreja deserta, apenas o som da chuva lá fora, e o meu silêncio, lá dentro.
Saí caminhando pensativa e ao fim ao fim da tarde, parei para um café no Starbucks com um amigo, em Belém,local agradável,pacato... a chuva continuava, miudinha e dispersa na janela.
Hora de jantar e eu ainda fora de casa, rumo ao aeroporto, para me despedir da Ana, que partiu hoje para Moçambique, em Missão.Mais umas mãos para servir.
Abraçei a Catarrrina=)
Regressei eram 22h, com chuva ainda mais forte.
E o meu coração,vivo.
Até amanhã.

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