terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Um caminho, dois sentidos?



















De tantas vezes fazer o caminho, já o sei de cor.
Sei o tempo que me leva a chegar a onde me sinto em casa, sair na mesma paragem e carregar a alegria comigo até aí. Posso não saber quantos degraus preciso subir no metro, mas conheço o barulho da tua porta a abrir e a maneira como afundas a tua cabeça no meu colo, enrolado como um embrião. De tantas vezes o repetir enquanto o percorro mentalmente, sei o teu riso de cor, a maneira como os teus olhos fechados o denunciam, a tua expressão a rasgar-se num sorriso à minha frente. Somos um espelho de uma amizade tão bela, que não sabemos dizer, nem fazer mais nada do que viver com alma, que trocamos os nervos por gargalhadas matinais quando faltam apenas cinco minutos para o sol nascer e se fazer dia.São horas, digo-te eu...de ir dormir.
E tu, como que antecipando o vazio que aí vem, começas o dia com uma oração que partilhamos. Mas antes é tão cedo e podes sentar-te no sofá junto da janela com chuva a escorrer, e pensar o mundo e eu faço-te companhia. E ainda me podes tentar mostrar a tua vida antes de mim, em minutos escassos, atravessados pelas tuas pausas e pela maneira como tudo faz sentido.É contigo que isto me acontece, esta sensação de flutuar sobre todas as coisas supérfluas, esta vontade de "devorar" o Mundo, esta sensação de que não existe mais nada a seguir.
Só que, tendo procurado, ainda não sei onde estás.
Mas tu sabes onde eu estou e isso, de alguma maneira, sossega-me.
Eu vou e ás vezes tu vens.
O caminho é o mesmo e os sentidos não podem ser contrários.
Aqui.

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá Ritinha! Adorei mais esta "partilha", a de hoje... Muito obrigada! Fica bem! 1 beijinho e 1 abraço*